Com mais de 80 anos de carreira no teatro e na TV
Antes de ingressar nas novelas, a atriz comandou um programa próprio na TV Tupi chamado “As aventuras de Eva”.
Eva Fodor Nolding (Budapeste, 9 de novembro de 1919 – Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2017), atriz com mais de 80 anos de carreira no teatro e na TV.
“Licença para ser pretensiosa”
Conhecida pelo estilo próprio de humor, que passou a ser denominado como “gênero Eva”, a atriz atuou em dezenas de novelas, incluindo títulos de Janete Clair como “Coração Alado” (1980) e “Sétimo Sentido” (1982).
Ela também fez “Top Model” (1989), de Walther Negrão, uma de suas novelas favoritas, “Suave Veneno” (1999), de Aguinaldo Silva, “Hilda Furacão” (1998), de Gloria Perez.
Com Gloria Perez, Todor ainda realizou os trabalhos “Caminho das Índias”, “América” e seu último papel na televisão em “Salve Jorge”.
A atriz somava mais de 80 anos de carreira. O início nos palcos foi por meio do balé, ainda na infância. Húngara de nascimento, Eva Todor (que tinha o sobrenome Fódor de batismo) chegou a dançar na Ópera Real de Budapeste. Filha de uma estilista e de um comerciante de tecidos, ela já mostrava talento para a vida artística, mas a realidade complicada do período entre guerras na Europa a fez fugir com a família para o Brasil, em 1929.
Por aqui, entretanto, rapidamente a pequena retomou a rotina com sapatilhas, tendo aula com a renomada Maria Olenewa. Não era à toa o envolvimento com o universo cultural. Em entrevista ao site “Memória Globo”, Eva contou que seus pais, “como bons húngaros”, achavam que toda criança deveria ter uma educação ligada à arte.
Foi por meio do contato com um crítico de teatro que surgiu a oportunidade de fazer um teste para integrar o elenco de uma peça com Dulcina de Moraes. Mas não deu certo — o português de Eva ainda era incipiente, e ela foi reprovada. Pouco tempo depois, entretanto, ela conseguiu entrar na carreira por meio do teatro de revista. Aí deslanchou.
“Fiz um sucesso muito grande. Fiquei quatro ou cinco anos. E foi onde conheci meu primeiro marido, que era o diretor da companhia (Luis Iglesias). Eu me casei aos 14 anos. Depois, ele achou que aquilo não tinha futuro e montou uma companhia de comédia para mim. Todo mundo disse que ele era louco, porque eu era uma menina que não tinha experiência nenhuma e, além do mais, falava português pessimamente. Mas, deu certo. E a companhia ficou sendo Eva e seus Artistas, durante muitos anos. Só no Teatro Serrador, fiquei 23 anos”, relatou ela ao “Memória Globo”, lembrando que graças ao teatro resolveu “aportuguesar” seu sobrenome para Todor.
A naturalização como brasileira aconteceu com a forcinha de um personagem ilustre. Na década de 1940, quando fazia uma peça no Teatro Municipal, ganhou Getúlio Vargas como admirador, o que facilitou o processo para conseguir a identidade nacional.
Na década de 1950, a atriz comandou um programa próprio na TV Tupi chamado “As aventuras de Eva”. Ali, já mostrava a aptidão para o humor que caracterizou suas oito décadas de carreira. Dali para frente, a televisão foi um de seus trabalhos prediletos.
Foi nas novelas e séries televisivas que ela se tornou um rosto conhecido dos brasileiros. Com mais de 30 novelas no currículo, fez “Partido Alto” (1984), “De Corpo e Alma” (1992), “O Cravo e a Rosa” (2000), entre várias outras. No cinema, Eva fez sua estreia ao lado de Oscarito, em 1960, com “Os Dois Ladrões”, de Carlos Manga. Foram cinco filmes no currículo, o último em 2008 (“Meu Nome não é Johnny”).
A atriz estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012, e sua última aparição pública foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon.
CONFIRA IMAGENS DA CARREIRA DA ATRIZ EVA TODOR
Carreira
Antes de ganhar as TVs do país, Eva Fódor Nolding brilhou nos palcos. O teatro chegou à sua vida nos anos 30, a partir de um convite de Mário Nunes, crítico do Jornal do Brasil, para atuar em uma peça com Dulcina de Moraes. Ela não foi aprovada, mas Mário a convidou para fazer teatro de revista no Teatro Recreio. Nessa época, adotou Todor, uma versão aportuguesada de seu sobrenome.
Com o sucesso, foi convidada para seu primeiro longa-metragem, em 1960, “Os Dois Ladrões”, de Carlos Manga, quando atuou ao lado de Oscarito.
No ano seguinte, estreou na televisão. Foi contratada pela TV Tupi para estrelar “As Aventuras de Eva” e para participar de “E Nós, Aonde Vamos?”, última novela da autora cubana Glória Magadan escrita no Brasil, em 1970.
Eva fez alguns papéis dramáticos –como em “De Olho na Amélia”, de Georges Feydeau, que lhe valeu o Prêmio Molière de melhor atriz, em 1969–, mas brilhou mesmo nas comédias, gênero no qual se consagrou.
A atriz estreou na TV Globo como Kiki Blanche, em “Locomotivas” (1977), de Cassiano Gabus Mendes, primeira novela colorida no horário das 19h.
A partir daí, não parou mais, sempre atuando com o que chamava de “gênero Eva”, um humor fino que virou sua marca registrada. Ela fez “Coração Alado” (1980), “Sétimo Sentido” (1982), “O Outro” (1987), “Top Model” (1989), “Suave Veneno” (1999), “O Cravo e a Rosa” (2000), “América” (2005) e “Caminho das Índias” (2009). Eva também atuou em minisséries e especiais, como “Brava Gente”, “Você Decide”, “Malhação”, “Hilda Furacão”, “Sob Nova Direção”, “A Diarista” e “Casos e Acasos”.
Sua última aparição na TV foi em 2012, na novela “Salve Jorge”, na qual interpretou Dália. No mesmo ano, fez uma participação especial em “As Brasileiras”.
Em depoimento ao site Memória Globo, a atriz fez um balanço extremamente positivo da própria carreira:
“Posso ser vaidosa? Pretensiosa? Avalio minha carreira brilhante: longa, sem tropeços, sem desastre, contínua, respeitada, com prestígio aqui e além-mar”, disse.
“Estive três vezes com a minha companhia, por conta própria, na Europa. Uma vez eu fiz uma temporada em Lisboa de 11 meses. Levei minha companhia para a África. Tudo o que eu tenho, conquistei com teatro e ajudada pela televisão. Viajei há pouco tempo para a Argentina, e fui numa casa de tango. Quando entrei, recebi uma salva de palmas – só tinha brasileiro”, continuou.
“Minha vida foi tranquila, limpa, muito transparente em todos os sentidos. Peço licença para ser pretensiosa, mas podem verificar, podem pesquisar, e vão saber que estou falando a verdade”, destacou Eva.
Da Hungria para o Brasil
Eva era húngara e nasceu em 9 de novembro de 1919, em Budapeste. Sua mãe era designer de moda e seu pai era comerciante de tecidos finos. Todos eram muito ligados em arte e, por isso, matricularam a menina, ainda com 4 anos, na Ópera Real da Hungria, onde ela aprendeu a dançar balé clássico.
A família imigrou para o Brasil, fugindo das dificuldades pelas quais passava a Europa pós-guerra. Aqui, Eva continuou as aulas de balé e aos 9 anos já havia se apresentado em espetáculo de dança solo, acompanhada de um pianista, no Teatro Municipal de São Paulo.
Explosão no teatro e a estreia na televisão
Húngara, a atriz Eva Fodor Nolding, ou simplesmente Eva Todor, começou sua carreira precocemente como bailarina. Aos 4 anos, ela foi matriculada em aulas de balé clássico na Ópera Real de seu país natal. De origem judia, a família da atriz emigrou para o Brasil durante a sua infância, onde ela seguiu praticando dança.
Com apenas 9 anos, Todor já havia se apresentado no Teatro Municipal de São Paulo. “Não decidi ser atriz. Decidiram por mim. Meus pais, como bons húngaros, tinham a mania de arte e achavam que toda pessoa devia ter uma educação ligada à arte”, relembrou Eva em entrevista ao projeto Memória Globo.
A atriz iniciou a carreira artística no teatro. O sucesso nos palcos fez com ela fosse convidada para seu primeiro filme, “Os Dois Ladrões” (1960), de Carlos Manga.
A estreia na televisão aconteceu no ano seguinte pela TV Tupi em “As Aventuras de Eva”. Seu primeiro trabalho na Globo foi em 1977 em “Locomotiva” na faixa das sete.
Eva Todor morreu em casa, aos 98 anos. A causa da sua morte foi pneumonia.
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia RIO DE JANEIRO – NOTÍCIA – POP & ARTE / Por G1 Rio – 10/12/2017)
(Fonte: https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2017/12/10 – TV e FAMOSOS – FAMOSOS / Por Felipe Pinheiro Do UOL, em São Paulo – 10/12/2017)
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv – CULTURA – REVISTA DA TV/ POR LOUISE QUEIROGA / MARTA SZPACENKOPF –