Erich Heckel, pintor e ilustrador alemão, um dos primeiros impressionistas alemães, juntamente com Ernst Ludwig Kirchner e Karl Schmitt Rottluff fundou a comunidade de artistas Die Briicke (a Ponte) em Dresden

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ERICH HECKEL; EXPRESSIONISTA

 

Erich Heckel (Mein, Saxônia, 31 de julho de 1883 – Radolfzell, 27 de janeiro de 1970), pintor e ilustrador alemão, pioneiro do grupo Die Brücke (A Ponte) – o verdadeiro eixo central dessa corrente artística que tomou o nome genérico do Expressionismo, considerado um dos mais importantes representantes do expressionismo alemão, que se tornou conhecido, por seu valor artístico e pela oposição ao nazismo.

Heckel, um dos primeiros impressionistas alemães, criou aos 22 anos com mais três amigos o grupo Die Brücke, ainda em Dresden, e mais tarde transferiu-se para Berlim. É no grupo Die Brücke que se origina o Expressionismo, e esse grupo tem suas raízes na associação de quatro artistas, quatro estudantes de Arquitetura de Dresden que a certa altura, em 7 de junho de 1905, decidiram dedicar-se integralmente à arte.

Juntamente com Ernst Ludwig Kirchner e Karl Schmitt Rottluff fundou a comunidade de artistas Die Briicke (a Ponte) em Dresden em 1905.

Os quatro – Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Karl Schmidt Rottluff (1884-1976), Erich Heckel e Fritz Bleyl (1880-1966) – tinham todos origem burguesa, filhos de famílias que não consideravam a arte uma profissão. E o nome que escolheram para seu grupo não tinha nenhum significado transcendente – apenas, Rottluff o sugeriu ao ver uma ponte ferroviária. Mais tarde, os quatro se mudaram de Dresden para Berlim. E ali não só receberam a adesão de outros artistas, como Emil Nolde (1867-1956) e Otto Müller (1874-1930), como viram florescer outros grupos similares.

A escola de pintura, reforçada mais tarde por importantes expressionistas como Emil Nolde e Max Pechstein, expôs os seus produtos numa fábrica de lâmpadas em Lobtau. As pinturas emocionalmente intensas são consideradas uma das primeiras tentativas do século XX de estabelecer novas fronteiras na arte.

Até à sua dissolução em 1911, Die Briicke, com os seus pintores que expressavam apreensões neuróticas pessoais, estimulou artistas de todo o mundo. Heckel certa vez resumiu a filosofia do grupo: “Para nós, o não-heróico contava mais – todo pathos era suspeito”.

O Sr. Heckel, que nasceu em Mein, Saxônia, em 31 de julho de 1883, estudou arquitetura na Academia de Dresden. Porém, logo após se formar na faculdade, decidiu dedicar sua vida à arte.

Ele pouco se importava com os temas sociais da arte expressionista, preferindo concentrar-se nos aspectos humanos gerais. Isso ocupou seus empreendimentos artísticos durante toda a sua vida.

Durante a Primeira Guerra Mundial, na qual serviu como ordenança médico na Bélgica, pintou sua famosa “Madona Ostende” no campo de batalha de Flandres. Depois, lecionou na progressista Academia de Arte de Berlim até ser demitido em 1933 pelos nazistas, que declararam seu trabalho “decadente”. Sob os nazistas, o Sr. Heckel escolheu uma vida de obscuridade na Caríntia, na Áustria, e mais tarde no Lago Constança, em vez do exílio.

Das 700 pinturas e desenhos de Heckel confiscados pelos nazistas, apenas alguns foram encontrados intactos após a guerra. Entre as obras que sobreviveram à destruição nazista e aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial estavam a maior parte de suas gravuras em madeira, incluindo aquelas que ele fez de soldados e civis atormentados durante a Primeira Guerra Mundial.

O trabalho do Sr. Heckel abrangeu uma ampla gama de arte pós-impressionista, incluindo tentativas de cubismo e simbolismo durante o Briicke, mas suas obras maduras carecem de toda a violência e paixão com que ele e seus amigos atacaram o gosto da virada do século de sua época.

Linhas cristalinas, muitas vezes beirando o grosseiro e o duro, mas nunca comprometendo o princípio estético, eram dominantes nas pinturas, desenhos e litografias de Heckel.

Em 1963, quando o artista celebrou o seu 80º aniversário, as cidades de Munique, Berlim e Estugarda exibiram as suas obras do pós-guerra e o que restou dos seus esforços anteriores. Os catálogos listavam 440 xilogravuras, 370 litografias e 190 desenhos.

Entre as poucas obras expostas antes da guerra estavam suas famosas pinturas “Cavalos Brancos” e “A Dama do Chapéu Alto”.

De 1949 a 1955, o Sr. Heckel interrompeu a sua vida tranquila nas margens do Lago Constança para ensinar arte numa academia em Karlsruhe. De 1955 até à sua morte viveu em Hemmenhofen, perto do seu amigo Otto Dix, o pintor expressionista alemão falecido em 1969.

Em 1933 Hitler foi nomeado chanceler do Reich, e pouco depois os expressionistas caíam em desgraça. Alguns, como Kirchner, pagaram com a própria vida esse golpe das trevas contra a explosão de criatividade e busca de novos caminhos que caracterizou o Expressionismo.

Em 1937 o partido nazista declarou que a sua obra era degenerada; proibiu mostrar a sua obra em público, e 700 quadros seus foram confiscados dos museus da nação. Por volta de 1944 todos os seus blocos de gravura em madeira e as pranchas das suas lâminas foram destruídas.

Reunidos em Munique, em 1937, os melhores artistas do Expressionismo alemão tiveram suas obras apresentadas por Adolf Hitler como o exemplo mais grave do que o Führer considerava uma “arte degenerada”. Ao terrível anátema se seguiram punições concretas. Vários artistas foram mesmo proibidos de pintar, e suas telas que já estavam nos museus foram recolhidas aos porões.

Erich Heckel faleceu após uma longa doença em 27 de janeiro em um hospital em Radolfzell, Lago Constança. Ele tinha 86 anos.

(Créditos autorais: https://www.nytimes.com/1970/02/12/archives – The New York Times/ ARQUIVOS/ Arquivos do New York Times – BONN, 11 de fevereiro – 12 de fevereiro de 1970)

Sobre o Arquivo
Esta é uma versão digitalizada de um artigo do arquivo impresso do The Times, antes do início da publicação online em 1996. Para preservar esses artigos como apareceram originalmente, o Times não os altera, edita ou atualiza.
Ocasionalmente, o processo de digitalização introduz erros de transcrição ou outros problemas; continuamos trabalhando para melhorar essas versões arquivadas.

(Fonte: Revista Veja, 5 de outubro de 1983 – Edição 787 – ARTE/ Por CASIMIRO XAVIER DE MENDONÇA – Pág: 148/150)

(Fonte: Revista Veja, 18 de agosto de 1976 – Edição 415 – DATAS – Pág: 99)

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