Suárez Mason, autoridade da ditadura argentina
Guillermo Suárez Mason (Buenos Aires, 24 de janeiro de 1924 – Villa Devoto, 21 de junho de 2005), ex-general argentino, símbolo da repressão, foi uma das principais autoridades da ditadura argentina (1976-83)
Suarez Mason, ex-chefe do Primeiro Corpo do Exército, a maior unidade de batalha do país que abrangia a capital e a província de Buenos Aires, foi apelidado de ‘O Carniceiro do Olimpo’, em referência a um campo de concentração da ditadura.
Suárez Mason foi o chefe do primeiro corpo do Exército e é acusado de ter roubado bebês nascidos durante a prisão ilegal de suas mães na ditadura (1976-1983), período em que desapareceram entre 9 mil e 30 mil pessoas.
Apelidado de ‘O Carniceiro do Olimpo’, em referência a um campo de concentração da ditadura, o ex-general estava preso por 254 sequestros durante o regime militar e pela apropriação de filhos de desaparecidos políticos, crime de roubo de crianças durante o regime militar.
Além do ‘El Olimpo’, Suárez Mason também controlou 42 dos quase 400 centros clandestinos montados pela ditadura em todo o país, nos quais foram confinados os detidos-desaparecidos.
Em março de 2004, o juiz federal Rodolfo Canicoba Corral decidiu pela inconstitucionalidade de três indultos concedidos em 1989 e 1990 a Suárez Mason pelo ex-presidente Carlos Menem (1989-99), e o acusou pelo sequestro de 254 pessoas.
Em 1988, foi extraditado dos Estados Unidos, para onde havia fugido para não responder às acusações de graves violações aos direitos humanos.
No total, cerca de 30.000 pessoas desapareceram durante a ditadura argentina, segundo entidades humanitárias.
Suárez Mason morreu em 21 de junho de 2005, aos 81 anos, na prisão, onde cumpria pena pelo crime de roubo de crianças durante o regime militar, informou seu advogado, Adolfo Casaballe Elías, morreu em função de um ataque cardíaco quando estava detido na penitenciária de Villa Devoto.
O ex-repressor foi levado de urgência ao Hospital Militar de Buenos Aires, onde morreu pouco depois de ser internado, relatou uma fonte judicial.
“Ele começou a ter hemorragias intestinais. Foi levado ao Hospital Militar Central e posteriromente sofreu uma cirurgia. Mas acabou falecendo em virtude de uma parada cardíaca”, disse o advogado.
O general era mantido preso no presídio de Villa Devoto, depois que a Justiça lhe negou o benefício da prisão domiciliar, à qual teria direito por ter mais de 70 anos. Ele havia violado, no entanto, esse direito em 2004, quando foi a um clube festejar seu aniversário.
“Que pena que morreu tão cedo. Gostaria que tivesse vivido ainda muitos anos para sofrer na prisão. Mas de verdade, não como um privilegiado”, disse à imprensa Hebe de Bonafini, presidente da organização humanitária Mães da Praça de Maio.
Já Nora Cortiñas, dirigente da Linha Fundadora da emblemática entidade, lamentou que Suárez Mason tenha morrido sem ter sido condenado por todos os crimes cometidos durante a última ditadura e afirmou que “a justiça sempre chega tarde”.
(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2005/06/21/ult34u128564 – BUENOS AIRES (AFP) – INTERNACIONAL – 21/06/2005)
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(Fonte: Veja, 10 de março de 1982 – Edição 705 – Livros – Pág: 115)