George Gamow, foi provavelmente o mais importante dos desenvolvedores da teoria do Big Bang.

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George Gamow

O Homem que demonstrou a teoria do Big Bang e propôs a existência de um código genético inscrito no DNA

Um cientista que consegue transitar com igual desenvoltura por mistérios quanto a origem do Universo e o código genético não pode sobreviver sem uma percepção intuitiva sofisticada do mundo. E George Gamow nunca negou esse aspecto de seu trabalho.

Nascido em Odessa (então na Rússia, hoje na Ucrânia) no ano de 1904, ele foi provavelmente o mais importante dos desenvolvedores da teoria do Big Bang. Concebida originalmente pelo padre belga Goerges Lemaître, em 1927, ela teve sua primeira vitória quando Edwin Hubble constatou que o Universo estava em expansão em 1929. Mas Gamow foi muito mais adiante.

Com base no que se sabia a respeito dos átomos e as condições que dariam origem à sua formação, Gamow demonstrou que a hipótese do Big Bang ajudava a explicar a quantidade dos dois elementos químicos mais abundantes do Universo.

Se o Cosmo “nasceu” mesmo num ponto muito denso e quente, como sugeria a teoria, sua evolução e sua expansão inicial permitiram o surgimento, primeiro, dos núcleos mais simples, os de hidrogênio (com um único próton). Em seguida parte deles se fundiria para gerar o hélio (dois prótons), mas a expansão subsequente cortaria o processo de fusão, deixando uma composição de 75% de hidrogênio e 25% de hélio – basicamente o que se observa hoje, com quantidades bem menores dos outros elementos (que se formariam só mais tarde, com as supernovas).

Quando publicou esse trabalho, em parceria com seu estudante Ralph Alpher, em 1948, Gamow nem era mais russo. Depois de dois anos tentando fugir da opressão do regime soviético (que inclui tentativas malogradas de cruzar o mar num caiaque), ele foi morar nos Estados Unidos, em 1934.

Radiação Cósmica

Uma das consequências importantes do processo descrito nesse trabalho é que, caso tivesse correto, ele implicaria que o processo de expansão inicial e resfriamento do Universo havia deixado uma radiação residual que permearia todo o Cosmo – a tal radiação cósmica de fundo, que foi descoberta acidentalmente em 1964 por Arno Penzias e Robert Wilson (a dupla ganhou o Prêmio Nobel pelo feito). A previsão da existência desse “zunido” em micro-ondas emanado de todas as direções do Universo é até hoje o maior trunfo da teoria do Big Bang.

Gamow, contundo, não era de se limitar a um único campo de estudo. Apesar de ser físico de formação, ele não hesitou em entrar na área de biologia, mais especificamente, quando James Watson e Francis Crick decifraram a estrutura da molécula de DNA, em 1953. O grande mistério adiante era: como os pares de base – as letrinhas – que compunham a dupla hélice descrita pela dupla podiam levar à produção das proteínas, feitas de “tijolos” químicos, chamados de aminoácidos?

O físico, já naturalizado americano, sugeriu qe as bases codificavam, aos trios, cada um dos 10 aminoácidos existentes – o que estava certo -, mas sugeriu também que os códigos de diferentes aminoácidos podiam se sobrepor e que a ordem do trio de bases não fazia diferença – duas ideias equivocadas.

“A intuição de George Ganow sobre o código genético foi um feito extraordinário que iniciou trabalhos teóricos numa nova área da pesquisa biológica”, disse Marshall Nirenberg (1927-2010), pesquisador que no final decifraria os detalhes do código, numa conferência sobre o físico, morto em 1968.

A capacidade de transcender sua esfera de conhecimento para impulsionar teorias com pouco respaldo até então – como eram o Big Bang e a ideia de um código genético – e transformá-las em conceitos consolidados, sempre com humor, faz de Gamow uma figura singular na história da ciência.

(Fonte: http://esquadraodoconhecimento.wordpress.com/ciencias-da-natureza/fisica/george-gamow – Esquadrão do Conhecimento – CIÊNCIAS DA NATUREZA)

(Fonte: Revista Super Interessante – Por dentro da mente de 29 Gênios. Coleções. Edição 304-A. Maio, 2012)

(Fonte: Super Interessante – ANO 13 – Nº 5 – Maio de 1999 – Dito & Feito – Pág; 98)

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