Gian Maria Volonté, um dos atores mais engajados do cinema italiano e também um dos mais premiado, seu nome ficou associado, sobretudo, aos filmes esquerdistas que estrelou desde que “Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (Elio Petri, 1970) fixou sua imagem de “homem mau”

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Gian Maria Volonté: política e faroeste

O ‘homem mau’ da esquerda

 

 

Gian Maria Volonté (nasceu em Milão, em 9 de abril de 1933 – faleceu em Florina, 1994), foi um dos atores mais engajados do cinema italiano e também um dos mais premiados em festivais de todo o mundo.

Seu nome ficou associado, sobretudo, aos filmes esquerdistas que estrelou desde que “Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (Elio Petri, 1970) fixou sua imagem de “homem mau”. Imagem que fez sua fama, mas não o seguiu por todos os filmes. Ali, ele é o comissário de polícia que mata sua amante e, apesar das evidências, nunca é incluído entre os suspeitos. O êxito do filme está inteiramente ligado a Volonté, cujo olhar frio, direto, criava toda uma atmosfera de ambiguidades.

A partir daí vieram “Vento Leste”, de Jean-Luc Godard (69), “A Classe Operária Vai ao Paraíso”, de Petri (71), “Sacco e Vanzetti”, de Giuliano Montaldo (71), “Lucky Luciano”, de Francesco Rosi (72), “O Delito Matteoti”, de Florestano Vancini (74), “Eu Estou com Medo”, de Damiano Damiani (77), e outros.

Nascido em 1933, numa família burguesa, Volonté lançou-se no teatro ainda jovem, em reação contra seu meio de origem. Passou ao cinema em 1960 e logo fez dois filmes importantes: “A Cavallo della Tigre”, de Luigi Comencini, e “Hércules na Conquista da Atlântida”, de Vittorio Cottafavi (ambos de 1961).

Esquerdista, Volonté chegou a rodar em 1971 um documentário em 16 mm sobre ocupação de fábricas em Roma. Mas podia também ir para o Oeste com Sergio Leone, como o vilão de “Por um Punhado de Dólares” (64). Podia voltar-se para a Idade Média e fazer o hilariante príncipe bizantino (e vigarista) de “O Incrível Exército de Brancaleone” (Mario Monicelli, 66). Cômico ou dramático, Volonté é um nome central da grande época do cinema italiano.

Graduado em 1957 na cidade de Roma, pela Academia Nacional de Arte Dramática, Volonté iniciou sua jornada como ator por meio da televisão e do teatro, onde interpretava obras de Shaskespeare e Goldoni; somente depois de tais passagens é que se encontrou com o grande ecrã, para dar o pontapé inicial em sua carreira – uma das mais promissoras de seu país.

Porém, antes de participar do primeiro projeto cinematográfico, filiou-se ao Partido Comunista Italiano no estopim dos anos 60. E isto é fato: a presença política no espírito autoral de Gian Maria Volonté era claramente percebida em seus papéis mais marcantes, como na obra-prima vencedora do Oscar, Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (Elio Petri, 1970).

Além deste, outro filme de caráter político também foi destaque em sua lista, sendo de maior importância por levar Volonté a seu primeiro prêmio internacional: A Classe Operária Vai ao Paraíso (Petri, 1972).

As atuações de Volonté transmitiam uma sensação de pura realidade, percebendo-se claramente uma entrega ao papel – seja ele qual fosse.

E, como visto acima, além da parceria que rendeu bons frutos com o diretor Elio Petri, Gian Maria também experimentou ares improváveis para um homem da política: desta vez, o alvo foi o velho-oeste europeu, ao lado de um certo forasteiro romano, de nome Sergio Leone.

Junto a Leone, o ator que fez seu primeiro filme em 1961 (de nome Sotto Dieci Bandieri) também foi decisivo para a criação do western spaghetti, dando vida aos vilões dos dois primeiros trabalhos da Trilogia dos Dólares: Por um Punhado de Dólares (interpretando Ramón Rojo, em 1964) e Por uns Dólares a Mais (interpretando El Índio, em 1965).

Fora estas duas obras-primas em harmonia com Leone, Gian Maria Volonté também participou de Faccia a Faccia (Sergio Sollima, 1967) e Uma Bala Para o General (Damiano Damiani, 1966).

O ator italiano estava trabalhando do novo filme do cineasta grego Theo Angelopoulos.

O ator morreu em 1994, na cidade grega de Florina.

Seu corpo foi encontrado inconsciente pela manhã, no hotel onde estava hospedado. As agências de notícias divulgaram duas informações contraditórias, ambas tendo como fonte a polícia de Florina. Para uma delas, a provável causa da morte teria sido um ataque cardíaco.

A saúde de Volonté foi, de todo modo, um dos motivos por que era difícil vê-lo nas telas nos últimos anos: sofria de uma doença degenerativa que provocou seu envelhecimento precoce.

(Fonte: http://analisando-o-oeste.blogspot.com.br/2012/04 – Bruno Barrenha – 9.4.12)

(Créditos autorais: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/12/07/ilustrada – Folha de S.Paulo/ ILUSTRADA/ INÁCIO ARAÚJO/ DA REDAÇÃO – São Paulo, 7 de dezembro de 1994)

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