Foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis

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Foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis

Anísio: mestre em humildade

Anísio Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 – Rio de Janeiro, 11 de março de 1971) , educador, idealizador da Universidade de Brasília. Um dos mais competentes e respeitados educadores do Brasil. Desde o começo de sua vida pública, aos 24 anos de idade (nasceu em Caitité, Bahia, em 12 de julho de 1900, quando foi nomeado diretor de Instrução do governo baiano, Anísio Teixeira demonstrou sempre o seu amor pela educação. Segregado por injunções políticas, exerceu durante alguns anos as funções de comerciante, industrial, exportador e minerador. Mas, embora com prejuízos materiais, retornava à sua missão ao primeiro chamado. Em 1947, quando tinha tudo pronto para começar a rendosa exploração de manganês no Amapá, recebeu um telegrama de Otávio Mangabeira, governador da Bahia, convidando-o para a Secretaria da Educação. Anísio largou tudo o que já havia preparado e assumiu o cargo na Bahia, que lhe rendia apenas o suficiente para o sustento.

A humildade – Mestre em várias universidades do Brasil e do exterior, tendo ocupado os mais importantes cargos no sistema educacional brasileiro, responsável por várias reformas de ensino, autor de muitos livros e tradutor de outros, Anísio conservou sempre a mesma humildade e desejo de anonimato. “O que fazia”, diz seu genro, o ex-deputado carioca Paulo Alberto, “parecia-lhe uma decorrência natural de estar vivo, e não motivo para qualquer júbilo pessoal.” De todas as suas obras como educador tinha carinho especial por duas, possivelmente das menores: a Escola Parque e a Escola Experimental do Centro Regional de Pesquisas Educacionais, amabas na Bahia.

Com seus direitos políticos cassados, Anísio já não ocupava nenhum cargo público. Era consultor da Fundação Getúlio Vargas e dirigia uma coleção de Educação e Ciências Sociais para a Companhia Editora Nacional. Atendendo a pedidos insistentes de amigos, ia candidatar-se agora à Academia Brasileira de Letras (já tinha vinte votos garantidos), embora julgasse isso uma glória pessoal profundamente antagônica com o seu modo de vida.

No sábado, dia 13 de março, quando o educador, desaparecdio desde a quinta-feira anterior, foi encontrado morto, aos 70 anos no poço dos elevadores do prédio em que mora seu amigo Aurélio Buarque de Hollanda, a primeira hipótese levantada foi a do acidente. Um possível defeito na porta do elevador teria permitido que ela se abrisse sem que a cabina estivesse ma altura do andar. Possivelmente distraído, o professor Anísio teria caído no vão. Sem descartar de vez essa hipótese, os policiais começam, entretanto, a examinar alguns dados que permitem acreditar na possibilidade de morte criminosa. Entre eles, a posição em que o corpo foi encontrado (de cócoras, com a cabeça sobre os joelhos e as mãos parecendo segurar as pernas), inédita em acidentes do gênero. Além disso, estranham o local em que estava o corpo. Se ele despencasse no vão do elevador de serviço, dizem os policiais, jamais cairia onde foi encontrado. E se caísse pelo elevador social, bateria contra as pilastras que dividem os vãos, deixando marcas de sangue, que não existem.

O educador – Independentemente dos resultados das investigações policiais, o certo e lamentável é que o Brasil perdeu na pessoa do professor Anísio Teixeira um dos seus mais extraordinários e, o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20.

(Fonte: Veja, 24 de março de 1971 – Edição n° 133 – DATAS – Memória – Pág; 26 e 72)

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