Galleria degli Uffizi, um dos museus mais importantes do mundo, em Florença, com uma extraordinária coleção renascentista. É também o museu mais antigo do mundo, criado em 1580, por Francesco Medici (1541-1587), para hospedar a coleção da família.
Florença é sinônimo de Renascimento, e, em arte, Renascimento é sinônimo de Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio e Michelângelo Buonarroti, obras-primas de Gherardo delle Notti (1590-1656), Bartolomeo Manfredi (1587-1620).
O museu abriga grandes telas, como a esplêndida Deposição, do flamengo Rogier van der Weyden (1400-1464). Outra, Morte de Adônis, de Sebastiano del Piombo (1485-1547), de quase 6 metros quadrados.
Apesar de imensa, pelo acervo que contém, a Galleria degli Uffizi, com suas 45 salas, pode ser considerada um museu compacto – sobretudo se comparado com gigantes como o Louvre, de Paris.
Galleria degli Uffizi tem o mais completo testemunho do século XV, um momento decisivo da história da arte, marcado pela passagem da tradição bizantina medieval para a pintura do Renascimento.
O próprio edifício é uma pérola do Renascimento, obra do arquiteto, pintor e escritor Giorgio Vasari – autor também da biografia dos mestres florentinos. “Jamais construí nada mais difícil nem mais perigoso, por ter suas fundações no rio e quase no ar”, escreveu Vasari sobre o prédio, às margens do Arno. Seu projeto resultou num edifício em forma de “U” com fachadas austeras.
Quem visita o Uffizi fatalmente reconhece algumas das obras-primas mais populares da história da arte encomendadas por Lorenzo Medici, o grande patrono do Renascimento. É o caso, por exemplo, das telas Nascimento de Vênus e A Primavera, de Sandro Botticelli (1444-1510), representado por mais onze obras na galeria.
Lá estão também dois Leonardo da Vinci (1452-1519): Anunciação, obra juvenil (mas já genial) de um Leonardo aprendiz, e uma Epifania inacabada, de 1481, considerada precursora da pintura do século seguinte. Perto dali se encontra a única tela de Michelângelo Buonarroti no museu, Sagrada Família. Além dessas vedetes de primeira grandeza, o Uffizi abriga também os pré-renascentistas Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca. De Uccello, o museu conserva uma das três partes de A Batalha de San Romano – as outras duas foram vendidas no século XVIII para coleções estrangeiras. De Piero della Francesca, os retratos do duque e da duquesa de Urbino, todos em boas condições de conservação. Além de obras de Rafael, Ticiano, Tintoretto e do pintor barroco Peter Paul Rubens.
Um importante mármore romano, cópia de um original grego, o Discóbolo de Mirone. O javali de mármore que o papa Pio IV presenteou a Cosimo I, que se tornou símbolo de Florença, é presença no fim da primeira galeria, dando as costas para o Rio Arno. Os dois andares inferiores do prédio, antes sede do Arquivo Estado Toscano, e dos correios e telégrafos de Florença, nasceu então o Grande Uffizi, a exemplo do Grande Louvre. Na verdade, houve muito mais espaço para abrigar os 50 000 desenhos e 70 000 gravuras da coleção, e obras importantes dos séculos XVII e XVIII.
(Fonte: Veja, 6 de julho de 1994 – ANO 27 – Nº 27 – Edição nº 1347 – ARTE/ Por Marco Antonio de Rezende, de Florença – Pág; 112/113)