Pioneiro no transplante de coração nos Estados Unidos
Norman Shumway (Kalamazoo, Michigan, 9 de fevereiro de 1923 – Palo Alto, Califórnia, 10 de fevereiro de 2006), cirurgião americano, foi o primeiro a realizar um transplante de coração nos Estados Unidos
Em 1968, Shumway fez o primeiro transplante de coração num adulto nos Estados Unidos e ganhou fama por ter avançado em suas investigações sobre cirurgia cardíaca numa época em que outros especialistas as abandonaram.
Na década de 1970, quando a maioria dos transplantados morria pouco após ser operada pela rejeição dos órgãos ou por infecções, muitos cirurgiões desanimaram e deixaram de realizar transplantes cardíacos.
Shumway formou um grupo de pesquisadores na Universidade de Stanford que teve sucesso em encontrar caminhos para superar à rejeição dos órgãos transplantados.
Em 1981, Shumway e seu colega Bruce Reitz realizaram com sucesso o primeiro transplante de coração e pulmão ao mesmo tempo, no mesmo paciente, nos Estados Unidos.
Shumway foi premiado com várias distinções acadêmicas, incluindo a da American Medical Association Scientific Achievement Award, em 1987.
Norman Shumway, professor emérito da Universidade da Califórnia, é reconhecidamente um magnífico exemplar da espécie humana: inteligente, criativo, trabalhador e tímido. Apaixonou-se pela possibilidade de transplantar o coração e desenvolveu toda a pesquisa experimental em seu laboratório. Puro, como são os cientistas verdadeiros, dividiu o que aprendeu com humildade, nunca omitiu nada de ninguém e recebeu com fidalguia a todos os interessados no assunto.
Foi assim que um cirurgião sul-africano desconhecido, chamado Christian Barnard, aproximou-se do mestre, inteirou-se de todas as técnicas e voltou para casa determinado a entrar para a história.
Enquanto os americanos estavam cerceados pela legislação que ainda não reconhecia a condição de morte encefálica, só permitindo a retirada de órgãos depois que o coração parasse, o que era um grande óbice para o transplante daquele órgão, na África do Sul não havia impedimento e, assim, em dezembro de 1967, Barnard transpôs o umbral da fama, transplantando o coração de Louis Washkansky, um judeu lituano que emigrara para a África do Sul aos cinco anos de idade e ali se estabelecera como comerciante de alimentos. Washkansky desenvolvera diabetes e, em função disso, uma cardiopatia grave que evoluiu para a insuficiência cardíaca congestiva.
O transplante foi um sucesso inicial, mas o paciente morreu 18 dias depois por uma pneumonia, muito provavelmente causada por imunodepressão excessiva, já que pouco se sabia da prevenção de rejeição naqueles tempos remotos. A fama do autor, no entanto, estava assegurada.
Afinal, o autor da façanha espetacular, um aventureiro bonito e sociável, rapidamente se tornara uma celebridade festejada no jet set internacional, com direito à capa da revista Time e um tórrido affair com Gina Lollobrigida, o símbolo sexual daquela geração. E a mídia, como se sabe, odeia assumir equívocos e recontar histórias.
Mas os cirurgiões americanos nunca perdoaram Barnard. Nos anos 1980, quando alguém inadvertidamente o convidou para proferir uma conferência num congresso em Chicago e, em repúdio, quase todo o salão se esvaziou ao vê-lo subir ao palco.
Subtraído da fama que merecia, o inabalável professor Shumway construiu uma experiência gigantesca em transplante de coração e é merecidamente considerado, no universo discreto e reservado da ciência, um dos ícones definitivos da cirurgia cardíaca de todos os tempos. Infelizmente, ele nunca foi capa de revista internacional.
Norman Shumway faleceu em Palo Alto, Califórnia, em 10 de fevereiro de 2006, vítima de um câncer de pulmão, aos 83 anos de idade.
(Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/palavra-de-medico/noticia/2015/05/j-j-camargo- PALAVRA DE MÉDICO/ Por: J.J. Camargo – 23/05/2015)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral – 20060211p61676 – GERAL – AGENCIA ESTADO – 11 Fevereiro 2006)