Conceição Evaristo: 7 frases marcantes de escritora durante o “Roda Viva”
Conceição Evaristo, autora de livros como “Ponciá Vicêncio” e “Olhos d’água”, foi a entrevistada do programa Roda Viva, na TV Cultura, na segunda-feira (6). Na participação, a escritora que coloca a mulher negra como potência em suas histórias falou sobre o lugar que ocupa na literatura brasileira, feminismo negro, aborto e suas experiências na “escrevivência”, expressão que usa para explicar sua arte, em que mistura o que vive com o poder ficcional de sua obra.
A seguir, as frases mais marcantes da entrevista de Conceição Evaristo, que mostram como sua voz de representatividade e luta das mulheres negras ecoa por tantas gerações.
Conceição Evaristo no “Roda Viva”: repercussão
Para a bancada de entrevistados, Conceição Evaristo falou, aos 73 anos, sobre seu processo artístico, a situação das pessoas negras no Brasil, a luta das mulheres e como admitiu um lugar de “abrir caminhos” para outras mulheres, sobretudo, negras, dentro da literatura:
Para ela, é visível que há mais mulheres negras com visibilidade na sociedade. Mas essa conquista, diz a escritora, foi feita porque houve luta e reivindicação de espaços por elas mesmas.
A luta de mulheres negras por espaço
“Estamos evoluindo, mas a evolução não se deu gratuitamente. É preciso que nós, mulheres negras, é preciso que a gente force passagens, empurre as portas. Nossas conquistas são oriundas de lutas, à medida que impomos nossas vozes e reivindicamos esses espaços. Aí, realmente, eles vão se alargando”, respondeu à apresentadora do programa, a jornalista Vera Magalhães.
Veja outras aspas fortes de Conceição:
O valor das palavras em sua trajetória
“Eu não nasci rodeada de livros, eu nasci rodeada de palavras. Não tenho a menor dúvida de que a minha competência para a escrita foi forjada nas oportunidades que tive de escuta.”
O corpo das mulheres e o direito ao aborto
“Quando mulheres brancas e de classe média reivindicam o aborto há todo um discurso, uma política de ‘esse corpo é meu, é minha decisão’ (…) Até que ponto essas mulheres fazem esse discurso ou se elas também não têm outras motivações? Até que ponto uma mulher negra e pobre quer fazer um aborto porque ela quer afirmar que o corpo é dela ou porque ela sabe que não vai dar conta de um filho, que ela vai ter mais uma boca para alimentar?”.
As questões que devem ser tratadas pelo país
“A questão do negro, a questão indígena, não são questões para as pessoas que são vítimas resolverem. São para a nação resolver.”
De onde vem a “escrevivência”, sua forma de escrever
“Meu texto nasce muito de ficar matutando. Mas o que me gera o texto são lembranças, fatos, aquilo que eu ouço. (…) É na dinâmica da vivência mesmo. A ‘escrevivência’ é uma escrita que nasce desse compromisso com a vida, com a vivência; tanto a sua, em termos individuais, como a vivência do outro. É desse desejo de captar a dinâmica da vida, esse fluir.”
A valorização de quem vem depois
“Fico muito feliz com a nova geração. Isso envolve pesquisadoras jovens que estão em um trabalho sério, trazendo outras perspectivas de leitura, perspectivas políticas, principalmente das mulheres jovens.”
A importância da leitura na educação do Brasil
“A gente tem que ter uma política de produção e distribuição de livros. O que foi muito perigoso quando se discutiu a taxação sobre livros era dizer que quem lê é quem tem dinheiro. Se livros continuam sendo caros, vão continuar lendo as pessoas que têm dinheiro. Por isso, os primeiros lugares de distribuição têm que ser as escolas públicas, na educação. E com autores dos mais diversos possíveis.”
(Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/09/07 – UNIVERSA / NOTÍCIAS / REDAÇÃO / De Universa – 07/09/2021)