Giulio Carlo Argan (Turim, 17 de maio de 1909 Roma, 12 de novembro de 1992), historiador e crítico de arte italiano. Com mais de vinte livros sobre arquitetura, design, pintura e urbanismo. Argan era um pensador marxista refinado, tido como um dos grandes críticos do século XX.
Eleito prefeito de Roma em 1976, pelo Partido Comunista Italiano, ele lutou para preservar a cidade do crescimento desordenado. Giulio Argan morreu dia 11 de novembro de 1992, aos 83 anos, de infarto, em Roma.
(Fonte: Veja, 18 de novembro, 1992 Edição 1262 Datas Pág; 93)
Um dos maiores críticos de arte do século 20, em Arte Moderna Do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos, toma o atalho que só as melhores inteligências conhecem: elucida os mistérios da arte com clareza. O livro de Argan, um professor de História da Arte adepto do marxismo e que foi senador e prefeito de Roma entre 1976 e 1979, é uma obra definitiva. Lançado originalmente em 1970, ele mapeia a trajetória da arte no mundo desde a Revolução Francesa até o surgimento dos artistas pop. Por arte entenda-se também a arquitetura e o urbanismo. É uma obra especial por muitos motivos. Primeiro, pelo próprio conceito de arte do autor. Argan, embora marxista, via a criação artística não apenas como um reflexo direto da vida sócio econômica de determinada cultura mas como um fenômeno em si próprio, gerador de conhecimento. Desse modo, ao historiar cada corrente ou artista com relação à época em que surgiu, não transforma seu texto numa sucessão previsível de causa e efeito. Ao contrário, conta uma história da cultura através da arte.
O severo marxista não enxerga qualquer traço revolucionário em expoentes da arte pop como Andy Warhol (1928-1987) ou Roy Lichtenstein (1923-1997). A crítica de Argan à arte pop serve para concluir em sua teoria mais ousada que talvez a própria arte esteja com seus dias contados, e que talvez venha a ser substituída por outro tipo de expressão. As mitologias pagãs morreram e veio o cristianismo, a alquimia deu lugar à ciência, o feudalismo foi substituído pelas monarquias e depois pelo Estado burguês, o mesmo pode acontecer à arte, sustenta Argan. Para um pensador que dedicou a vida a estudar mais de vinte séculos de arte, é uma opinião corajosa.
(Fonte: Veja, 6 de janeiro de 1993 ANO 26 N° 1 – Edição n° 1269 ARTE Pág; 76/77)