O PRIMEIRO SATÉLITE
No início de outubro de 1957, Fernando de Mendonça e Júlio Alberto Coutinho, estudantes do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos, São Paulo, estavam entusiasmados. Iam participar de um espetacular projeto da marinha americana, o Vanguard, cujo objetivo era pôr em órbita o primeiro satélite construído pelo homem.
Fernando (14 anos depois se tornaria o primeiro diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, também em São José dos Campos). Ele e Júlio estavam empenhados em construir um receptor para receber sinais do primeiro satélite a entrar em órbita. Que eles, como o resto do mundo achavam que seria americano.
Mas, então, veio a surpresa: no dia 4 de outubro, passando na frente dos americanos, a União Soviética pôs em órbita o Sputnik, o primeiro satélite artificial. Era uma simples esfera de alumínio, de 58 centímetros de diâmetro e 84 quilos, voando a 900 quilômetros de altitude. Suas mensagens não iam além de um contínuo bip-bip. Quanto ao Vanguard, acabou sendo abandonado.
Com toda a simplicidade, o Sputnik espantou o mundo. Provou que o homem podia voar no espaço. E com tecnologia russa, o que parecia ainda mais inesperado. Só não se admiram homens como Sergei Korolev, genial e visionário cientista que desde o começo dos anos 50 defendia a viabilidade do programa espacial soviético. Para ele e sua equipe, que trabalhavam numa base no meio da Sibéria, o grande feito era conseqüência lógica dos esforços de vários outros pioneiros, como Konstantin Tsiolkovsky.
Seja como for, o precursor dos Intelsats, Iridiums e Shuttles mergulhou a União Soviética e os Estados Unidos numa aventura emocionante e arriscada. A corrida espacial, prolongando-se pelas décadas seguintes, não tevês vencedores. Mas a humanidade, com certeza saiu ganhando.
(Fonte: Super Interessante MAIO 1994 ANO 9 Nº 5 Pág:34/35/36)