Foi primeiro negro a pilotar um Fórmula 1

0
Powered by Rock Convert

Willy T.Ribbs foi primeiro negro a pilotar um Fórmula 1; carro foi o mesmo usado por Nelson Piquet

Americano foi convidado por Bernie Ecclestone para testar Brabham-BMW BT54 no Estoril mas não teve outras oportunidades; depois, seria primeiro negro a disputar Indy 500

Willy T.Ribbs foi o primeiro negro a pilotar um carro de Fórmula 1, em 1985 — Foto: Reprodução

Lewis Hamilton ainda é o primeiro e único piloto de pele negra a ter disputado corridas na Fórmula 1. Sua fantástica carreira também faz do inglês o único da raça a ter vencido corridas e conquistado títulos mundiais. Mas quando Hamilton ainda era um bebê, um outro piloto entrou para a história como primeiro negro a guiar um carro de F1.

Em dezembro de 1985, o americano Willy T.Ribbs foi convidado por Bernie Ecclestone para guiar a Brabham BT54 usada por Nelson Piquet no campeonato daquele ano. O dono da Brabham enxergava em Ribbs, então com 30 anos, uma possibilidade de uma jogada de marketing.

Em maio daquele ano, Ribbs tinha tentado sem sucesso a classificação para as 500 Milhas de Indianápolis pela AMI Racing, numa operação que envolveu o empresário Don King, famoso promotor de lutas de boxe. Meses depois, um outro megaempresário implacável cruzou o caminho de Ribbs.

Bernie Ecclestone chamou o americano para acelerou os mais de mil cavalos do motor BMW turbo no autódromo do Estoril, em Portugal. Sob a supervisão de Herbie Blash e do saudoso Charlie Whiting, lá foi Willy guiar a Brabham que tinha sido de Nelson Piquet.

 

 

Willy T.Ribbs é orientado por Charlie Whiting e Herbie Blash em teste pela Brabham — Foto: Divulgação

Willy T.Ribbs é orientado por Charlie Whiting e Herbie Blash em teste pela Brabham — Foto: Divulgação

 

 

Dezenove pilotos entraram na pista, e Ribbs marcou o tempo de 1m25s83, ficando na 17ª colocação. Atrás dele acabaram apenas o obscuro Volker Weidler, com uma Toleman (1m27s44), e o talentoso Alessandro Nannini, com uma Minardi cujo motor Motori Moderni quebrava mais do que mar em dia de ressaca (1m29s06).

Os dois futuros titulares da Brabham em 1986, Riccardo Patrese e Elio de Angelis, marcaram respectivamente 1m19s22 e 1m21s40 com o BT54 e ficaram com a terceira e oitava colocações. Nelson Piquet, com uma Williams, foi o mais rápido do dia, com 1m16s76.

Não se sabe em que condições Ribbs andou de nível de gasolina, que tipo de pneu ele usou ou qual foi sua programação no teste. Portanto, não dá para afirmar como foi o desempenho do americano em seu contato com um carro de Fórmula 1. No entanto, ele jamais voltaria a guiar um carro da categoria.

Nos anos seguintes, Willy T.Ribbs participou de provas da Nascar, mas teve sucesso mesmo na IMSA, com quatro vitórias em 1987. Três anos depois, chegou à Fórmula Indy e teve seu melhor resultado em Vancouver, com um décimo lugar. Porém, nesta corrida o americano ficou marcado por uma tragédia.

 

Willy T.Ribbs guia carro de Fórmula Indy em Long Beach — Foto: Getty Images

Willy T.Ribbs guia carro de Fórmula Indy em Long Beach — Foto: Getty Images

 

Fiscais de pista que empurravam o carro de Ross Bentley se dispersaram de forma imprudente, e três deles acabaram atingidos por Ribbs, que não teve a mínima chance de desviar. O voluntário Jean Patrick Hein não resistiu ao impacto e morreu instantaneamente.

Em 1991, Ribbs seguiu na Indy e entrou para a história como o primeiro piloto negro a conseguir a classificação para as 500 Milhas de Indianápolis, num feito bastante celebrado pelos presentes. Naquela temporada, Willy alcançou seu melhor resultado na Indy, com um sexto lugar em Denver. Ribbs ficou na Indy até 1994.

Entre idas e vindas, Ribbs seguiu competindo em categorias americanas até 2011. No ano seguinte, quando a Fórmula 1 visitou o circuito de Austin pela primeira vez, o americano foi recebido pelo já consagrado Lewis Hamilton, e o momento, claro, ficou registrado.

(Direitos autorais: https://ge.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2020/02/19 – Globo/ MOTOR/ FÓRMULA 1/ F1 MEMÓRIA/ Por Fred Sabino – Rio de Janeiro – 19/02/2020)

Por Fred Sabino

Repórter do Grupo Globo e produtor do quadro Histórias da F1

© Copyright 2000-2020 Globo Comunicação e Participações S.A.

Powered by Rock Convert
Share.