Frank Costello (1891-1973), defendeu a tese da organização empresarial entre a Máfia

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Defendeu pela primeira vez a tese da organização empresarial entre a Máfia

Costello, um diplomata

Frank Costello (26 de janeiro de 1891 – 18 de fevereiro de 1973)
“Primeiro-ministro”, era como o chamavam seus companheiros da Máfia. Homenagem ao seu fino senso do poder e à sua habilidade negociadora, o título-apelido era também depreciativo: Francesco Castiglia, Frank Costello recriminava a violência e desprezava a aventura. Embora os mafiosos o respeitassem como o grande organizador do crime nos Estados Unidos, sua ânsia de não correr riscos e de não fazer correr sangue não falava à imaginação dos rudes imigrantes em busca da ascensão social num meio hostil – e assim não viam um herói, e sim apenas um empresário bem sucedido na figura de Frank Costello.

Costello, que veio para Nova York com os pais migrantes, em 1895, aos quatro anos, tinha começado sua carreira como mero subalterno de um bandido irlandês, que com doze barcaças encouraçadas, munidas de metralhadoras, contrabandeava uísque e rum, em 1923, do Canadá, onde então as bebidas alcoólicas eram proibidas. Quando Al Capone destruiu a organização criminosa irlandesa em Chicago, Costello sobreviveu graças à solidariedade étnica. Filiou-se à organização de Vito Genovese, em Nova York, e começou a ganhar destaque em 1929, numa reunião de chefes de bandos rivais em Atlantic City, onde defendeu pela primeira vez a tese da organização empresarial. A guerra dos dois anos seguintes, entre os bandos de Joe Masseria e Joe Bonanno, veio provar que Costello tinha razão: era necessário evitar os choques, transformar os mafiosos de rivais em sócios.

A organização em “famílias” data de 1931; Costello era subchefe da família de Vito Genovese. Com o chefe exilado na Itália, de 1934 até o fim da guerra, Costello tornou-se chefe interino, posto máximo na sua carreira. Sempre preferiu o suborno às balas; percebeu a importância da política e transformou-se num sustentáculo do Partido Democrata (foi amigo íntimo do prefeito de Nova York, William O’Dwyer). De volta a Nova York e à chefia, Genovese acusou Costello de pouco ousado, pois não pretendia imiscuir-se com o tráfico de drogas e tinha suspendido o homicídio como tática de convencimento. Em 1951, enquanto Costello cumpria pena de dezoito meses por sonegação de impostos, seu amigo Willie Moretti foi morto por ordem de Genovese. Saindo da prisão, Costello encontrou-se algumas vezes com o ambicioso mafioso Albert Anastasia – talvez, saindo de seus hábitos, para planejar uma vingança homicida.

Mas, em março de 1957, um homem de Genovese deu um tiro em Costello, acertando apenas seu couro cabeludo. Em outubro de 1957, Anastasia foi morto na barbearia do Park-Sheraton Hotel, em Nova York. Desde então, Costello parecia aposentado, frequentando os mesmos clubes e saunas preferidos pelos magnatas de Wall Street, com os quais mantinha relações calorosas. Em 1970, porém, chefes importantes como Carlo Gambino e Salvatore Bonanno, além de muitos outros, estavam presos, após choques por “territórios” que resultaram em homicídios.

Talvez a Máfia tenha então percebido que esses métodos estão ultrapassados, pois Costello, nos seus últimos dois anos de vida, foi convocado para servir como uma espécie de conselheiro. Era tarde demais, porém, para desligar a Máfia do tráfico de drogas, seu grande sonho, ou para mentê-la apenas na exploração da prostituição, na venda de “proteção” e no movimento sindical, como queria Costello. Costello morreu dia 18 de fevereiro de 1973, aos 82 anos, de câncer, em Manhattan.

(Fonte: Veja, 28 de fevereiro, 1973 – Edição 234 – DATAS – Pág; 13)

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