“A alma minha gentil que agora parte
Tão cedo deste mundo à outra vida
Terá certo no céu grata acolhida
Indo habitar sua mais beata parte.”
Petrarca
Francesco Petrarca (Arezzo, Toscana, 20 de julho de 1304 - Arquà, 19 de julho de 1374), grande autor italiano. É autor de uma das obras-primas da literatura italiana: o Cancioneiro. Originalmente, o conjunto total é constituído de 366 poemas, dos quais 317 são sonetos.
O autor começou a escrevê-lo em 1335, quando contava 31 anos, e o finalizou pouco antes de morrer, em 1374. Se Dante Alighieri se desmanchou por Beatriz, Petrarca dedicou o melhor de sua produção à bela Laura.
Há pouquíssima informação sobre a moça, mas o que importa saber é que, na condição de musa inspiradora, ela cumpriu sua parte ao não corresponder ao amor do poeta.
Petrarca enalteceu Laura, sem no entanto transformá-la em símbolo da ascese moral e filosófica, tal como fez Dantecom sua Beatriz. Os poemas do Cancioneiro reverberam a tensão entre verdade e idealização, entre sonho e realidade.
Por ter uma profunda dimensão humana, a poesia de Petrarca foi imitadíssima ao longo dos séculos XV e XVI. Tantos eram os plagiadores que ela deu origem ao fenômeno conhecido pelo nome de petrarquismo, para alguns estudiosos uma verdadeira corrente literária. Entre os petrarquistas mais ilustres, está o português Luís de Camões.
(Fonte: Veja, 27 de maio de 1998 – ANO 31 – N° 21 – Edição 1548 – LIVROS/ Por Mario Sabino – Pág; 157)