A primeira escalada do Everest
Edmund Hillary (Tuakau, 20 de julho de 1919 – Auckland, 10 de janeiro de 2008), alpinista e explorador neozelandês que, juntamente com o guia sherpa Tenzing Norgay, atingiu pela primeira vez na história o cume do Everest, a montanha mais alta do mundo.
A façanha, ocorrida em 1953, é uma das mais notáveis do século 20. Depois, Hillary viria a realizar outras proezas, para além do alpinismo – ele praticamente escalou todos os picos do Himalaia, a cadeia do Everest.
Entre 1957 e 1958, participou de uma equipe britânica que alcançou o Pólo Sul pela primeira vez desde 1911. Em 1985, embarcou num bimotor, ao lado do astronauta Neil Armstrong, para o Pólo Norte.
Tornou-se, assim, o primeiro homem a alcançar três extremos da Terra – o ponto mais alto e os dois pólos. Hillary, que descreveu suas aventuras em treze livros, foi embaixador no Nepal, na Índia e em Bangladesh e criou uma fundação voltada para ações humanitárias no Himalaia.
Edmund Hillary faleceu em 10 de janeiro de 2008, aos 88 anos, de parada cardíaca, em Auckland, na Nova Zelândia.
(Fonte: Veja, 16 de janeiro de 2008 – Ano 41 – N° 2 – Edição 2043 – DATAS – Pág: 63)
1953: Concluída a primeira escalada do Everest
Em 29 de maio de 1953, o neozelandês Edmund Hillary e seu guia nepalês Tenzing Norgay são os primeiros a atingir o cume do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros acima do nível do mar.
“A barreira decisiva antes do pico era um paredão superliso de 25 metros, quase sem possibilidades de apoio. Escolheram, então, o lado leste, onde havia uma enorme massa de neve. Hillary foi primeiro, enquanto Tensing garantia a segurança do terreno. Os minutos pareciam durar dias. Também os joelhos e ombros tinham que ajudar braços e pernas a puxar o corpo para cima, tão difíceis eram os movimentos naquela altura. Foi uma luta contra o tempo e contra o fim do oxigênio. De repente, Hillary constatou que não dava mais para subir, o pico tinha chegado ao fim. A partir dali, só dava para descer novamente. Foi quando ele e seu guia se abraçaram na montanha mais alta do mundo.”
Assim o alpinista austríaco Peter Habeler narra a aventura de Hillary e Norgay. Pela primeira vez, em 29 de maio de 1953, era derrotado o gigante do Himalaia. Uma vitória do ser humano, depois de mais de 30 anos de tentativas fracassadas e muitas mortes. Vinte e cinco anos mais tarde, o próprio Habeler e Reinhold Messner conquistaram outra façanha: escalaram o Everest sem máscaras de oxigênio.
Ao retornar ao seu meio depois da grande aventura, Hillary confessou não ter ficado muito emocionado. “Estávamos cansados, isso sim, não sabíamos como aguentar a volta, mas ao mesmo tempo fui tomado de uma imensa paz interior. Eu me perguntava por que tivemos aquela enorme sorte, se outros melhor capacitados não conseguiam”, afirmou o neozelandês.
Desde a década de 1920, muitas expedições, principalmente inglesas, haviam tentado concluir a escalada do Everest e das outras 13 montanhas com mais de 8 mil metros de altura. O ponto mais difícil da escalada vem depois dos 7.600 metros, quando a temperatura fica muito baixa e o ar, muito rarefeito. Hoje, os nativos lamentam que a montanha mais alta do mundo, que chamam de “Casa dos Deuses”, seja tão profanada e poluída. Pessoas com pouca experiência em alpinismo gastam fortunas para arriscar não só as suas vidas, como também a dos guias para chegar ao “teto do mundo”.
Continua controvertido, no entanto, se outra dupla não teria alcançado o pico antes de Hillary. Em 1924, os ingleses George Mallory e Andrew Irvine fora vistos pela última vez a 8.600 metros de altura. Em 1933, foi encontrada uma ferramenta deles. E em 1998, alpinistas norte-americanos encontraram o cadáver de Mallory. O de Irvine continua desaparecido. Eles teriam atingido o pico mais alto do mundo 29 anos antes de Hillary? A câmera fotográfica de Mallory, que certamente teria registrado este momento, jamais foi encontrada. Messner, porém, afirma que não: segundo ele, naquela época ainda não era possível escalar o paredão liso abaixo do pico, hoje batizado Edmund Hillary.