Goulart de Andrade, lendário repórter e jornalista
Vem comigo. Mais do que uma instrução óbvia de um repórter ao seu cinegrafista, a frase virou um jargão que carrega consigo um dos estilos de reportagem mais copiado da TV. Esse repórter, ou contador de histórias, vestiu inúmeras vezes a pele do lobo e, em vez da imparcialidade e distanciamento dos temas, optou pela imersão e entrega ao assunto, submetendo-se ao que sua pauta ou ausência dela propunha.
Goulart de Andrade, eterno dono do Comando da Madrugada segue ativo na televisão, agora com o Vem Comigo, da TV Gazeta, lançando um novo olhar sobre seu próprio acervo de entrevistas com o auxílio de aspirantes ao jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.
Muitas lembranças pessoais que se confundem com a própria história da televisão brasileira, Goulart de Andrade falou sobre seu novo projeto, a parceria com Boni na TV Globo, o início de carreira e sua paixão pela reportagem.
O repórter que já se vestiu de palhaço, filmou sua própria cirurgia, auxiliou no parto de seu neto em frente às câmeras e chegou a se vestir de travesti na madrugada paulistana, esteve inúmeras vezes por baixo da pele do lobo, mas nunca abandona a pele de jornalista. Curioso por natureza, Goulart de Andrade não resiste ao ser questionado por tantas vezes pela reportagem.
Retruca, pergunta, provoca, questiona e se confunde entre papel de entrevistado e entrevistador.
Essa ambição e anseio por tantos materiais exclusivos também lhe trouxeram críticas e levantaram polêmicas. Em 1996, após o assassinato de PC Farias, Goulart de Andrade exibiu cenas da necrópsia do tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello. As fortes imagens levantaram o questionamento sobre os limites da TV. O repórter rebate: “Eu fui lá mostrar como era uma necrópsia.
Entrei com a câmera não. Dei um jeito para botar uma câmera lá dentro e me reservei ao direito de defender os técnicos que estavam lá dentro. Eu não podia estar junto com câmeras. O cinegrafista do IML me deu e eu botei no ar. Depois fui lá e mostrei como funciona o Instituto Médico Legal”.
Em frente às câmeras, gravando o Vem Comigo, age com a naturalidade e conversa com o telespectador como um velho conhecido. Após o anúncio de gravando não existe dificuldade, não existe titubeio e tampouco roteiro. O que há é simplicidade no discurso e naturalidade no improviso de encarar a câmera, algo espontâneo para alguém com este ofício há quase 60 anos.
Sou filho de uma cantora de rádio que é filha de uma grande jornalista. Minha avó foi responsável pelo O Jornal, uma publicação do Assis Chateaubriand, no Rio de Janeiro. Eu convivi não só com teatro, arte e rádio, convivi desde criança com esse mundo.
(Fonte: http://diversao.terra.com.br/tv/programas – TV – PROGRAMAS/ Por OSMAR PORTILHO – 30 de Novembro de 2012)