O computador que mudou o mundo (e você provavelmente nunca ouviu falar)
Criado pela NASA para a primeira missão à Lua, supercomputador estava muito à frente do seu tempo
Dez semanas após o discurso do presidente John F. Kennedy, que desafiou os americanos a irem à Lua, o contrato para projetar o computador de orientação da missão Apollo já estava fechado. Foi o primeiro de todos, antes mesmo das naves ou dos trajes espaciais, afinal, seria ele o fator decisivo para o sucesso da missão que levou o homem pela primeira vez à Lua — e que em 2019 completa 50 anos.
Para cumprir com o ambicioso projeto, foi convocada uma equipe do MIT, mais especificamente do Instrumentation Lab, com 20 anos de experiência no desenvolvimento de sistemas de navegação sofisticados e precisos. O desafio, no entanto, não era pequeno. Tratava-se de projetar e programar o menor, mais rápido, mais ágil e mais confiável computador já criado, que de quebra construiria muitas das soluções usadas em computadores até hoje.
O computador Apollo foi o primeiro grande esforço de codificação de software amplamente interconectado da história e exigiu o trabalho de centenas de pessoas por mais de oito anos. Ele tinha apenas 73 KB de memória, menos do que você encontra hoje na placa de uma máquina de lavar roupa, mas em 2.504 horas de voo espacial (o correspondente a mais de 100 dias no espaço) não houve um único erro de software ou falha de hardware registrado.
Tamanho
No início dos anos 1960, até mesmo os computadores “pequenos” eram do tamanho de uma geladeira, um espaço que não estava disponível nas naves. Em um mundo no qual laptops e smartphones eram impensáveis, o computador Apollo precisaria ter o tamanho de uma pasta e teve quase isso. Ao ir para o espaço ele ocupava exatamente um pé cubico.
Tempo real
Os astronautas não levariam cartões perfurados à Lua, mas até então era assim que os computadores funcionavam. Feito dessa forma, o processamento exigia espaço e tempo. O Apollo foi o primeiro a funcionar instantaneamente, respondendo aos comandos em “tempo real”. A máquina ainda tinha tela e teclado grandes para que os astronautas pudessem interagir com a máquina mesmo com as roupas espaciais.
Além do cálculo
Na sua maioria, os computadores da época serviam para solucionar vários tipos de cálculos matemáticos, mas o Apollo iria além. Recolhendo dados de sensores, do radar e do próprio Controle da Missão, ele era capaz de entender onde a nave estava no espaço e passar essas informações aos astronautas.
O computador Apollo possuía até a capacidade de tomar decisões. Ele foi programado de tal forma que poderia analisar todo o trabalho que precisava ser feito a cada milésimo de segundo. Isso é comum aos computadores e celulares de hoje, mas único em 1969.
Reiniciar
Outra novidade do Apollo era a capacidade de reiniciar e voltar a trabalhar de onde parou. Uma nave está sujeita a diversas instabilidades, como uma breve interrupção de energia, por exemplo. Não à toa a função se mostrou especialmente útil na aterrissagem, quando o computador reiniciou cinco vezes em quatro minutos devido a problemas em outros locais do módulo lunar.