Feira Mundial de Nova York
O futuro revelado na Feira de NY de 1939
Cinema com cheiro, robô fumante e primeira transmissão de TV dos EUA foram algumas das atrações
Anos antes da televisão se tornar popular e décadas antes da internet, as grandes descobertas, inventos e novidades eram apresentadas nas Feiras Mundiais. Há 75 anos, a Feira Mundial de Nova York estava pronta para mostrar ao mundo sua visão do futuro. Em 1939, com o slogan O Amanhecer de um Novo Dia, a feira prometia mostrar O Mundo de Amanhã. Ao deixarem a exposição, os visitantes que haviam se tornado testemunhas do futuro, ganhavam um botão com os dizeres: Eu vi o futuro.
O evento funcionou de abril de 1939 até outubro do ano seguinte, contou com a participação de vários países e recebeu cerca de 44 milhões de visitantes. A data de abertura, 30 de abril de 1939, foi cuidadosamente escolhida para coincidir com o aniversário de 150 anos da posse do presidente George Washington.
Para toda a humanidade
A feira começou a ser concebida em 1935, durante os anos críticos da depressão econômica iniciada em 1929. Na data de inauguração, os Estados Unidos já sentiam os efeitos da retomada econômica impulsionada pela política do New Deal e estavam prontos para mostrar seu progresso tecnológico ao mundo. A abertura da feira foi coroada pelo êxito tecnológico da primeira transmissão de TV dos Estados Unidos.
Cerca de mil espectadores, através dos 200 aparelhos de TV espalhados por Nova York, assistiram o evento. Além de imagens do complexo da exposição, suas instalações e os pavilhões das diferentes nações participantes, a transmissão mostrou o discurso de abertura realizado pelo presidente Franklin Roosevelt. Nele, Roosevelt declarava a feira aberta para toda a humanidade.
Atrações.
A feira funcionava como um showroom para os mais novos prodígios tecnológicos americanos. Além da televisão, o evento também apresentou ao público a fotografia em cores, o ar-condicionado, lâmpadas fluorescentes e o nylon.
A tecnologia 3D aplicada experimentalmente nos cinemas desde 1915, foi transportada para os cartões postais. O View-Master, aparelho apresentado na feira, trazia imagens vividas em tecnicolor que podiam ser vistas em três dimensões. O cinema, por sua vez, expandia a experiência de seus espectadores através do Smell-O-Vision. Um sistema acionado pela trilha sonora do filme liberava trinta odores diferentes relacionados as imagens projetadas na tela.
Máquinas incríveis também foram expostas no evento, como Elektro, o robô desenvolvido pela Westinghouse Eletric, concorrente direta da General Eletric. Aparentando um humano e medindo pouco mais de dois metros, Elektro, funcionava através de um sistema de comando de voz e podia andar, falar, mover sua cabeça e braços, fazer contas com seus dedos mecânicos e até fumar cigarros.
A gigante do mercado de eletro eletrônicos, também desenvolveu uma cápsula do tempo para a feira. O recipiente, em forma de tubo, continha itens usados no dia a dia, como um barbeador e lâminas da Gillette; amostras de tecido plástico e sementes; escritos de Albert Einstein e Thomas Mann; um relógio do Mickey Mouse; um pacote de cigarros Camel; fotografias; edições da revista Life e notícias marcantes do século 20 gravadas num microfilme. A cápsula, que foi enterrada e só deverá ser aberta passados 5 mil anos, em 6939, atraiu a atenção dos visitantes.
A General Motors também se destacou entre os expositores. Sua atração, Futurama, foi uma das mais visitadas da feira. No pavilhão Estradas e Horizontes (Highways and Horizons) da automotora, uma enorme instalação mostrava o futuro das estradas americanas, vias expressas, que atravessavam montanhas, rios e cruzavam cidades, cortariam a nação conectando os pontos mais distantes do território.
O Brasil teve parte no gigantesco evento. Em maio de 1939, o pavilhão brasileiro foi inaugurado. A imagem arquitetônica do Brasil do futuro se traduziu nas linhas modernistas dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, responsáveis pelo projeto do pavilhão.
Na inauguração do pavilhão brasileiro, o Estado destacou suas atrações. No espaço o visitante poderia apreciar os panoramas do Rio de Janeiro – de dia e de noite – do porto de Santos, do aeroporto carioca; telas de Portinari; um busto do pioneiro da aviação, Santos Dumont, e uma exibição em homenagem ao ex-presidente americano Theodore Roosevelt. Pedras preciosas nacionais; além de inúmeros produtos naturais cultivados no País -castanhas do Pará, cacau, tabaco, mate, algodão, e claro, como não poderia faltar, o café- também faziam parte da exposição, conforme informou o jornal.
Um bar e restaurante,com acomodações para 300 pessoas, onde se fará ouvir todas as noites uma orquestra brasileira, funcionava no stand, informava o jornal. Carmen Miranda e a cantora lírica Bidu Sayão fizeram apresentações no pavilhão.
(Fonte: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo- Acervo > Notícias > O futuro revelado na Feira de NY de 1939 – Liz Batista – 10 de maio de 2014)