Legado do compositor inspira toda a musicalidade de São Luiz do Paraitinga
Elpídio dos Santos (1909-1970), é um ícone da música caipira paulista, ficou conhecido como o autor de 27 canções para os filmes de Mazzaropi
Dentre as cerca de mil composições que deixou (a família ainda não catalogou todas), há choro, valsa, marchinha, dobrado, maxixe, samba, cateretê, música para crianças e outros gêneros, que ele tocava nas praças, em festas.
Filho de um maestro de banda do interior, Elpídio “nasceu músico”, tocava 22 instrumentos, mas procurou se aperfeiçoar, estudando em São Paulo, onde se diplomou.
Até se aposentar como bancário, quando voltou com a família a São Luiz, Elpídio nunca viveu de música. Mas acabou aceitando o convite para dar aulas em Taubaté, quando Pedro Camargo, pai de Hebe Camargo, fundou uma escola de música. Deixou a fama de professor exemplar.
Elpídio dos Santos nasceu em São Luiz do Paraitinga, em 14 de janeiro de 1909. Seu pai, Benedito Alves, era maestro da Banda Santa Cecília, na mesma cidade. Foi nesse ambiente saudavelmente contaminado pela música, que Elpídio dos Santos passou a infância e começou a descobrir o gosto pelas harmonias, ritmos e melodias.
Passou em São Luiz do Paraitinga a adolescência e a primeira juventude. Trabalhou como apontador de jogo do bicho, foi funcionário de cartório e, mais tarde, ingressou na agência local no antigo Banco Vale do Paraíba. Mas a música já estava definitivamente incorporada em sua vida. Cedo elegeu o violão como seu instrumento preferido, embora tocasse com destreza todos os instrumentos de corda e de sopro.
Nessa época já era querido na cidade, por seu bom coração e pela qualidade de suas composições. Suas músicas eram executadas pelo coro da Igreja Matriz, nas escolas em que também foi professor, pelas bandas, nos teatros e nas reuniões sociais.
À São Luiz do Paraitinga que inspirou seu talento, retribuiu com sua poesia e uma obra musical da melhor qualidade. Foi nessa cidade que conheceu Mazzaropi, então um ilustre desconhecido que viera se apresentar em um circo. Depois do primeiro espetáculo, Elpídio dos Santos tocou violão a noite toda e, a partir dali, ficaram amigos até a morte. Quando Mazzaropi começou a produzir seus filmes, chamou Elpídio para encarregar-se das trilhas sonoras.
Elpídio se casou com Cinira Pereira dos Santos e transferiu-se para São Paulo, convocado pelo banco que agora se denominava Banco Novo Mundo. Apesar de trabalhar em período integral, não parou de compor nem de dar aulas de violão. Em São Paulo, ainda teve tempo de estudar na Escola Paulista de Canto Orfeônico.
Elpídio faleceu em 3 de setembro de 1970, deixando mais de mil composições todas catalogadas e preservadas pela família.
Além de Mazzaropi, parte de sua obra foi gravada por mais de 50 cantores consagrados no seu tempo, como Cascatinha e Inhana, Titulares do Ritmo, Elza Laranjeira, Irmãs Galvão, Dircinha Costa, Tonico e Tinoco, Nonô e Naná, Duo Brasil Moreno. Mas recentemente gravaram músicas suas Fafá de Belém, Sérgio Reis, Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Vanusa, Dercio Marques, Mato Grosso e Matias, entre outros.
Você Vai Gostar (Casinha Branca) é sua composição mais famosa, com mais de 30 gravações. Entre outros clássicos, compôs Rede de Taboa (Ranchinho Brasileiro), grande sucesso com Cascatinha e Inhana em 1958, Cai Sereno e Dona do Salão (que o grupo Paranga popularizou em meio à geração jovem nos anos 80) e A Dor da Saudade, regravada por Suzana Salles, Ivan Vilela e Lenine Santos e mais recentemente por Oswaldinho e Marisa Viana no belo CD Viva Elpídio!.
(Fonte: www.museumazzaropi.com.br)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL/ Lauro Lisboa Garcia, SÃO LUIZ DO PARAITINGA, O Estadao de S.Paulo – 21 Setembro 2009)