Francisco de Assis Magalhães, o “Chico Bomba Atômica”, um dos pioneiros das pesquisas sobre energia nuclear no Brasil

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Francisco de Assis Magalhães (Ouro Preto, Minas Gerais, 16 de janeiro de 1906 – Belo Horizonte, 17 de julho de 1990), o “Chico Bomba Atômica”, físico mineiro, que foi um dos pioneiros das pesquisas sobre energia nuclear no Brasil no início da década de 50. Magalhães foi o primeiro diretor do Instituto de Pesquisas Radioativas da Universidade Federal de Minas Gerais, no qual instalou em 1959 o primeiro reator atômico em escala reduzida para pesquisas. Nomeado em 1962 para a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a CNEN, ele ocupou por duas vezes, interinamente, apresidência do órgão.

Francisco Magalhães Gomes dedicou sua vida à organização de instituições de ensino e pesquisa e à formação de novos cientistas. Mineiro de Ouro Preto se autoproclamava inimigo número um da bomba atômica e defendeu até o dia de sua morte o uso da energia nuclear para fins pacíficos. Nascido em 16 de janeiro de 1906, Francisco de Assis Magalhães Gomes herdou de seu pai o interesse pela física. Químico e naturalista – em sua casa, na cidade de Ouro Preto, havia um herbário com mais de nove mil espécies diferentes de plantas –, foi Francisco de Paula quem incentivou o filho a se dedicar à área, segundo ele uma das que mais se desenvolveriam nos próximos anos.

Aluno brilhante no secundário, se destacou também na Escola de Minas de Ouro Preto, onde se graduou em Engenharia Civil e de Minas. Decidido a se devotar ao ensino superior, começou a lecionar física no anexo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O concurso de cátedra era seu próximo objetivo. Na época, as provas eram temidas pelo grau de dificuldade. Para se ter uma idéia, todos os concorrentes que haviam tentado os últimos três concursos haviam sido reprovados. Magalhães Gomes estudou 10 anos antes da primeira tentativa e acabou sendo aprovado, simultaneamente, para as cadeiras de física geral e experimental das escolas de Engenharia, da UFMG e de Minas, de Ouro Preto.

Foi na Escola de Engenharia que o então professor começou a desenvolver seus estudos sobre a radioatividade, se tornando conhecido como um dos pioneiros na pesquisa sobre energia nuclear no país. Devido à essa atuação, foi convidado a assumir o cargo de diretor do recém-fundado Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR) da UFMG, atual Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). A instituição, criada em 1953, viria a se tornar uma das mais importantes do Brasil no âmbito das pesquisas nucleares.

 

É dessa época o apelido pelo qual ficou conhecido. Informações desencontradas sobre os objetivos do Instituto levaram um jornal mineiro a publicar matéria afirmando que os trabalhos desenvolvidos ali tinham fins bélicos. O periódico alardeava, inclusive, o estágio avançado do processo de construção da bomba atômica dentro da universidade. O mal-entendido foi desfeito a tempo, mas a partir daí Magalhães Gomes se transformou no Chico Bomba Atômica. “Talvez tenha sido essa confusão a origem do apelido. Pode ter sido também pura graça de estudante. Mas estou longe de fazer jus a essa alcunha. Eu me considero o inimigo número um da bomba atômica”, declarou, à época.

 

O professor foi, também, um dos organizadores e o primeiro diretor do Instituto de Ciências Exatas da UFMG. Durante o período em que ocupou o cargo, de 1968 a 1972 – quando a repressão no país era das mais rigorosas –, cuidou de evitar interferências políticas em sua área de responsabilidade, buscando resguardar a livre circulação de idéias. Em 1962 foi nomeado para integrar a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), mas pediu seu desligamento durante o governo Castelo Branco por discordar dos rumos dados à política nuclear e pela perseguição política praticada contra alguns cientistas brasileiros.

 

Além de inúmeros artigos científicos, Magalhães Gomes publicou dois livros: “História da siderurgia no Brasil” e “A eletricidade no Brasil”. No princípio da década de 80, foi convidado pelo papa João Paulo II para participar de uma comissão que revisaria o processo contra Galileu, que foi julgado pela Inquisição da Igreja Católica no século XVII. O sábio italiano se tornou um de seus principais objetos de estudo numa nova fase de sua carreira, quando deixou o ensino da física para os jovens que “chegavam do exterior com novidades” e passou a dedicar-se à história da ciência. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mineira de Letras. Como costumava dizer, a física era sua esposa e a literatura, sua amante.

Sete anos mais tarde, o governo de Minas, através da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, criou o prêmio de divulgação científica Francisco de Assis Magalhães Gomes. Essa foi uma forma encontrada para homenagear o cientista e o seu importante papel no desenvolvimento do ensino e da pesquisa em Minas Gerais. O objetivo do prêmio, concedido anualmente, é reconhecer o trabalho de profissionais, jornalistas, estudantes e instituições que se destacam na divulgação da ciência e da tecnologia no Estado.

Continuou trabalhando em seus projetos até 1990, quando faleceu.

Assis Magalhães morreu aos 84 anos, dia 17 de julho de 1990, em Belo Horizonte, de edema pulmonar agudo.

 

(Fonte: Veja, 25 de julho, 1990 -– ANO 23 – N° 29 – Edição 1140 -– Datas -– Pág; 82)

(Fonte: http://revista.fapemig.br)

(Fonte: revista “Ciência Hoje” – n.º 52 – de abril de 1989)

(Fonte: Revista Minas Faz Ciência – Nº 16 – (set a nov de 2003)

 

 

 

 

 

 

 

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