Foi o primeiro profissional de maquiagem para imagens em movimento

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Foi o primeiro profissional de maquiagem para imagens em movimento

Max Factor (Lodz, Polônia, 15 de setembro de 1877 – Los Angeles, Califórnia, 1938), o rei da maquiagem, considerado o pai do make moderno, como é conhecido o Senhor MAX FACTOR.

O gênio por trás da marca

Em uma noite de inverno em fevereiro de 1904, Maximilian Faktorowicz, com 27 anos, abraçava-se a sua mulher e aos três filhos pequenos em uma floresta russa, mais assustado por sua família, que tinha mantido em segredo por quase cinco anos, do que por causa do vento e da neve ou mesmo dos homens do czar, que se aproximavam chamando seu nome. Alguns dias antes, ele era um favorito da família real, estimado pela corte. Agora estava sendo caçado como um fugitivo. O envolvimento do pequeno (mal alcançava 1,5 metro) judeu polonês com o czar tinha avançado no ritmo rápido de um conto de fadas. Um dos dez filhos de um operário têxtil nas fábricas de Lodz, ele fora criado por seus irmãos e tinha escassa educação formal. Aos sete anos, mandaram-no vender laranjas, amendoins e doces no saguão do Teatro da Czarina, em Lodz. Aos oito, trabalhava como auxiliar de farmácia e aprendeu um pouco de química; com apenas nove tornou-se aprendiz do principal peruqueiro e cosmeticista da cidade. Quatro anos depois estava suficientemente hábil para entrar na equipe do cabeleireiro Anton, de Berlim, e aos 14 tinha se mudado para Moscou, onde trabalhou para Korpo, o cosmeticista da Grande Ópera Imperial Russa. Em seu 18º aniversário, ele foi servir quatro anos no Exército russo; foi escolhido para o corpo hospitalar e assumiu a função de enfermeiro. Dispensado aos 22, abriu uma lojinha no subúrbio moscovita de Riazan, fabricando e vendendo seus próprios cremes, ruges, fragrâncias e perucas. Um membro de uma trupe teatral de passagem parou em sua loja a caminho de uma apresentação à família imperial e, em poucas semanas, o negócio de Max teve um impulso régio em vendas e ele foi adotado pela corte de verão. Os cortesãos o aprovaram tanto que ele mal tinha tempo para sua loja.

Toda sua atenção foi voltada para suas necessidades individuais, mostrando-lhes como realçar seus pontos positivos e ocultar os ruins. Os aristocratas pagavam bem e o introduziram em seu mundo luxuoso, mas eram possessivos: ele não podia deixar a corte sem escolta e devia se limitar a breves visitas semanais a sua loja; casou-se às escondidas e gerou três filhos em cinco anos. Enquanto isso, o anti-semitismo crescia na Rússia. Em 1903, o czar Nicolau 2º ordenou um sítio aos judeus, que ele tanto temia e detestava, e queimou suas aldeias. Max sonhava com a América, onde um irmão e um tio haviam se estabelecido em St. Louis, às vésperas da Feira Mundial em 1904. Um general amigo notou o humor deprimido do esteticista da corte e, sabendo da família secreta de Max, o ajudou a fugir. Antes de uma consulta ao médico pessoal do general, Max se cobriu de maquiagem amarelada – um toque especial de conto de fadas. Sua aparência doentia lhe valeu uma recomendação oficial para três meses de recuperação em Karlsbad, cidade termal na distante Boêmia, que os membros da corte costumavam freqüentar. Mas guardas russos o acompanharam, por isso Max sempre fingia mancar; ao claudicar pela praça principal da cidade, quem ele encontraria junto à fonte senão sua mulher, Esther, e seus três filhos. Em um piscar de olhos, eles desapareceram na floresta boêmia (não russa, como no parágrafo inicial) e, caminhando, sobretudo à noite, viajaram o que pareceram infinitas milhas até que chegaram a uma clareira na floresta. Diante deles havia um porto, de onde o navio a vapor Molka 3 partiria rumo à América. Max pagou alegremente a passagem. Dinheiro não era problema. Com o passar dos anos, tinha economizado quase US$ 40 mil, que carregava em uma bolsinha. Não havia necessidade de passaportes na época, na grande onda da imigração. Um oficial da alfândega se enganou e escreveu “Factor” em vez de “Faktor”.

A América não foi fácil para Max e sua bolsa mágica: seu inglês era inexistente no início e continuou com forte sotaque. Um sócio de língua inglesa, que o ajudou a montar uma loja na feira de St. Louis, sumiu com o dinheiro; sua mulher, menos de dois anos depois de ter seu quarto filho, caiu morta na rua. Ele mandou buscar uma segunda mulher na Rússia, e ela, Helen, depois de lhe dar o quinto filho, mostrou-se tão temperamental que ele teve de se divorciar.Mas ele havia aberto uma barbearia em St. Louis que prosperava. Em 1908, casou-se com uma vizinha, Jennie Cook, e rumou para a Califórnia para tentar a sorte fornecendo cosméticos e perucas a um novo tipo de diversão, o cinema. Naquele tempo faziam-se filmes curtos em toda a Los Angeles, sob os céus sempre azuis, e Max, de sua lojinha próxima ao centro (Loja Capilar Antisséptica de Max Factor. Perucas sob encomenda. Trabalho de alto nível), avistou pessoas “assombrosas” passando. Seguiu-as até um terreno baldio onde estavam encenando e filmando uma briga de bar.

Max ficou curioso sobre o que elas tinham no rosto: algumas usavam maquiagem de teatro, enquanto outras usavam preparados feitos por elas mesmas, estranhas misturas de vaselina e farinha, toucinho e amido de milho ou creme frio e páprica. As mais aventureiras chegavam a experimentar pó de tijolo moído com vaselina ou toucinho para conseguir um visual próximo a cor de pele. Essas pastas, aplicadas com três milímetros de espessura, formavam uma máscara que rachava sob a tensão da expressão facial; isso não importava à distância de um teatro ao vivo, mas, nos planos fechados dos filmes, apareciam as menores rachaduras. Em 1914, trabalhando no laboratório de sua loja, Factor criou uma pintura teatral em forma de creme, em vez de bastão, de consistência ultrafina, completamente flexível na pele e produzida em 12 tons de gradação precisa. Os comediantes dos filmes mudos como Charles Chaplin, Buster Keaton e Fatty Arbuckle foram os primeiros a experimentá-la e voltaram não apenas para dar a Max sua entusiástica aprovação como para que lhes aplicasse pessoalmente a nova maquiagem.

Depois havia as perucas. Max convenceu Cecil B. de Mille, que estava na cidade dirigindo o western “Amor de Índio”, de que perucas e acessórios capilares feitos minuciosamente de cabelo humano verdadeiro (135.168 fios amarrados individualmente eram usados em uma peruca média feita por Max Factor, com 60 mil em uma barba e apenas 7 mil em um bigode falso) eram mais fotogênicos que substitutos ineficazes como palha, estofo de colchão, serragem, musgo, lã, folhas de tabaco e até pêlo de cabra do estofamento do Ford T.De Mille admirou as perucas do Senhor Max Factor, mas disse que não podia comprá-las e sugeriu alugá-las. Em 1916, a Max Factor & Company crescera o suficiente para mudar-se para uma sede maior, no prestigioso edifício Pantages, no centro de Hollywood. Era um sucesso após outro. Max criou cílios postiços para Phyllis Haver. Quando saturou seu espaço no edifício Pantages, mudou-se para uma nova loja, na rua South Hill, e chamou-a de House of Make-Up (Casa da Maquiagem). O termo teatral “make-up” (Max sempre insistiu no hífen), derivado do verbo “to make up”, fora considerado arriscado, mas, por insistência do filho Frank, passou a usá-lo em seus produtos, e ganhou o mundo. Esse foi apenas o começo de como Max Factor, não só começou a construir uma marca, mas a história da maquiagem.

Pioneirismo

O pai do make moderno, como é conhecido o Senhor MAX FACTOR foi pioneiro em várias coisas. Max foi o primeiro a usar o termo “makeup” e a aplicar o conceito da harmonia de cores, criando maquiagens específicas pra combinar com os tons de pele, de cabelo e dos olhos das mulheres. Ele também foi o primeiro profissional de maquiagem para imagens em movimento, e o primeiro a produzir cílios postiços, gloss, Pan-Cake, lápis de sobrancelha, Pan-Stik, corretivo (1954), máscara com aplicador em bastão e a maquiagem à prova d água. Ao morrer, ele deixou um legado de inovação e glamour, além de uma certeza: depois dele, as mulheres nunca mais seriam as mesmas.

A história

A história da marca começou quando no dia 2 de janeiro de 1909 um senhor de nome Maximilian Faktorowicz, maquiador de origem polonesa, que começou sua carreira maquiando os integrantes do Royal Ballet na Rússia, inaugurou uma pequena loja no centro teatral na cidade de Los Angeles na Califórnia. Max Factor, nome em inglês adotado por ele durante sua imigração para o país, não somente vendia suas próprias criações, como servia de distribuidor de duas famosas marcas de cosméticos, Leichner (marca alemã de maquiagem em bastão) e Miner. No ano de 1914 criou a primeira maquiagem especificamente para personagens de filmes, uma espécie de graxa cosmética em forma de creme com 12 tipos de graduações de cores. Esta maquiagem foi utilizada pela primeira vez pelo ator Henry B. Walthall.

Max também superou o persistente problema do derretimento da pomada labial sob as luzes quentes dos estúdios pressionando firmemente dois polegares no lábio superior da atriz e depois um polegar no lábio inferior, assim criando o sensacional novo visual dos lábios “picados por abelha”. Para Joan Crawford ele criou “the smear” (a gosma). Ele fez história ajudando a forjar a imagem de belas atrizes. Em outras palavras: ele criou as divas. Elas apareciam lindas nos filmes, e todas as mulheres comuns queriam copiar os truques que as faziam parecer tão perfeitas. Foi então, que na década de 20, a marca, atendendo aos apelos gerais da maioria das mulheres, lançou no mercado sua primeira linha de maquiagem para o público em geral. As campanhas de divulgação clamavam que qualquer mulher normal poderia ficar tão bela como uma artista de cinema ao usar sua linha de produtos. Parecia não haver limite para os trabalhos que Hollywood podia impor a esse diminuto Hércules.

Cada avanço técnico na arte cinematográfica representava um novo problema de maquiagem. Em 1928 as empresas cinematográficas começaram a utilizar o filme Pancromático e mais uma vez Max Factor foi muito importante. Criou a maquiagem pancromática para resolver problemas de sombras e brilhos que o novo filme criava nas peles dos atores. A criação deste tipo de maquiagem para filmes em preto e branco foi tão importante que o Senhor Max Factor ganhou um Oscar por sua inovação. Nesta época a marca vivia seus dias de glória, enquanto as estrelas davam seu apoio a produtos MAX FACTOR por apenas US$ 1, as vendas cresciam a cada mês. Em 1930 a empresa introduziu no mercado o lápis de boca (conhecido como Lip Gloss). Dois anos mais tarde ingressou no segmento televisivo, criando maquiagens específicas para este tipo de mídia; e, em 1934 o esmalte líquido.

No ano de 1935 inaugurou o salão de beleza Max Factor Makeup Salon em plena Los Angeles, localizado próximo a Hollywood Boulevard. No dia de sua inauguração, refletores varriam o céu e estrelas como Betty Grable a Bela Lugosi assinaram um Pergaminho da Fama. Era a coroação da glória de Max Factor. O local ganhou nome por ser freqüentado na época pelas maiores estrelas do cinema como Jean Harlow, Claudette Colbert, Bette Davis, Norma Shearer, Joan Crawford e Judy Garland. Pouco depois, em 1937, após seis meses de pesquisas, introduziu o famoso pó facial em forma sólida (Pan-Cake Makeup, chamado assim devido ao recipiente em forma de panela e à forma de bolo do produto) para ser utilizado em filmes coloridos, que revolucionou o mercado de maquiagens no mundo inteiro. O novo produto, quando aplicado com uma esponja úmida, oferecia um acabamento fosco transparente enquanto ocultava pequenas imperfeições da pele. O produto foi utilizado no ano seguinte em todo o elenco do filme “Vogues of 1938”, e fez tanto sucesso que as mulheres no estúdio o roubavam para uso pessoal. No início, Max resistiu à demanda popular para que fosse produzido em tons mais claros, dizendo que era feito para o cinema, mas se convenceu do potencial comercial do produto. Ao ser lançado, imediatamente, tornou-se o artigo mais vendido e com maior rapidez da história dos cosméticos, superando todas as 65 imitações que se anunciavam com a agora palavra mágica “cake”.

Foi também em 1938, que o filho do fundador da empresa, após sua morte, assumiu a direção da MAX FACTOR e expandiu a marca internacionalmente. Em 1954 a empresa desenvolveu e criou a maquiagem televisiva que virou padrão até os dias de hoje. No ano de 1971 lançou a primeira maquiagem a prova d água do mundo. Pouco depois, em 1973, a Max Factor & Co. realizou uma fusão com a empresa Norton Simon Industries, e pouco depois, Max Factor Jr. deixou o comando da MAX FACTOR, sendo o último membro da família a estar envolvido diretamente no negócio.

Sob o comando de Norton Simon a marca introduziu novidades no mercado como a “Maxi”, uma linha de maquiagem com apelo mais sensual voltada para consumidoras mais jovens. Outra novidade foi o lançamento da linha de perfumes Halston em 1975, que rapidamente se tornou a segunda mais vendida do mundo em seu segmento, perdendo apenas para o famoso perfume Chanel No. 5.

Depois de ser vendida duas vezes na década de 80, em 1991 a MAX FACTOR foi adquirida pela Procter & Gamble por US$ 1.5 bilhões. Desde então, ao comando da P&G, a marca experimentou uma explosão em sua presença internacional e na linha de produtos com o lançamento de uma enorme variedade de maquiagens.

(Fonte: Veja, 16 de outubro de 2013 – ANO 46 – N° 42 – Edição 2343 – LIVROS/ Por MARIO MENDES – Pág: 124/125)
(Fonte: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/10/helena-rubinstein-beleza-visionria – MUNDO DAS MARCAS – 18.7.06)

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