Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga

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O único prelado português ainda vivo a participar no Concílio Vaticano II

Eurico Dias Nogueira (Dornelas do Zêzere, 6 de março de 1923 – Braga, 19 de maio de 2014), arcebispo emérito de Braga

Onde esteve – Moçambique, Angola e depois do 25 de Abril, em Portugal – D. Eurico Nogueira sempre “emprestou o melhor da sua reflexão e entusiasmo” a “causas como o rejuvenescimento da Igreja, o ecumenismo e a liberdade”. Bispo dialogante, firme, corajoso e humilde, portador da transparência dos simples e habitado pela grandeza do perdão.

D. Eurico Dias Nogueira era o único prelado português ainda vivo a ter participado no Concílio Vaticano II (1962). Participou nas sessões finais, já como bispo de Vila Cabral, em Moçambique, actualmente a cidade de Lichinga (província do Niassa), no mesmo ano da sua ordenação episcopal, em Coimbra, em 1964. O Concílio Vaticano II terminou em 1965.

Disponibilidade para reflectir

D. Eurico Dias Nogueira nasceu em Dornelas do Zêzere, Coimbra, em 1923, frequentou o Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 1945.

Depois de, em 1964, ter sido ordenado bispo também em Coimbra, foi transferido, em 1972, para Sá da Bandeira, em Angola, tendo o papa aceitado, cinco anos depois, o seu pedido de resignação da então elevada arquidiocese de Lubango. Nesse ano, 1977, foi nomeado arcebispo de Braga, entregando a diocese ao seu sucessor D. Jorge Ortiga, apenas em 1999.

Publicou vários livros, foi juiz de segunda instância do Tribunal Eclesiástico, leccionou em cursos de pós-graduação para juristas e advogados. E residia, nestes últimos anos, no Seminário Conciliar de Braga.

Ainda à agência de notícias da Igreja Católica em 2012 afirmou que, como bispo emérito, se sentia “mais à vontade” e com “outra disponibilidade para reflectir”. Também recordou os anos que passou em África quando “criticava algumas posições do Governo” e era considerado comunista.

Críticas à descolonização
Nessa altura, quando vigorava a ditadura do Estado Novo, “não dizer bem do Governo era automaticamente ser [considerado]comunista”, lembrou. “[Isso] Era um exagero. São histórias sem fundamento”, disse, justificando as críticas: “O Governo podia ter encaminhado as terras de África para a independência de outra forma, tal como o fez no Brasil. Podíamos ter feito de Angola e Moçambique dois ‘brasis’”. No seu entender, isso teria permitido a muitos portugueses “continuarem lá”. “O Governo não teve capacidade para isso.”

Foi também em 2012 que D. Eurico Dias Nogueira considerou, numa entrevista à Antena 1, que a Igreja Católica “esteve demasiado tempo calada” sobre os casos de pedofilia, lamentou a opção da instituição de “abafar” os escândalos e afirmou ter informações sobre esse tipo de casos na Igreja Católica Portuguesa.

Eurico Dias Nogueira morreu dia 19 de maio de 2014, aos 91 anos.

 

(Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia -1636657 – PÚBLICO e LUSA – 20/05/2014)

 

 

 

 

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