Marta Rocha foi a primeira Miss Brasil após concurso ser criado oficialmente
Em 1954, foi eleita a mais bonita do Brasil e vice no Miss Universo. Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino eram jurados. Nos anos 50 e 60, TV transmitia ao vivo
Oficialmente, ele existe desde 1954, quando Marta Rocha – e suas célebres duas polegadas a mais – foi eleita a mulher mais bonita do país e chegou ao segundo lugar no mundo. Mas, desde o início do século XX, aqui e ali já pipocavam iniciativas de realizar um concurso de Miss Brasil. Tanto que algumas moças já tinham inscrito seu nome no panteão da beleza verde-amarela: a santista Zezé Leone, em 1922; a gaúcha Yolanda Pereira, em 1930; as cariocas Ieda Telles de Menezes, em 1932; e Vânia Pinto, em 1939; e a goiana Jussara Marques, em 1949. Mas desde a criação da disputa oficial, Adalgisa Colombo, foi a primeira carioca a vencer a disputa, no quinto ano do concurso.
Adalgisa foi Miss Brasil numa das décadas mais glamurosas do concurso. O desfile das representantes dos estados e do Distrito Federal, inicialmente no Palácio Quitandinha, em Petrópolis, e, depois, no Maracanãzinho, parava o país, com transmissão ao vivo pela TV. Em popularidade, o evento só perdia para o futebol. As moças se exibiam em traje típico, roupa de gala e nos badalados maiôs Catalina. Marta Rocha, a primeira eleita, foi vice no Miss Universo. Perdeu pelas tais duas polegadas.
Após o inédito segundo lugar no Miss Universo, disputado no dia 23 de julho de 1954, em Long Beach, nos Estados Unidos, a baiana de olhos azuis Marta Rocha, de pele amorenada e cabelos dourados, recebeu novos elogios de membros do júri que a elegera a mulher mais bonita do Brasil. O poeta Manuel Bandeira, por exemplo, disse que os americanos já conheciam uma “baiana”, Carmem Miranda, e naquele momento conheciam outra, jovem e graciosa, mostrando que a “Bahia tem de tudo”.
Já o cronista Paulo Mendes Campos disse que o júri do Quitandinha tinha uma “calorosa confiança nos olhos límpidos e claros da jovem baiana”. Para depois completar: “Na tonalidade da sua pele, que a fotografias não mostram, vi uma das coisas mais belas deste mundo”. Outro jurado, o escritor Fernando Sabino, também comemorou o vice no Miss Universo. “Foi a vitória da beleza autêntica, genuinamente brasileira. Marta Rocha é loura e de olhos azuis, mas tem em si o caldeamento das raças que caracteriza a mulher brasileira. Não é loura em excesso, nem de pele trigueira em excesso. É surpreendente que não tenha classificado em primeiro lugar”, afirmou.
O título de mulher mais bonita do planeta só viria para o Brasil em 1963, com a gaúcha Yedda Maria Vargas. Em 1968, a baiana Martha Vasconcellos repetiria a dose.
Em 1973, o concurso foi levado para Brasília, iniciando um lento processo de esvaziamento. A ascensão da profissão de modelo também tirou o brilho da disputa – muitas meninas preferiam seguir carreira nas passarelas do que aguardar o concurso. No Miss Universo, as brasileiras nunca mais tiveram o desempenho de Yedda e Martha. As atrizes Vera Fischer e Rejane Goulart foram Miss Brasil, respectivamente em 1969 e 1972. Rejane também foi vice no Miss Universo, feito que só seria repetido por Natália Guimarães, em 2007. Em 2011, a gaúcha Priscila Machado foi terceira colocada no Miss Universo. Já a atual Miss Brasil, Gabriela Markus, ficou em quinto lugar.
(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/2013/07/11 – CULTURA – EM DESTAQUE – Publicado: 11/07/13 – Atualizado: 23/07/14 )