Eli Katz, conhecido pelo pseudônimo Gil Kane, o homem que mudou a maneira de desenhar super-heróis

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Eli Katz (Letônia, 6 de abril de 1926 – Miami, 31 de janeiro de 2000), mais conhecido por seu pseudônimo Gil Kane, o homem que mudou a maneira de desenhar super-heróis.

Gil Kane nasceu em 06 de abril de 1926 em Riga, Letônia. Desenhista que, ao lado do editor Julius Schwartz e do roteirista John Broome, criou o Lanterna Verde da “Era de Prata”, publicado pela primeira vez em 1959. Gil Kane se destacou em sua carreira por ter desenvolvido um estilo que aliava um extraordinário conhecimento de anatomia a ângulos ousados e ênfase nos gestos e nas expressões faciais, acrescentando grande dramaticidade às personagens. Seu nome verdadeiro era Eli Katz, nasceu na Letônia, pequeno país europeu que faz divisa com a Rússia, e logo mudou-se com a família para os Estados Unidos.

Enquanto crescia na cidade de Nova Iorque, o garoto que viria a ser conhecido como Gil Kane apaixonou-se pelas histórias em quadrinhos publicadas nos jornais, especialmente as séries de aventuras desenhadas pelos seus ídolos Alex Raymond (Flash Gordon), Hal Foster (Príncipe Valente) e Milton Caniff (Terry e os piratas). Ainda adolescente, ele já estava trabalhando no ramo das revistas em quadrinhos, tanto como freelance quanto como empregado nos estúdios de Jack Binder (irmão de Otto Binder, principal roteirista das primeiras aventuras do Capitão Marvel original) e de Bernard Baily (o primeiro desenhista do Espectro).

No final da década de 1950 e início da década de 1960, quando Julius Scwartz, editor da DC, resolveu publicar novas versões de super-heróis da editora, Kane foi um dos artistas mais requisitados. Ao desenhar as aventuras do Lanterna Verde Hal Jordan, Kane simplesmente revolucionou a maneira de se desenhar histórias de super-heróis, ou melhor, a maneira de se desenhar super-heróis voando: usando seu enorme conhecimento de anatomia, Kane sempre desenhava o Lanterna Verde voando em poses elegantes, que mais lembravam os movimentos de um nadador, e sempre com os cabelos do herói acompanhando a direção do vento. O design do uniforme do herói também foi criado por Kane e permanece sendo um dos mais belos já criados. Numa entrevista Kane comentou: “Eu comecei usando as linhas do corpo como base para o uniforme, não apenas colocando umas roupas apertadas e uma inicial no peito”. Na mesma época, Kane também foi o principal desenhista das aventuras do Elektron, outro super-herói da DC, escritas pelo roteirista Gardner Fox.

Na década de 1970, Kane passou a trabalhar para a principal concorrente da DC, a Marvel Comics, onde se destacou ao ocupar o posto de desenhista do Homem-Aranha. Mais uma vez, Kane mostrou-se inovador ao desenhar o herói em ângulos impensáveis para desenhistas com um menor conhecimento de anatomia e de perspectiva. Durante sua passagem pelas aventuras do aracnídeo, Kane criou o design de outro personagem de forte impacto visual, mas desta vez, de um super-vilão: Morbius, o Vampiro Vivo. A forte carga dramática que Kane imprimia às expressões de suas personagens ajudaram a tornar ainda mais inesquecível uma das mais clássicas histórias do Homem-Aranha: O dia em que Gwen Stacy morreu, história escrita por Gerry Conway que mostra a namorada do herói sendo assassinada pelo seu arquinimigo, o Duende Verde. Para quem leu esta história é impossível esquecer a expressão de insanidade do vilão e o olhar de ódio de um Peter Parker enfurecido com a morte de sua amada. Além do Homem-Aranha, Kane desenhou outros heróis da editora como, por exemplo, Adam Warlock e Kazar. O artista também foi um dos principais capistas da editora na época.

Outro gênero em que Kane se destacou foi o de espada e magia, tendo desenhado para a Marvel várias histórias de Conan, o bárbaro e até criado seu próprio herói: Shane , o guerreiro loiro, cujas aventuras forma publicadas no Brasil em alguns números da revista A Espada Selvagem de Conan.

Além do trabalho em gibis, Kane desenhou algumas tiras para jornais: uma série de ficção científica intitulada Star Hawks, que estreou em 1977 e durou quatro anos, escrita por Archie Goodwin , e na mesma época, durante algum tempo, as tiras de Tarzan.

No início da década de 1980, Kane voltou a trabalhar para a DC, desenhando algumas edições anuais de Superman, a minissérie Sword of the Atom, estrelada pelo mesmo Elektron que havia desenhado décadas antes, e algumas capas. Foi justamente uma história desenhada por Kane que mostra o Homem de Aço enfrentando Brainiac a escolhida para abrir o primeiríssimo número da revista Super-Homem, o primeiro título publicado pela Editora Abril com personagens da DC, lançado em 1984. Em meados da mesma década, Kane começou a trabalhar na produção de desenhos animados para a televisão, fazendo design de personagens para uma série de desenhos animados do Super-Homem para a Ruby-Spears, a mesma produtora dos desenhos do Bicudo, o lobisomem. Ainda trabalhando para a DC, Kane mostrou que estava com o lápis em plena forma ao desenhar uma minissérie publicada em 1989 que adaptava para os quadrinhos a ópera O Anel dos Nibelungos, obra do compositor alemão Wagner.

Em fevereiro de 2000, Gil Kane faleceu em decorrência de um câncer, mas pouco antes disso ainda estava na ativa desenhando quadrinhos para a DC. Um desses últimos trabalhos foi publicado postumamente: uma aventura conjunta do Lanterna Verde e do Elektron que saiu no número 28 da revista Legends of DC Universe. O roteirista britânico Alan Moore homenageou o artista batizando de Kane uma de suas personagens.

(Fonte: http://quadrinhosaoquadrado.blogspot.com.br/2005/12 – Túlio Vilela – DECEMBER 12, 2005)

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