Fritz Schlumpf teve a maior coleção de Bugattis do mundo, mas perdeu tudo
Federico “Fritz” Schlumpf (em Omegna, Itália, em fevereiro de 1906 – 18 de abril de 1992), era um empresário do ramo industrial têxtil do leste da França no final dos anos 1950, e colecionador de automóveis.
Fritz Schlumpf amava tanto a Bugatti que decidiu montar um museu em homenagem à marca francesa por conta própria. Dinheiro não faltaria, já que ele e o irmão Hans dominavam a indústria têxtil do leste da França no final dos anos 1950.
Com 22 anos chegou ao primeiro Bugatti, um modelo 1928, usado tanto nos passeios de finais de semana quanto em corridas. Obcecado por comprar mais carros da marca, chegou a escrever cartas para colecionadores e clubes do mundo inteiro.
Foi assim que conheceu o colecionador americano John W. Shakespeare, de Illinois, Chicago, um dos mais notáveis entusiastas da Bugatti. Na sua garagem havia modelos como Type 55, Type 41 Royale Park Ward, (12) Type 57 e mesmo o carro pessoal, elétrico, de Ettore Bugatti. Ninguém tinha mais tesouros do que Shakespeare.
Isso até Schlumpf fazer-lhe uma proposta pela coleção inteira, de 30 veículos. Mandou US$ 70 mil, no que Shakespeare devolveu dizendo que por menos de US$ 105 mil não chamaria o guincho. O teimoso suíço então mandou avaliarem a coleção. A resposta que teve foi: “a maioria dos carros é mantida em uma parte do prédio com chão sujo, janelas quebradas, vazamentos e ninhos de pássaros. Todos os carros apresentam algum estado de má conservação e nenhum deles fora usado nos últimos 18 meses”, metralhou Bob Shaw, especialista em Bugattis.
Mesmo assim Schlumpf não desistiu. Depois de duras negociações, ameaças e chantagens, fecharam negócio por US$ 85 mil, incluindo o transporte – que partira de Illinois, nos Estados Unidos, rumo a Mulhouse, na França, em 30 de março de 1964.
E então Schlump avançava rumo ao posto de maior colecionador de Bugattis do mundo. Em 1965, ele e o irmão chegaram a divulgar um comunicado à imprensa contando sobre a coleção. A ideia do museu então estava plantada.
Lamentavelmente, tiveram pouco tempo para degustar e ostentar a exclusiva coleção. Com o declínio da indústria têxtil francesa e depois das greves decorrentes das acusações de condutas comerciais ilícitas, os irmãos Schlump fugiram para a Suíça em 1977, abandonando suas relíquias automotivas.
Que foram descobertas, vejam só, em uma fábrica de lã desativada justamente pelos empregados revoltosos, que encontraram ali 600 carros, deles 122 eram Bugattis, três restaurantes e todo luxo que um museu de luxo deveria oferecer.
Condenados a quatro anos por crimes fiscais, os irmãos Schlumpf acabaram se livrando da cadeia. Mas não tiveram tanta sorte com os carros, nos quais jamais tocaram novamente. Antes de morrer, em abril de 1992, Fritz ganhou a última visita à sua coleção.
Hoje, a coleção dos Schlumpf fica na “Cité de l’Automobile”, no National Automobile Museum, em Mulhouse, na Alsácia. Seis dos 30 Bugattis de Shakespeare estão no Mullin Automotive Museum, na Califórnia.
(Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/mora-nos-classicos/2020/05/06 – CARROS / COLUNAS / MORA NOS CLÁSSICOS / Por Rodrigo Mora Colunista do UOL – (SÃO PAULO) – 06/05/2020)