Giulio Raimondo Mazarino, assumiu o posto de primeiro-ministro da França indicado por Richelieu

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Mazarino: instruções para não serem seguidas

CARTILHA DA VIDA PÚBLICA

Giulio Raimondo Mazarino (Pescina, 14 de julho de 1602 – 9 de março de 1661), pensador e político conhecido como Cardeal Mazarino, um italiano naturalizado, foi a figura maior da política francesa. Entre 1642, quando assumiu o posto de primeiro-ministro da França indicado por Richelieu, e 1661, ano de sua morte, o cardeal era responsável até pela educação de Luís XIV. Com a morte de Luís XIII, Mazarino se tornou senhor do país.

Nesse período, Mazarino adotou um comportamento pautado sobretudo pela desconfiança e pelo cinismo. “Simule, dissimule, não confie em ninguém – os amigos não existem”, advertia. Décadas depois de terem sido publicadas pela primeira vez, suas anotações sobre como um político deve se portar em Breviário dos Políticos, o cardeal Mazarino ensina que governar é a arte de fingir e desconfiar.

Colocadas em prática ao longo de sua vida política, elas ainda surpreendem – pela atualidade dos temas que exploram e pelos argumentos com que defendem posturas mirabolantes. Mazarino destaca, por exemplo, o papel das informações e contra-informações no processo político e ensina que toda vez que for preciso fazer mal à população o governante deve encorajar outros a fazê-lo, para dar a impressão de que a ordem não partiu dele. Ele inclui bons conselhos, outros abomináveis, e aponta procedimentos de resto largamente utilizados na política nacional.

 

O livro, cuja autoria de próprio punho do cardeal chega a ser posta em dúvida – ele poderia resultar de um trabalho de ordenação nas ideias de Mazarino feito por alguém que lhe teria sido próximo -, analisa a importância do autocontrole nas ações dos políticos.

Mais que um simples tratado sobre o poder, como costuma ser classificado, comparado até mesmo a O Príncipe (1513), de Maquiavel, Breviário dos Políticos é também um passeio pela psicologia humana. Mazarino não só ensina de que maneira o político deve proceder quando precisa retirar o cargo de alguém como se arrisca a dizer que o sonho representa o melhor caminho para conhecer a alma – algo muito próximo à ideia freudiana de que os sonhos são portas abertas para o inconsciente.

 

Senso comum – Pela cartilha de Mazarino, nada nem ninguém pode ser obstáculo ao político, que deve passar por cima de tudo como um rolo compressor. O cardeal entendia, por exemplo, que se fosse necessário punir alguém, mas não houvesse motivos graves para isso, o político deveria punir o filho daquele que pretendia castigar, mesmo que sua falta fosse menor. “O pai se indignará, começará a se queixar. Acuse-o, então, de rebelião e castigue-o duramente pela nova falta”, ensina. O cardeal alerta, porém, que o político nunca deve exercer pessoalmente a violência e é até repetitivo ao advertir que a cólera deve ser contida a todo custo.

Alguns tópicos de Breviário dos Políticos já estão de tal forma incorporados ao senso comum que nada acrescentam. É o caso de sua receita para se livrar de visitas inconvenientes. O que Mazarino aconselha é o batido recurso de solicitar a alguém que simule um chamado de urgência para algum lugar distante. Outros são verdadeiras pérolas, como a recomendação de atear fogo às próprias vestes quando se está encarcerado, a fim de distrair a vigilância e com isso fugir da prisão. Breviário dos Políticos resgata as ideias de um pensador que se fez com a prática da política e para quem ela não passava da arte de simular e desconfiar.

 

Conselhos para os candidatos à Presidência

 

Dê generosamente o que não lhe custa nada, como, por exemplo, privilégios cujos benefícios você não poderá usar nunca.

 

Atribua seus sucessos e vitórias a um outro; por exemplo, a um homem de bem.

 

Mostre-se amigo de todo mundo, inclusive daqueles que você odeia.

 

Não caia, jamais, em palavras ou atos, na obscenidade, e não grite como um animal.

 

Não fixe prazo para resolver um assunto.

 

(Fonte: Veja, 20 de setembro de 1989 – ANO 22 – Nº 37 – Edição 1097 – LIVROS/ Por ALESSANDRO PORRO – Pág: 137)

 

 

 

Richelieu, premiê da França por dezoito anos, pai do sistema moderno de Estados.

(Fonte: Veja, 4 de março de 1998 – ANO 31 – Nº 9 – Edição 1536 – LIVROS/ Por Heitor Aquino Ferreira – Pág: 98/99)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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