Caio Fernando Abreu (1948 – 1996), autor e escritor gaúcho, publicou romances e contos que marcaram gerações e virou guru de autoajuda nas redes sociais
“Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi”, afirmou Caio Fernando Abreu, que morreu em 25 de fevereiro de 1996. Vencido pela Aids, o escritor gaúcho tinha 47 anos e uma consagrada obra literária expressa em romances, contos e crônicas. Caio F. era um artesão das palavras. Envolto por fumaça de cigarro e dúzias de xícaras de café, ele trabalhava duro em seus textos, que versavam sobre a solidão, o sexo e a morte e conquistaram o amor de legiões de leitores.
Caio F. foi perseguido pela ditadura e se refugiou no sítio da escritora Hilda Hilst (1930-2004). Nos anos 1970, exilou-se na Europa. Os contos de Morangos Mofados, de 1982, ocuparam um lugar cativo na cabeceira daquela geração. O livro refletia a violência e a brutalidade que marcaram a década perdida. As gerações posteriores adotaram Caio F. como conselheiro.
Títulos como “Conselhos de Caio Fernando Abreu”, que publicam citações e transformam a obra do escritor num abecedário da autoajuda. Nas redes sociais, os aforismos de Caio F. são tão populares quanto as citações apócrifas de Clarice Lispector (1920-1977), de quem foi amigo pessoal.
Em 2013, a editora Nova Fronteira, que publica o espólio literário de Caio F., editou Caio Fernando Abreu de A a Z, uma compilação de frases poéticas para aquecer o coração de quem usa a luz do monitor para iluminar a existência. A publicação foi controversa. Entre os amigos do autor, houve que chamasse o livro de “cretino” e “especulação literária”.
Confira abaixo algumas joias do artesão Caio Fernando Abreu:
“Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável.”
“Eu não me conheço. E tenho medo de me conhecer. Tenho medo de me esforçar para ver o que há dentro de mim e acabar surpreendendo uma porção de coisas feias, sujas.”
“E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida.”
“Eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha – e tenho – pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”
“Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões.”
“Alguma coisa em mim não consegue desistir, mesmo depois de todos os fracassos.”
“A coisa que uma pessoa mais precisa na vida é gostar das outras pessoas e ser gostada também.”
“Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita.”
“A perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais.”
“Tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância.”
(Fonte: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/02 – VIDA – NOTÍCIA – 24/02/2016)