Francesco Maselli, influente autor italiano, diretor envolvido na luta contra o fascismo
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Francesco “Citto” Maselli (Roma, 9 de dezembro de 1930 – 21 de março de 2023), também conhecido como Citto Maselli, foi influente autor italiano, que trabalhou com Lucia Bosé, Claudia Cardinale, Shelley Winters e Valeria Golino em filmes que combinavam sua paixão política com sua inclinação para dramas centrados nas mulheres.
Mais associado ao cinema autoral, Maselli gravou longas como “Os Revoltosos”, “Storia d’Amore” e “Il Segreto” e os levou a festivais importantes, como Berlim, Mar del Plata e Veneza. Deste, saiu com os troféus de curta-metragem e de diretor mais promissor e com o prêmio especial do júri, em diferentes ocasiões.
Ativo politicamente, Maselli inseriu em suas obras ideias centrais para o comunismo, ideologia que defendia com veemência desde a juventude, e produziu inúmeras obras militantes de esquerda.
Ele foi criado num lar que estimulava o embate de ideias e seu pai foi crítico de arte. Por isso, desde muito novo, se envolveu na luta contra o fascismo na Itália e contra a presença de tropas alemãs no país, no fim da Segunda Guerra Mundial.
Foi do conflito, aliás, que veio a inspiração para seu primeiro longa, “Os Revoltosos”, logo depois de servir de assistente para Michelangelo Antonioni. Nele, Lucia Bosè interpretou uma condessa que fugia de Milão durante os bombardeios de 1943 para se refugiar numa propriedade do interior.
Além do filho, ela recebe os herdeiros de um autocrata fascista e de um oficial que está no campo de batalha. Com o filme, Maselli concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Não venceu, mas saiu de lá com o prêmio de diretor mais promissor.
Na sequência, vieram obras neorrealistas que criticavam a burguesia italiana, “La Donna del Giorno”, com Virna Lisi, e “Os Delfins”, com Claudia Cardinale. Ela serviria de musa para o cineasta novamente em 1964, quando atuou ao lado de Paulette Godard, Rod Steiger e Shelley Winters em “Os Indiferentes”, sobre uma família de Roma reagindo à crise financeira que arruina seu status social.
A guinada à esquerda se acentuou nos anos 1970, com filmes mais abertamente políticos, como “Lettera Aperta a un Giornale della Sera”, sobre um grupo de intelectuais de esquerda, e “Il Sospetto”, sobre um membro do Partido Comunista Italiano.
Maselli, conhecido por fazer cinema militante de esquerda, nascido em uma família culta originária da região italiana do sul de Molise e criado em um ambiente intelectualmente estimulante – seu pai era um crítico de arte – Maselli participou desde muito jovem do movimento de resistência partidária da Itália contra fascistas e ocupantes alemães e, quando jovem, começou a afirmar sua crença no comunismo.
Depois de se formar no Centro Sperimentale di Cinematografia de Roma e trabalhar como assistente de Michelangelo Antonioni, Maselli estreou no cinema com o drama da Segunda Guerra Mundial “Gli Sbandati” (“Abandonado”), com Lucia Bosé, que estreou no Festival de Cinema de Veneza em 1955.
Seguiu-se “La Donna del Giorno” (“The Doll Who Took the Town”) com Virna Lisi em 1957, e “I Delfini” (“The Silver Spoon Set”), um retrato psicológico e social de um grupo de jovens abastados. adultos nas províncias italianas estrelando Claudia Cardinale em 1960. Ambos eram retratos críticos neorrealistas da sociedade italiana da época.
Em 1964, dirigiu “Gli Indifferenti” (“Tempo de Indiferença”), adaptado do romance homônimo de Alberto Moravia sobre membros de uma família da classe alta de Roma reagindo a uma crise financeira que está minando seu status social e estrelado por Paulette Godard, Claudia Cardinale, Rod Steiger e Shelley Winters.
A obra de Maselli durante a década de 1970 tornou-se mais ostensivamente política com filmes como a semi-autobiográfica “Carta Aberta ao Evening News” (1970), sobre um grupo de intelectuais de esquerda que fundou uma brigada internacional de combatentes pró-Vietnã, ou “ O Suspeito” (1975), a história de um trabalhador e membro do Partido Comunista Italiano que é acusado pelo Comitê Central do partido de encontrar e expor um espião da polícia secreta dentro de suas fileiras.
Nos anos 1980 e início dos anos 1990, Maselli mudou para filmes mais íntimos, principalmente retratos de mulheres, incluindo “Um Conto de Amor” (1985), estrelado por Valeria Golino, que ganhou o prêmio do Grande Júri do Festival de Cinema de Veneza, e “O Segredo” ( 1990), que foi para Berlim, e “Dawn” (1991) ambos topline Nastasja Kinski.
Seu último trabalho na direção de um longa foi em “Le Ombre Rosse”, de 2009, também sobre um intelectual de esquerda. Maselli deixa a mulher, Stefania Brai, chefe do departamento de atividades culturais do Partido da Refundação Comunista.
O último filme do diretor é “Le Ombre Rosse” (“As Sombras Vermelhas”) sobre um intelectual de esquerda de renome mundial que vem a Roma para criar um centro de ativismo social chamado “Change the World” em um antigo cinema. “Red Shadows” foi lançado no Festival de Cinema de Veneza, que também homenageou Maselli em 2021.
Francesco Maselli faleceu aos 92 anos em Roma, na Itália, segundo a agência de notícias Ansa e o líder do Partido da Refundação Comunista, ao qual o cineasta era filiado.
A morte do diretor foi anunciada à agência de notícias italiana ANSA por Maurizio Acerbo, líder do pequeno Partido da Refundação Comunista da Itália, o grupo de obstinados esquerdistas italianos que Maselli defendia, e confirmada pela esposa do diretor.
Maselli deixa sua esposa Stefania Brai, jornalista e chefe do departamento de atividades culturais do Partido da Refundação Comunista.
(Crédito: https://br.financas.yahoo.com/noticias – NOTÍCIAS/ Folhapress – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 21 de março de 2023)
(Crédito: https://variety.com/2023/film/global – FILME/ GLOBAL/ Por Nick Vivarelli – 21 de março de 2023)
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