EPIGRAMAS FUNERÁRIOS
1
O grande homem, por maior que seja, cabe sempre em cova bem pequena.
2
Aqui estou mas não sou.
3
Em vida fui estéril: Agora de mim nascem flores.
6
Se gravarem nesta estela uma estrela eu me iluminarei dela.
7
Não chorem por mim aqui. Antes o fizessem quando errei por aí.
8
Morri virgem e bela do amor nada provei.
Até agora não sei se foi acerto ou erro guardar-me intocada para o nada.
9
Tanto supliquei pela morte que afinal a conquistei.
Falta agora última benesse, a principal:
o esquecimento total, para a morte cabal.
10
Para que se torne nosso lar, doce lar em sossego, ao cemitério devia ser proibida a entrada de vivos.
11
Não me pensem triste por estar aqui.
Mais triste eu era ao andar pela terra.
12
Em vez do tálamo o leito sepulcral. Envolve-me lençol exangue sem mancha de sangue.
(Fonte: Ano 5 – Nº30 – Janeiro/Fevereiro 2009 – antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/Rio de Janeiro)