Gama e Mello, político, filósofo e escritor brasileiro

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Antônio Alfredo da Gama e Mello  (outubro de 1849 – abril de 1908) nasceu na capital paraibana, fez os estudos fundamentais em escolas particulares da capital e o secundário no Lyceu Paraibano, bacharelando-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1873, tendo sido contemporâneo de Castro Alves, Tobias Barreto, Cardoso Vieira e Sylvio Romero. Esses dois últimos estudaram com Gama e Melo na mesma turma. A Faculdade de Direito de Recife
atuava não apenas como um centro de formação de bacharéis, mas, principalmente, como
escola de filosofia, ciências e letras, tornando-se importante pelas discussões que
empolgavam a sociedade da época. Foi nessa instituição que nasceu o movimento intelectual
conhecido como Escola do Recife, nos anos de 1860 e 1880, liderado pelo sergipano Tobias
Barreto. A Escola do Recife foi um movimento de efervescência da juventude estudantil por
novos ares no pensamento sociológico e das ideias em terras brasileiras. Ela nasceu das
preocupações próprias dos acadêmicos da Faculdade de Direito do Recife, daí por que o
movimento recebeu esse título. Influenciado pelas ideias de Tobias Barreto, líder dos
estudantes, Gama e Melo sonhava com uma transformação política e social, ansiando por um
Brasil, mentalmente, mais evoluído. Mas, apesar desse pensamento, ele “não participava dos
movimentos que empolgaram a mocidade daquela fase. Passou pela escola quase indiferente à
inquietação reinante com discreta atuação.

 

Gama e Mello era, segundo o autor, “de arraigadas convicções religiosas,
temperamento voltado para a conciliação, pacífico por índole, embora forte, de uma fortaleza
tranquila, desafeito à teatralidade de gestos” (PEREIRA, p.18). Destacando-se na oratória,
seus maiores campos de atuação foram a cátedra, a imprensa e a política. Em todos eles a
palavra é a maior de todas as armas. Submeteu a concurso para as cadeiras de Latim e de
Retórica do Lyceu Paraibano, em ambas conseguiu aprovação em primeiro lugar, na segunda
por empate com seu único concorrente, Cardoso Vieira. O autor nos relata que Gama e Mello,
como professor, tinha método, pois “sabia exercer atração. O prodigioso dom de transmitir
com facilidade.”

 

Iniciou a carreira de jornalista em 1870. Seu 1º artigo publicado tinha o título “Um
ensaio filosófico”, no jornal acadêmico “Crença”, dirigido por Sylvio Romero. No Diário de
Pernambuco tornou-se colaborador por solicitação da própria direção, passando a enviar
contribuições regularmente. Escreveu ainda, no “Jornal do Recife”, e já nos seus começos
políticos, no “Liberal Parahybano”, órgão do Partido a que se filiou. A este deu valiosa
contribuição em artigos filosóficos, crônicas literárias e comentários. Na fase mais agitada de
sua vida política fundou o jornal “A República”, foi diretor desse jornal. Escreveu para ele
uma série de artigos intitulados “Crime Político”.

 

A sua carreira política nasceu numa hora aguda de transição. Era o ano de 1874. Gama
e Mello era monarquista convicto, abrigou-se no Partido Liberal, sob a liderança de Felizardo
Toscano de Brito. Pouco a pouco se projetou na agremiação, utilizando-se da imprensa para
defender as ideias do liberalismo monárquico. No ano seguinte, em 1875, elegeu-se
Conselheiro Municipal.

 

Com a morte do chefe do partido, Joao Leite, Gama e Mello passou a liderar aquele
grêmio político. Liberal a sua maneira, mas afastado aos radicalismos, simpatizava com o
abolicionismo, nunca, porém, se filiou a nenhum clube dos que lutavam pela abolição.
Alforriou, espontaneamente, os seus escravos. Ao falecer seu pai, em 1875, recebeu, por
herança, quatro escravos. Libertou-os na mesma data, portanto treze anos antes da Abolição.
(PEREIRA, p.25). Em 1889, se elege deputado geral. Seguiu para a metrópole para tratar do
reconhecimento de sua eleição e assumir o mandato. Chegou no dia 2 de novembro daquele
ano e estava no Rio quando a República foi proclamada. Testemunhou a queda do Império e a
dissolução das Câmaras. Não pôde, assim, assumir a deputação geral. Com o advento da
República, retraiu-se da política. Dedicou-se, novamente, ao magistério e ao foro. O
monarquista liberal recolheu-se ao ostracismo. De Gama e Mello, segundo Joacil Pereira,
sobraram apenas artigos, notas e comentários, poucos discursos, pareceres no Senado e suas
mensagens das quais vamos analisar neste artigo.

 

Durante o Império, era constante a mudança de presidentes do cargo, feito por nomeação do imperador. É possível observar nas leituras dos relatórios dos presidentes da província da Parahyba do Norte estas alterações de cargos e com Gama e Melo não foi diferente.

 

Já no período republicano, Gama e Melo recusou o cargo de Ministro da Justiça,
oferecido pelo Marechal Floriano Peixoto, mas aceitou a Inspetoria da Alfândega, em 1893-
1894 e em 1905. Também foi inspetor na Alfândega de Fortaleza no ano de 1901. Após a
renúncia de Álvaro Machado, em 1896, para eleger-se senador, assume como governador
Gama e Mello. A posse deu-se no mesmo dia da renúncia de Álvaro Machado. Governou até
outubro de 1900. Em 1905 foi presidente da Comissão de Legislação e Justiça, presidiu a
Comissão de Redação de Leis e compôs a Comissão Especial de Reforma Eleitoral.

 

Gama e Mello foi eleito e reeleito para o Senado Federal de 1903 a 1908, quando
faleceu, aos 58 anos, no dia 10 de abril de 1908, ainda na vigência do seu segundo mandato
como senador.

 

(Fonte: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf – COSTA, Suenya do Nascimento- CE/UFPB/ MAGALHÃES, Patrícia de Oliveira – CE/UFPB)

 

 

 

 

 

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