Foi autora de uma das primeiras pesquisas tipicamente acadêmicas da área de História Econômica no Brasil

0
Powered by Rock Convert

 

 

 

 

 

 

Alice Piffer Canabrava (Araras, 22 de outubro de 1911 – São Paulo, fevereiro 2003), historiadora foi autora de uma das primeiras pesquisas tipicamente acadêmicas da área de História Econômica no Brasil

Em 1937, licenciou-se em Geografia e História, na USP, e em 1942, num esforço pioneiro, fez exame de doutoramento em História. Em 1951, tornou-se a primeira professora catedrática da Universidade de São Paulo.

Alice Piffer continuou sua atividade de pesquisa e ensino como catedrática da FEA até 1981, quando se aposentou compulsoriamente, completando mais de 50 anos de dedicação ao magistério primário, secundário e superior.

Foi uma das fundadoras da Associação Nacional de Professores Universitários de História e também da Revista Brasileira de História.

Alice Piffer Canabrava nasceu em Araras (SP), em 22 de outubro de 1911, filha de Otília Piffer e Clementino Canabrava. Sua mãe era professora de piano e teve uma união livre com o fazendeiro Clementino, proprietário da fazenda Belmonte; desse amor nasceram Alice e Tina. Embora já viúvo quando as meninas nasceram, Clementino as reconheceu, mas nunca casou com Otília.

Alice iniciou seus estudos em sua interiorana cidade natal, mas posteriormente estudou na Escola Normal Caetano de Campos, na capital paulista. Concluído o curso normal,  lecionou em escolas primárias públicas no interior do estado. Embora tivesse muito interesse na alfabetização das crianças pobres, desejava oportunidades que permitissem ampliar seu horizonte cultural. Em 1934, essa oportunidade apareceu, pois com a fundação da USP e a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, o Governo do Estado de São Paulo permitiu que os professores das escolas públicas ali realizassem um curso superior. Assim, em 1935, ela ingressou no curso de Geografia e História, licenciando-se em 1937. Foi aluna de conhecidos professores brasileiros como Afonso Taunay e Plínio Ayrosa.

Suas principais influências vieram de dois conhecidos mestres franceses: em Geografia, Pierre Monbeig e, em História Geral, Fernand Braudel. Ambos, embora jovens, alinhavam-se com as tendências mais recentes na pesquisa em Geografia e História e tiveram muita influência sobre Alice. Sua aplicação aos estudos rendeu-lhe o convite para permanecer na Faculdade como professora assistente da cadeira de História da América. Em 1942, num esforço pioneiro, fez exame de doutoramento em História com a tese “O comércio português no Rio da Prata, 1580-1640”. Essa pesquisa revelava as vias clandestinas pelas quais a prata de Potosi fluía para o Brasil, num trabalho elogiado pela crítica nacional e internacional. 

Na verdade, embora não tenha sido o primeiro trabalho de História Econômica realizado no Brasil, este estudo introduziu na pesquisa em História Econômica feita na universidade brasileira métodos e técnicas de pesquisa – inclusive um forte apoio em fontes primárias – dos mais modernos à época, e que permaneceriam incorporados nos estudos universitários por longo tempo. Em 1946, plenamente credenciada para tal,  inscreveu-se no concurso para a cátedra de História da América da USP, com a tese A indústria do açúcar nas ilhas inglesas e francesas da Antilhas, 1696-1755.  Em depoimento publicado em livro sobre as “pioneiras da USP”, ela relata a discriminação que sofreu por tal atrevimento. Todos vinham indagar se ela estava realmente disposta a concorrer e sua resposta era invariavelmente “eu faço o concurso, caberá a banca me reprovar”.

O concurso realizou-se em 1946 e foi rumoroso; Alice obteve média mais alta no conjunto das provas, mas estas não eram a base do critério para indicação ao cargo de professor catedrático, segundo o regulamento vigente. A decisão era dos membros da banca; tendo havido empate na votação, o presidente da banca declarou vencedor o concorrente do sexo masculino. O esforço de Alice para participar do concurso não foi inócuo: nesse mesmo ano, a USP organizava a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas e ela, inconformada com a discriminação, demitiu-se da Faculdade de Filosofia e transferiu-se de imediato para a nova instituição. Em 1951 concorreu e obteve a cátedra de História Econômica Geral do Brasil, na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da mesma Universidade, defendendo a tese, O desenvolvimento da cultura do algodão na província de S. Paulo:1861/1875. Tornou-se assim a primeira professora catedrática da Universidade de São Paulo (USP).

O episódio do concurso para a cátedra de História da América revelou não só o pioneirismo de Alice, mas também sua tenacidade e coragem, pois não se deixou intimidar pelas óbvias demonstrações de discriminação de seus colegas, que não pareciam admitir que uma mulher ascendesse na hierarquia universitária.

Conforme desenvolvia na FEA sua pesquisa e publicava importantes trabalhos em história quantitativa, Alice foi sendo cada vez mais reconhecida internacionalmente. Alice continuou sua atividade de pesquisa e ensino como catedrática da FEA até 1981 quando se aposentou compulsoriamente, completando mais de 50 anos de dedicação ao magistério primário, secundário e superior. Em 1985 foi eleita Professora Emérita da USP.

Foi uma das fundadoras da Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH) e também da Revista Brasileira de História. Pertenceu à Associação dos Geógrafos Brasileiros, à Associação Paulista de Estudos Históricos, ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Foi eleita sócia correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 15 de dezembro de 1975.

 

 

Fontes: Melo, Hildete Pereira de, Marques, Teresa Cristina de Novaes, Dicionário das Mulheres do Brasil, Editora Jorge Zahar, 2000. Canabrava, Alice, P., “O caminho percorrido”, Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), setembro de 2003. Blay, Eva A. e Lang, Alice Beatriz da Silva Gordo, “A mulher nos primeiros tempos da Universidade de São Paulo”, Ciência e Cultura, São Paulo, v.36, n.12, dezembro, 1984. Marques de Saes, Flavio A., Editorial, Boletim da ABPHE, 20 março de 2003.

Elaborado por Hildete Pereira de Melo e Ligia M.C.S.Rodrigues.

 

(Fonte: http://zip.net/bhqVBf)

(Fonte: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/efap/Especiais/tabid/4572/EntryId/2088 – Dia das Mães – PAULO RENATO COSTA SOUZA – 2013)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Powered by Rock Convert
Share.