Glenio Bianchetti (Bagé, 15 de janeiro de 1928 – Brasília, 18 de fevereiro de 2014), um mestre das artes visuais, integrante de uma geração reconhecida nacionalmente por reunir alguns dos mais importantes artistas gaúchos, que fez história com os emblemáticos Clubes de Gravura nos anos 1950.
Desenhista, pintor e gravurista, nascido em janeiro de 1928 em Bagé, Bianchetti fez parte de um grupo responsável pelo desenvolvimento da linguagem da arte moderna no Estado em um ambiente e período em que predominava certo conservadorismo artístico.
Após atuar no Clube de Gravura de Porto Alegre, fundado em 1950 por Carlos Scliar (1920 2001) e Vasco Prado (1914 1998), Bianchetti se uniu aos conterrâneos Danúbio Gonçalves e Glauco Rodrigues (1929 2004) na criação do Clube de Gravura de Bagé em 1951.
Os Clubes de Gravura uniam um grupo que se estabelecia artisticamente após a II Guerra com orientação política de esquerda e produção de matriz moderna. Logo nos primeiros trabalhos já surgiriam as declaradas aproximações com o realismo socialista e o muralismo mexicano. Os integrantes dos Clubes de Gravura adotaram uma arte figurativa com teor de denúncia social, daí o foco dado à realidade do gaúcho submetido à rudeza do trabalho no campo. Notabilizado pela excelência de seu desenho, Bianchetti daria ênfase à pintura nas décadas seguintes, privilegiando a figura humana, a natureza-morta e a paisagem.
Antes de se tornar ele próprio um mestre, deixou Bagé para estudar arte em Porto Alegre. Em 1947, entrou no Instituto de Belas Artes (hoje Instituto de Artes da UFRGS), sendo aluno de mestres como Alice Soares, Cristina Balbão, Fernando Corona e Ado Malagoli. O bageense foi ainda o primeiro diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), até se mudar para Brasília, em 1961.
A convite de Darcy Ribeiro, integrou-se ao grupo que implantou a Universidade de Brasília (UnB), experiência interrompida em 1964 com a ditadura militar. Bianchetti foi preso 15 dias depois do golpe. Ao ser liberado, após 28 dias de detenção, demitiu-se. Permaneceu o restante da vida em Brasília, com certa amargura em relação à política no Brasil.
Glenio Bianchetti morreu em 18 de fevereiro de 2014, em decorrência de hemorragia interna, em Brasília, aos 86 anos.
(Fonte: Zero Hora – ANO 50 – N° 17.662 – TRIBUTO/ Por Francisco Dalcol – 18 de fevereiro de 2014 – Pág: 41)
(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda – ANO 119 – N° 141 – ARTE & AGENDA – VARIEDADES – 18/02/2014)
Fonte: Agência Brasil