Giovanni Battista Montini (1897-1978), Paulo VI, o papa da mediação

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O papa da mediação

Durante seus quinze anos de papado, Paulo VI atualizou a Igreja sem desfigurar sua natureza

O primeiro papa da História Moderna realmente acessível às objeções, o primeiro que considera humildemente a possibilidade de mudar uma decisão, de ser convencido por um interlocutor ou pelos fatos de que é outro o interesse da Igreja

O primeiro papa a visitar os lugares santos

Paulo VI no Concílio Vaticano II: extraindo o ensinamento de que a fé deve avançar junto com o ecumenismo

Giovanni Battista Montini (Brescia, norte da Itália, 26 de setembro de 1897 – 6 de agosto de 1978), Paulo VI, o papa da mediação, extraiu o ensinamento de que a expansão da fé, no mundo deve avançar junto com o ecumenismo. Olhar inquieto, as mãos nervosas em permanentes anotações, o porte ascético do à época cardeal Giovanni Battista Montini, de Milão, a segunda maior arquidiocese do mundo depois de São Paulo, não passavam despercebidos de nenhum dos 2 800 dignitários presentes à primeira sessão do Concílio Vaticano II, em 1962. Afinal, além da reputação de ser um dos poucos dignitários italianos verdadeiramente modernos, ele permanecia sentado ao lado de João XXIII, a convite pessoal do papa, e era o único cardeal alheio à fechadíssima Cúria Romana hospedado no próprio Palácio Vaticano. Mas, salvo em momentos cruciais, como durante os debates do esquema “De Ecclesia”, quando denunciou energicamente “a tendência de desviramos para uma linha mais jurídica que teológica a maneira de apresentarmos a doutrina”, o cardeal Montini raramente intervinha nas discussões. Como poucos, ele parecia vislumbrar, preocupado, as dificuldades práticas suscitadas pela abertura daquela caixa de Pandora.

Talvez por isso, logo após a morte de João XXIII, ocorrida a 3 de junho de 1963, ao final da primeira sessão do Concílio Vaticano II, o cardeal Montini tenha se lançado à tarefa de retirar seu nome da lista dos papáveis. Segundo indiscrições que romperam o sigilo do conclave, foram necessários cinco escrutínios para que ele obtivesse a indispensável maioria de dois terços dos votos. Após a confirmação, o cardeal Montini caiu de joelhos diante de uma cruz, levado pela indecisão e pela melancolia, e indagado: “Pai Santíssimo, estais certo de que estou à altura desta tarefa?” Foi eleito papa em 21 de junho de 1963, na sequência da morte do Papa João XXIII. Sendo o primeiro papa a viajar de avião, fez viagens, entre outros locais, a Jerusalém, Índia, à ONU, a Portugal (em 13 de Maio de 1967, Fátima), Turquia, Colômbia, Suíça, Uganda, Filipinas e Austrália. Concluiu o Concílio Vaticano II que tinha sido iniciado pelo Papa João XXIII, implementando posteriormente as suas reformas e medidas inovadoras que visam renovar a Igreja Católica.

PARÂMETROS – O primeiro ato do cardeal Montini foi escolher um nome que simbolizasse todo um programa de pontificado – Paulo VI. O segundo, a decisão de levar até o fim o Concílio Vaticano II – e, de fato, ele realizou com êxito outras três sessões, demonstrando maior sentido de organização e de racionalização do trabalho que seu antecessor. Era a primeira vez, desde o século XVII, que um papa adotava o nome de Paulo, o apóstolo que em catorze epístolas teceu o chamado “mistério do cristianismo” e procurou, em quatro grandes viagens missionárias, ampliar as fronteiras da Igreja, respeitando as particularidades regionais. Especificamente do Concílio Vaticano II, o novo papa extraiu o ensinamento de que a expansão da fé, no mundo deve avançar junto com o ecumenismo. “Esta assembleia se explica, no seu conclusivo significado religioso, como um poderoso convite à humanidade para reencontrar, através do amor fraterno, Deus”, disse Paulo VI no discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, a 8 de dezembro de 1965.

Seria apropriado que Paulo VI evitou ao mesmo tempo voltar à época de Pio XII e deixar correr livre a era iniciada por João XXIII. As inovações de João XXIII haviam nascido de profundas intuições pessoais e sua visão de renovação possuía poucos objetivos específicos. Coube a Paulo VI, o cauteloso, o esmerado e polido servidor do Vaticano – vivia ali desde 1921, quando completou um ano de ordenação sacerdotal e dali só se afastou em duas ocasiões: os seis meses passados como subsecretário da nunciatura de Varsóvia, em 1922, e os nove anos como arcebispo de Milão, iniciados em 1954 -, dar forma, direção e, sobretudo, acertar o passo da evolução joanina. Como promover o desejável aggiornamento da Igreja conservando ao mesmo tempo sua natureza essencial?

Mas é fora de dúvida que a espinhosa missão fez com que o peso de suas responsabilidades às vezes transparecesse no físico do torturado 260.° papa da cristandade e, até mesmo, na linguagem amarga dos dias de dúvida. “Acredita-se que depois do Concílio Vaticano II viesse um dia de sol”, disse Paulo VI em meados de 1972, na Basílica de São Pedro. “Veio ao contrário, um dia de nuvens, de procura, de incerteza. Por alguma fissura entrou a fumaça de satanás no templo de Deus.” Assim, não é de surpreender que mesmo no plano da História o papa falecido dia 6 de agosto não consiga dissipar sua imagem ambígua, detectada por sinal com compreensiva simpatia por João XXIII, o primeiro a qualifica-lo de hamletiano, ou seja, o homem complexo.

TIMIDEZ – O bem-amado papa João XXIII havia reconhecido a fermentação dentro da Igreja ao convocar o Concílio Vaticano II. Paulo VI, de algum modo, teve de levá-lo ordenadamente a uma conclusão e, depois de presidir as mais significativas mudanças do catolicismo desde a contra-reforma do século XVI, a uma prática. Significativamente, sua primeira encíclica, “Ecclesiam Suam”, é uma síntese do espírito que se espraiara nas sessões do Concílio Vaticano II: trata dos caminhos que deve seguir a Igreja e teoriza em torno do diálogo com os católicos, os cristãos separados, os fiéis de outras religiões e mesmo com os ateus. Ao Secretariado para os Não-Cristãos, criado por João XXIII. Paulo VI junta outros instrumentos de diálogo – o Secretariado para os Não-Cristãos e o Secretariado para os Não-Crentes. Homem de seu tempo, filho de um jornalista e também político católico de Bréscia, no norte da Itália, onde Paulo VI nasceu em 1897, igualmente institui a Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais, introduzindo de maneira sistemática o uso da chamada mass-media no âmbito da Igreja.

Por outro lado, já nas primeiras de suas dez viagens, num total de mais de 110 000 quilômetros, o novo papa deixa claro seu espírito ecumênico e missionário. Em 1964 troca um fraterno abraço com o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Atenágoras, após oito séculos de separação entre as duas igrejas. Seguiram-se as viagens à Índia, em dezembro daquele mesmo ano, e, em 1965, a Jerusalém e a Palestina, que o tornariam o primeiro papa a visitar os lugares santos, bem como às Nações Unidas, em Nova York, onde explicaria o papel da Igreja no mundo moderno, e, em 1967, ao santuário de Fátima, em Portugal. O Brasil, onde estivera como cardeal em 1961, ciceroneado por dom Hélder Câmara, escalando favelas em “exercício de humildade”, como definiria, ele prometeu visitar em 1970, mas acabou mudando de ideia.

Contudo, ao deparar-se com as multidões de pessoas que o acolhiam com demonstrações de carinho, Paulo VI sentia dificuldades em se comunicar com elas. Na Índia, ao responder a uma ovação da população pobre de Bombaim, ergueu os olhos e os braços para o alto como se procurasse elevar os gritos dirigidos a ele próprio e transferi-lo a Deus.

DIREITOS – De todo modo, além de grandes êxitos, suas viagens sempre tiveram intenções de experiência e de política pessoal, acentuando dessa forma o duplo caráter de sua função de pontífice e estadista. “Paulo VI é o primeiro papa da História Moderna realmente acessível às objeções, o primeiro que considera humildemente a possibilidade de mudar uma decisão, de ser convencido por um interlocutor ou pelos fatos de que é outro o interesse da Igreja”, depôs certa vez seu amigo escritor Guitton. Foi assim que, após assistir ao desfile de miseráveis e oprimidos do Terceiro Mundo, ele criou, em 1967, a Comissão de Justiça e Paz, uma espécie de serviço de inteligência em favor dos direitos humanos, que precedeu em dez anos à campanha no mesmo sentido do presidente Jimmy Carter, dos Estados Unidos.

A preocupação em adequar a Igreja ao mundo moderno também o levou a converter o outrora repressivo Santo Ofício na dócil Comissão para a Doutrina da Fé, retirando-lhe nessa metamorfose todos os resquícios de sua tradição inquisitorial. Simultaneamente, o Index Librorum Proibitorum, catálogo publicado desde os tempos medievais pelo Santo Ofício, que indicava regularmente as obras cuja leitura, salvo licença especial, era vedada aos fiéis, também desaparecida. E, finalmente, atendendo a uma liberação do Concílio Vaticano II, Paulo VI instituiu o Sínodo de Bispos, assembleia a que têm assento representantes de todo o episcopado católico, destinada a assessorar o papa em sua missão de sumo-sacerdote. Na prática, é possível que os bispos desejassem um organismo colegial mais permanente, investido de poder e deliberativo. Mas Paulo VI, guardião inabalável do dogmático absolutismo papal, atribui-lhe um caráter basicamente consultivo. Nem por isso, porém, duas das cinco reuniões sinodais, a de 1971 e a de 1974, deixaram de servir de caixa de ressonância para temas delicados, como o atual papel do sacedorte, as relações entre a evangelização e a justiça, e entre o cristianismo e as culturas locais.

OSTPOLITIK – Banhado pela cruz ainda recente do Concílio Vaticano II e de suas viagens, o primeiro terço do pontificado de Paulo VI é certamente o mais profícuo e substancial. “A Igreja quer ser poliédrica para refletir o mundo contemporâneo”, disse ele em 1966. E, de fato, o novo papa abriu as portas do Vaticano de par em par: depois do ministro do Exterior soviético Andrei Gromyko, em 1966, Paulo VI recebeu o presidente soviético Nikolai Podgorny e, dez anos depois, os líderes da Hungria, Janos Kadar, e da Polônia, Edward Gierek. Por sua ostpolitik, manejada pelo eficiente encarregado das relações externas, monsenhor Agostino Casarolli, o papa chegou a ser acusado por setores conservadores de ceder diante dos comunistas, tidos até ali como diletos parceiros do demônio, e até mesmo de haver “imolado” o cardeal Joseph Mindszenty, da Hungria, “no altar da distensão”.

Na realidade, a controvérsia sobre Mindszenty acabou depois que o velho dignitário, de 72 anos, deixou seu refúgio de quase duas décadas na embaixada americana de Budapeste por um obscuro exílio em Roma. E, igualmente, a ostpolitik levou o Vaticano a trocar embaixadores com a Iugoslávia e a frutuosos acordos com a Hungria, Polônia e Checoslováquia. De um único insucesso Paulo VI sentia profundo desgosto: o silêncio de Pequim a seus “avanços”. Desde 1965 ele tentou inutilmente, por meio de mensagens expressas e referências em discursos, estabelecer contatos com os dirigentes chineses. Chegou a bater simbolicamente na porta da China, voando em 1971 a Hong Kong, após haver encorajado o ingresso de Pequim nas Nações Unidas.

Essas linhas básicas de contatos a nível internacional, a fim de travar relações para assegurar um bom tratamento aos católicos, onde quer que se encontrem, e justiça social a todos os homens, inspiraram talvez a mais célebre das sete encíclicas de Paulo VI, a “Populorum Progressio”, penúltima por ordem de edição. Trata-se da mais completa elaboração do magistério papal sobre os problemas sociais e econômicos atuais: nela, a Igreja reconhece que a injustiça não é só o produto da maldade individual mas também o explícito resultado de um sistema econômico e social baseado na exploração e no lucro. Naturalmente, tanto na “Populorum Progressio” como em todos os seus demais pronunciamentos, o papa rejeitava os caminhos do marxismo ateu para a solução dessa desigualdade. Mas repescava um antigo conceito católico e protestante pelo qual seria admissível a oposição, mesmo violenta, contra estruturas permanentemente injustas.

REFLUXO – A encíclica “Populorum Progressio” ultrapassou os próprios pronunciamentos de João XXIII ao esboçar as obrigações dos países ricos em relação aos países em desenvolvimento, encorajou a militância política dos cristãos e fez florescer na América Latina a chamada “teologia da libertação”, segundo a qual o homem deve lutar contra as injustiças deste mundo para tornar-se digno de Deus. Mas, em 1968, quando Paulo VI foi à Colômbia abrir a Conferência Epicospal (Celam) de Medellín – justamente onde surgiu a “teologia da libertação” -, o alarmismo conservador já grassava dentro do próprio Palácio Vaticano. O espírito do Concílio Vaticano II não seria abandonado, mas o próprio papa lembraria na época que suas luzes renovadoras eram “o espaço a ser respeitado na renovação”. Para muitos observadores, Medellín influenciou negativamente o terceiro terço do pontificado de Paulo VI, marcado por um claro refluxo dos ideais reformistas ou, ao menos, por uma angustiada prudência e mesmo vacilação diante de temas mais candentes. “Aggiornamento não significa subversão”, declarou o papa numa de suas audiências aos fiéis.

Tinham começado, porém, os anos de contestação: a rebelião antiautoritária nascida nos Estados Unidos invadiu a Europa e não poupou setores do clero e mesmo teólogos descontentes com as limitações á sua liberdade de pesquisa e discussão. Em 1967, quando um número crescente de padres e msmo bispos sugeriam o fim do celibato obrigatório – que não possui nenhum fundamento dogmático – o papa promulgou a encíclica “Sacerdotalis Coelibatus”, confirmando a proibição de padres casados na Igreja. Um ano depois, rejeitando a opinião da maioria numa comissão escolhida por ele próprio, condena em sua última encíclica, “Humanae Vitae”, os métodos anticoncepcionais artificiais, inclusive a pílula.

As consequências da “Humanae Vitae” foram desastrosas para a popularidade de Paulo VI. Henri Fesquet, teólogo e vaticanólogo do jornal francês Le Monde, escreveu que a encíclica podia ser vista como “um gesto suicida”. De fato, o avançado episcopado dos países nórdicos viu-se constrangido a deixar a questão “à consciência dos fiéis”. Mais tarde, chegou-se a falar em “restauração paulina”, quando a Cúria Romana usou mão de ferro para brecar a liberal aplicação dos princípios conciliares pela Igreja holandesa. O episcopado local foi convidado a “transmitir toda a antiga Revelação” e a defender o celibato.

RIGORISMO – No entanto, mesmo que Paulo VI haja resistido aos impulsos mais inovadores do mundo, eliminando abusos e impedindo excessos, não deixou de confiar na capacidade transformadora do cristianismo. A reforma litúrgica concretizou-se rapidamente e o ecumenismo levou a uma íntima aproximação com a Igreja Anglicana, dentro do espírito conciliar. Mesmo que nos últimos anos de seu pontificado ele tenha se entrincheirado em posições moderadas e de centro, Paulo VI passará à História como um pontífice reformador. Contra o autoritarismo que disciplinava a Igreja no passado, ele preferiu a arma do diálogo e da moderação, sem lançar anátemas ou condenações arcaicas.

Na verdade, Paulo VI era um pontífice mais refinado que pretendem seus críticos radicais. Ele reconheceu que o Concílio estava mudando a Igreja mas queria que ela continuasse intacta. Seu rigorismo dos últimos anos, porém, talvez estivesse muito mais ligado à severa formação que recebeu. Sua fragilidade física o obrigou a estudar muitos anos em casa com professores jesuítas.

AFLIÇÕES – Em 1971, quando os achaques físicos e a idade avançada já perturbavam as atividades pontifícias, Paulo VI foi mais uma vez buscar nos ideais conciliares a inspiração para um de seus últimos documentos, a carta apostólica “Octagesima Adveniens”. “Temos o dever de recordar com o Concílio Vaticano II”, escreveu ele, “que a verdadeira teologia se baseia na palavra de Deus escrita, inseparável da sagrada tradição.” Mas, desde então, não esboçou uma intenção de renovação mais significativa, a ponto de dar margem a que o definhar de sua legendária disposição para o trabalho e sua crescente moderação fossem interpretadas como um patético e voluntário imobilismo. Se bem que ainda haja vivido a trinfalística experiência do Ano Santo de 1975, ao sentir as forças diminuírem, Paulo VI procedeu como um precavido chefe de família que, como se comentou na época, ao pressentir a morte, “coloca a casa em ordem”: planejou meticulosamente sua sucessão, baixando a constituição apostólica “De Romano Pontífice Eligendo”.

Suas aflições dos últimos tempos incluíam a reforma da concordata entre o Vaticano e o Estado italiano – tema de seu encontro com o presidente Sandro Pertini, três dias antes de morrer – e sem dúvida a convocação de um novo consistório, para completar o número de 120 cardeais do conclave que elegeria seu sucessor, conferindo a púrpura cardinalícia a seus amigos monsenhor Casarolli e monsenhor Anastacio Ballestrero, arcebispo de Turim. Restou ainda insolúvel para Paulo VI a atitude a tomar diante dos novos problemas morais criados pelo nascimento, na Inglaterra, do primeiro bebê fecundado em laboratório. Estava cada vez mais difícil para o papa hamletiano enfrentar as novas indecisões e perplexidades que o mundo moderno provocava em seu íntimo – e ele sabia disso ao declarar recentemente que começava a vislumbrar o limiar da “outra vida”.

(Fonte: Veja, 16 de agosto de 1978 – Edição n° 519 – Religião/Por J. A. DIAS LOPES/MARCO ANTÔNIO DE REZENDE – Pág; 62/71)

(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 116 – Nº 363 – Cronologia – 28 de setembro)

 

Em 21 de junho de 1963, Giovanni Montini é eleito papa, mandato que exerceu por 15 anos como Paulo VI.
(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – Nº 17.059 – 21 de junho de 2012 – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – Pág; 54)

 

 

 

Em 21 de junho de 1963, Giovanni Montini é eleito papa, mandato que exerceu por 15 anos como Paulo VI.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – Nº 17.785 – 21 de junho de 2014 – Almanaque Gaúcho – Ricardo Chaves – Hoje na História – Pág: 32)

 

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