Célebre por sua chamada pintura metafísica, que propiciava composições com elementos díspares
Giorgio De Chirico (Vólos, Grécia, 10 de julho de 1888 – Roma, Itália, 20 de novembro de 1978), pintor italiano, criador da pintura metafísica.
Estudou artes em Munique e Paris, onde estabeleceu amizade com importantes artistas como Apollinaire e Picasso.
Na Itália, criou o grupo Pittura Metafísica. Em 1919, liderou outro grupo de artistas, o Valori Plastici. Morou em Paris entre 1924 e 1939.
A grandeza do pintor, está na maneira como ele espelhou, com suas cidades desoladas e composições com figuras, o desconforto e a solidão nos tempos modernos. Por parecer suspensas no tempo, tais pinturas foram batizadas pelo próprio De Chirico de arte metafísica.
O termo acabou por nomear a escola fundada por ele mesmo e seu amigo Carlo Carrà (1881-1966), que viria a influenciar uma leva de pintores surrealistas, de René Magritte (1898-1967) a Salvador Dalí (1904-1989).
Munido de uma técnica apurada, De Chirico, que teve sua infância dividida entre a Grécia e a Itália, usou ferramentas clássicas para fazer pintura moderna. De Chirico perverteu, cirurgicamente, a técnica da perspectiva para transformar o espectador.
O melhor De Chirico é aquilo que ele pintou entre os anos 10 e meados dos anos 20. O pior dele é do final de sua vida, principalmente o que foi produzido nos anos 60 e 70, quando, cada vez mais acabrunhado e ressentido com a crítica, ele diluía e tentava copiar, sem sucesso, seus temas de juventude, adulterando as datas, para tentar vender quadros tardios como se fossem obras juvenis.
Como se sabe, a perspectiva, que se desenvolveu durante a Renascença italiana, reúne uma série de artifícios ópticos, como o ponto de fuga, para provocar no espectador a ilusão de tridimensionalidade. O ponto de fuga é justamente aquele lugar, no quadro, onde a vista parece alcançar o infinito. Um quadro tipicamente clássico só tem um desses pontos.
Pois De Chirico, em suas melhores paisagens, como Musa Inquietante, de 1924, semeia três pontos de fuga, ou mais, pelo espaço. Mas o artifício mais aparente de De Chirico para simbolizar seu pessimismo diante da vida moderna foi o acúmulo de um arsenal de elementos absolutamente díspares.
Ao contrário das naturezas-mortas, um gênero de pintura que supõe a ordenação do mundo pela combinação harmoniosa de elementos diversos, como animais, alimentos e plantas, nos quadros de De Chirico o resultado de suas composições é um bricabraque indigesto – o universo em convulsão.
São manequins, colunas gregas partidas, chaminés e trens de ferro soltando vapor, estes uma espécie de homenagem ao pai, que era engenheiro ferroviário. De Chirico também se valia de mais um recurso, o deslocamento das coisas para um espaço absolutamente estranho. De Chirico não usava os pincéis para criar ilusões, mas para desfazê-las.
De Chirico faleceu em 20 de novembro de 1978 em Roma, de uma parada cardíaca.
(Fonte: Veja, 1° de abril de 1998 Ano 31 N° 13 – Edição 1540 – ARTE/ Por Angela Pimenta – Pág; 120)
(Fonte: Revista Veja, 21 de abril de 1999 – ANO 32 – Nº 16 – Edição 1594 – Arte / Por Angela Pimenta – Pág: 152/153)