Flecha de Lima, foi secretário-geral do Itamaraty, dirigiu o departamento de promoção comercial e ocupou as embaixadas de Londres, Washington e Roma

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Embaixador Flecha de Lima foi secretário-geral do Itamaraty, dirigiu o departamento de promoção comercial e ocupou as embaixadas de Londres, Washington e Roma

 

Diplomata talentoso e hábil, conduziu a liberação de 450 brasileiros tomados como reféns no Iraque

 

Paulo Tarso Flecha de Lima (Belo Horizonte, Minas Gerais, 8 de julho de 1933 – Brasília, 12 de julho de 2021), embaixador, considerado um dos mais talentosos e hábeis diplomatas do Brasil nas últimas 5 décadas, diplomata foi ex-secretário-geral do Itamaraty e ex-​embaixador do Brasil em Washington, Londres e Roma.

 

Flecha de Lima foi embaixador em Washington, Londres e Roma e secretário-geral do Itamaraty -o 2º posto mais alto do ministério- entre 1985 e 1989, durante o Governo de José Sarney.

 

Flecha de Lima foi secretário-geral do Itamaraty, dirigiu o departamento de promoção comercial e ocupou as embaixadas de Londres, Washington e Roma. Chefiou ainda a missão responsável por obter no Iraque a libertação de cerca de 400 trabalhadores brasileiros retidos pelo regime de Saddam Hussein na Primeira Guerra do Golfo.

 

Era 7 de outubro de 1990 quando o embaixador viveu um dos momentos mais dramáticos de sua vida. Na Mercedes que o levou da embaixada em Bagdá para o aeroporto, Flecha de Lima e seu colega René Loncan ouviam em um toca-fitas o Va Pensiero, o coro dos escravos hebreus cativos na Babilônia, da ópera Nabuco, de Verdi. Era o fim de uma missão que começara 23 dias antes: resgate dos trabalhadores da construtora Mendes Júnior, que Saddam Hussein pretendia usar como escudos humanos contra os bombardeios da coalizão internacional, que reagiu à invasão iraquiana do Kuwait.

O veterano diplomata conhecia o governo iraquiano como poucos no Itamaraty. Como chefe do Departamento de Promoção Comercial, ele começou a estabelecer laços comerciais com o país do Oriente Médio desde o começo dos anos 1970. Ele estava de férias no sul da França quando recebeu a missão do Itamaraty de seguir para o Iraque. O embaixador voltou a Londres, onde era o embaixador e fez as malas.

 

Ao pousar no Iraque, começou a negociar com a diplomacia iraquiana a libertação dos trabalhadores. Além dos trabalhadores da Mendes Júnior, um grupo de brasileiros ligados ao brigadeiro Hugo Piva também estava no Iraque assessorando o regime de Saddam na área de produção de material de defesa. A estratégia de Flecha de Lima foi evitar que os brasileiros saíssem aos poucos do país. Queria que todos saíssem juntos como instrumento de pressão sobre o governo iraquiano.

 

E assim foi. Ainda durante as negociações, o embaixador recebeu em Bagdá sua mulher, a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima (falecida em 2017). A chegada de sua mulher ajudou o diplomata a acalmar os funcionários da Mendes Júnior. Em entrevista publicada pelo site Poder 360, o embaixador relatou ter dito: “Olha aqui, quero dar uma prova de que a coisa está se normalizando, tanto que mandei vir minha patroa”.

 

No fim, o diplomata conseguiu convencer o governo iraquiano a conceder os vistos de saída dos brasileiros libertar sem contrapartida. Um Boeing 747 da Iraqi Airways da trouxe primeiro 174 brasileiros no dia 1º de outubro. Flecha de Lima ficou para trás. Decidiu sair do Iraque com os últimos brasileiros que deixaram o país.

Flecha de Lima faleceu em 12 de julho de 2021, aos 88 anos no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, onde teve um choque séptico.
(Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/07/12 – NACIONAL / por Estadão Conteúdo – 12 de julho de 2021)
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