Insanidade, sexualidade, culpa e cura são algumas das noções que a obra do filósofo francês Michel Foucault (1926 – 1984) buscou discutir, sempre com ousadia e profundidade. Influenciado, entre outros pensadores, por Nietzsche, Foucault questionou a medicina, a psiquiatria, o sistema prisional e a própria moralidade sexual ocidental.
É de uma de suas principais obras, Vigiar e Punir (1975), a frase reproduzida (“As luzes que descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas”). Também nesse livro, ele ressalta as semelhanças entre prisões, hospitais, fábricas e escolas, servindo-se da antropologia e da história. Outros de seus livros importantes são História da Loucura na Idade Clássica (1961), Nascimento da Clínica (1963), Arqueologia do Saber (1969) e A História da Sexualidade (em três volumes, publicados em 1976 e 1984).
De vida inquieta, Foucault teve períodos de uso de drogas e mergulhou intensamente nas experiências homossexuais. Em algum momento, contraiu o vírus HIV, e foi uma das primeiras personalidades públicas da França a morrer em decorrência da Aids, num tempo em que a doença ainda era pouco conhecida.
(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – N.° 17.175 – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – Postado por Luís Bissigo – Frase do dia: Foucault – 15 de outubro de 2012)
Michel Foucault, um crítico da instituição escolar
Por meio de uma análise histórica inovadora, o filósofo francês viu na educação moderna atitudes de vigilância e adestramento do corpo e da mente
Michel Foucault nasceu em 1926 em Poitiers, no sul da França, numa rica família de médicos. Aos 20 anos foi estudar psicologia e filosofia na École Normale Superieure, em Paris, período de uma passagem relâmpago pelo Partido Comunista. Obteve o diploma em psicopatologia em 1952, passando a lecionar na Universidade de Lille. Dois anos depois, publicou o primeiro livro, Doença Mental e Personalidade. Em 1961, defendeu na Universidade Sorbonne a tese que deu origem ao livro A História da Loucura. Entre 1963 e 1977, integrou o conselho editorial da revista Critique. Em meados dos anos 1960, sua obra começou a repercutir fora dos círculos acadêmicos. Lecionou entre 1968 e 1969 na Universidade de Vincennes e em seguida assumiu a cadeira de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France, alternando intensas pesquisas com longos períodos no exterior. A partir dos anos 1970, militou no Grupo de Informações sobre Prisões. Entre suas principais obras estão História da Sexualidade e Vigiar e Punir. Foucault morreu de aids, em 1984.
Poucos pensadores da segunda metade do século 20 alcançaram repercussão tão rápida e ampla quanto o francês Michel Foucault (1926-1984). Por ter proposto abordagens inovadoras para entender as instituições e os sistemas de pensamento, a obra de Foucault tornou-se referência em uma grande abrangência de campos do conhecimento. Em seus estudos de investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das idéias pedagógicas na Idade Moderna. Além disso, vem inspirando uma grande variedade de pesquisas sobre educação em diversos países. “Foi Foucault quem pela primeira vez mostrou que, antes de reproduzir, a escola moderna produziu, e continua produzindo, um determinado tipo de sociedade”, diz Alfredo Veiga-Neto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira conseqüência desse procedimento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Para ele, não há universalidade nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que determinam o curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo.
Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e humanas desde o iIuminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel de objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e modificá-lo. Mas o filósofo negou a possibilidade dessa convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas interações.
(Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/historia – Márcio Ferrari)
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