Ettore Scola (Trevico, região da Campania, em 10 de maio de 1931 – Roma, em 19 de janeiro de 2016), diretor italiano, foi um dos cineastas mais importantes da Itália.
O cineasta estreou em 1965, com “Fala-se de mulheres”, e se consagrou com o sucesso de “Perdidos na África”, de 1969.
Entre vários outros prêmios, ele ganhou duas vezes a Palma de Ouro em Cannes, por “Feios, sujos e malvados” (1976) e “A família” (1987). Outros filmes entre os mais conhecidos de Ettore Scola são “Aquele que sabe viver” (1962), “Um dia muito especial” (1977) e “O Jantar” (1998).
Ele dirigiu filmes durante cinco décadas. Seu primeiro longa como diretor foi “Fala-me de mulheres” (Se permettete parliamo di donne), de 1964. Após 10 anos, ele ganhou o Prêmio César de melhor filme estrangeiro com “Nós que Nos Amávamos Tanto” (Cïeravamo tanto amati). No Festival de Cannes, Scola venceu na categoria de melhor diretor por “Feios, sujos e malvados” (Brutti, sporchi e cattivi-1976) e por melhor roteiro com “O Terraço” (La Terraza-1980).
Um de suas paixões favoritas, que também norteou o tema de vários de seus trabalhos, era explorar a História. Nascido na comuna de Trevico, região da Campania, em 10 de maio de 1931, e estudou Direito em Roma, passando depois pelo jornalismo e pelo rádio.
Scola é uma das maiores lendas italianas e dirigiu quase 40 obras, entre longas e curtas. Antes do Cinema, tentou o jornalismo e o direito.
Conhecido por obras-primas como “Nós que amávamos tanto” (1974), “Feios, sujos e malvados” (1976), “Um dia muito especial” (1977) e “O Baile” (1983), o cineasta havia lançado seu último trabalho em 2013. O filme tem o título de “Que estranho chamar-se Federico” e é uma homenagem a Fellini.
Scola venceu por três vezes o Prêmio César (dois troféus de melhor filme estrangeiro, em 1977 e 1978, e um de melhor diretor, em 1984). Ele foi premiado duas vezes pelo Festival de Cannes (melhor diretor, em 1976, e melhor roteiro, em 1980). O diretor também foi agraciado com o Urso de Prata, em Berlim, no ano de 1984.
O italiano trabalhou com atores míticos do cinema, como Sophia Loren, Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, Nino Manfredi, Fanny Ardant e Gérard Depardieu. Perguntado sobre o que aprendia com eles, o diretor respondeu:
— Aprendi o valor que existe na confiança do convívio. Chamei Mastroianni para trabalhar muitas vezes. E a cada encontro eu aprendi como ele pensava. Percebi que não interessava a ele ser associado a uma ideia clássica de beleza, a uma imagem de galã, por mais que ele tivesse encantos para isso ao largo de seu talento. A confiança permitiu que eu arrancasse daquele homem a fragilidade necessária ao papel do jornalista gay de “Um dia muito especial”. Ele confiou que eu não resvalaria na caricatura. Gassman tinha a mesma lógica. Éramos amigos. A amizade fazia diferença.
Ettore Scola morreu em Roma, em 19 de janeiro de 2016, aos 84 anos.
Em uma crítica publicada em junho de 2014, o bonequinho do GLOBO aplaudiu a derradeira realização de Scola. André Miranda escreveu: “No que Fellini via magia e amor, Scola via mazelas sociais. Não à toa, a todo tempo, o filme de Scola se refere carinhosamente a Fellini como um grande mentiroso, o ‘Pinóquio do cinema italiano’”.
Matteo Renzi, primeiro ministro da Itália, disse que o cineasta “deixa um enorme vazio na cultura do país”. No Twitter, o ministro italiano de Turismo e Cultura, lamentou a morte: “Ettore Scola nos deixou. Um grande professor, um homem extraordinário, jovem até o último dia de sua vida”.
Em uma entrevista ao GLOBO em 2012, Scola, conhecido pela militância de esquerda, refletiu sobre a própria carreira. Então aos 80 anos, com seis décadas de cinema no currículo, ele disse:
— Se eu tivesse que te dar uma palavra para definir o que fiz, seria paixão. Meu cinema é apaixonado. Ele é apaixonado pela Itália. E demonstra esse calor a partir de um formato de crônica na qual eu observo a realidade a partir de suas vítimas. Meus filmes falam das vítimas da violência: dos pobres que pagam pela desonestidade alheia, dos homossexuais que sofrem com o preconceito, das mulheres oprimidas. Mas eu não posso dizer que tenha um mecanismo típico meu para contar histórias. Para que eu tivesse um método, a realidade teria que ser plácida. Só que ela não é. A realidade muda de ano em ano, as cabeças mudam. É preciso estar atento ao que se transforma.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/filmes -18507898#ixzz3xjkdtTGX – CULTURA – FILMES/ POR O GLOBO – 19/01/2016)
© 1996 – 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.