Erich von Stroheim (Viena, 22 de setembro de 1885 – Paris, 12 de maio de 1957), diretor austríaco que também tinha em extravagância o que tinha em talento, gênio do cinema mudo, dirigiu “Greed” (Rapacidade) em Hollywood, em 1922, a Metro cortou de quatro para menos de duas horas o material filmado e ainda assim o diretor se tornou uma lenda.
Com mais quatro filmes adulterados, ele continuou lendário, mas não conseguiu dirigir depois de 1932 (“Walking Down Broadway”, não lançado pelo estúdio) e terminou seus dias como ator na França.
Von Stroheim enfrentara um sem-número de escândalos com a censura e fora demitido por praticamente toda Hollywood.
Stroheim foi precursor da técnica moderna – por ter dado menos importância à montagem, preocupando-se mais com a acumulação de detalhes significativos dentro de cada cena – e sua influência se fez notar na obra de eminentes diretores como Josef Von Sternberg, Ernst Lubitsch, G.W.Pabst, Max Ophuls, Orson Welles, Billy Wilder, John Huston, William Wyler, Luchino Visconti.
Desde 1928, quando dirigira Gloria Swanson (1899-1983), em Queen Kelly – um desastre para ambos, tinha sido uma estrela idolatrada na era do cinema mudo, mas estava completamente desde o início dos anos 30, Von Stroheim estava banido dos sets.
Em Crepúsculo dos Deuses (1950), William Holden era bem mais novo que os dois, mas sua carreira estava se tornando cada vez mais insignificante. Foram essas três tristes figuras que o diretor Billy Wilder escolheu para protagonizar essa obra-prima. Mais apropriado impossível.
Crepúsculo dos Deuses é narrado pelo roteirista Joe Gillis (Holden), que começa o filme boiando morto numa piscina e explica os eventos que levaram ao seu assassinato. Sem dinheiro e sem trabalho, ele se envolve com Norma Desmond, uma estrela decadente do cinema mudo (Gloria Swanson), e seu estranho mordomo (Von Stroheim), que alimenta com fidelidade patética as ilusões de grandeza da patroa.
Magnificamente escrito e filmado, o filme é de uma crueldade sem par no seu comentário sobre a ambição, a vaidade e falta de escrúpulos que regem Hollywood. “Eu ainda sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos”, diz Norma Desmond, numa das falas mais célebres do cinema.
Em 12 de maio de 1957, faleceu no castelo de Maurepas na França.
(Fonte: Veja, 16 de junho de 1971 – Edição 145 – CINEMA/ Sua Majestade Eisenstein – Pág; 72/73)
(Fonte: Veja, 31 de dezembro de 1969 – Edição 69 – CINEMA/ A SOMBRA DE VON, O ARROGANTE – Pág; 60/61)
(Fonte: Veja, 12 de março de 2003 – ANO 36 – Nº 10 – Edição 1793 – Veja recomenda/ DVDs – Pág: 112)