Flávio Shiró Tanaka, é um pintor, gravador, desenhista e cenógrafo nipo-brasileiro. Realiza suas obras com uma extrema e paradoxal elegância de cores e de traços, explicável na obra de quem foi, em outra época, um pintor abstrato gestual.
Shiró nasceu no norte do Japão, em Sapporo, na ilha setentrional de Hokkaido, em 1928 e veio com três anos para o Brasil, passando a infância na Amazônia.
Em São Paulo, a partir de 1940, estuda na Escola Profissional Getúlio Vargas e torna-se amigo de Octávio Araújo, Marcelo Grassmann e Luiz Sacilotto. Frequenta o Grupo Santa Helena por volta de 1943, e tem contato com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Mario Zanini e Manoel Martins.
Em 1947, integra o Grupo Seibi, participa da mostra 19 Pintores e, em 1949, do Grupo 15. Viaja a Paris, financiado pelo estado, em 1953, voltando ao Brasil em 1983.
Em 1953, depois de ter trabalhado no Rio de Janeiro e em São Paulo, mudou-se para a França.
Estuda mosaico com Gino Severini (1883-1966), gravura em metal com Johnny Friedlaender (1912-1992) e litografia na Escola Superior de Belas Artes de Paris; também frequenta o ateliê de Sugai e Tabuchi. Nesse período, participa também do movimento artístico brasileiro e integra o Grupo Austral (Movimento Phases) de São Paulo.
Participou da chamada École de Paris (no fundo, um conjunto heterogêneo ligado apenas geograficamente) e nos fins dos anos 50 pintava abstrato. Grandes telas de cores esfuziantes e numerosas, um caprichoso risco caligráfico e os largos gestos de pincel como elemento principal.
Não houve, depois, uma volta à figura. Ela foi emergindo insensivelmente das manchas e dos traços. “Minha pintura é um acúmulo de experiências, de coisas vividas”, explica Shiró. “É soma e não subtração.”
Pelo mesmo motivo, ele permaneceu fiel a seus suportes tradicionais: a tela, a tinta a óleo, o pastel: “Nada mais simples e ao mesmo tempo mais complexo do que a batalha cotidiana de um crayon sobre o papel.”
Ele vive atualmente entre Paris e Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 14 de agosto de 1974 – Edição 310 – ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág: 122)