Gustav Meyrink (Viena, 19 de janeiro de 1868 – Starnberg, Alemanha, 4 de dezembro de 1932), escritor austríaco, autor de livros de enigmas e mistérios do gênero literatura fantástica.
Talvez o mais intrigante autor do gênero. Sua obra clássica, “O Golem”, conseguiu absoluto sucesso internacional quando foi editada em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial.
Ambiguidade – Influenciado pelo romance fantástico gótico (que extraía o máximo de terror dos ambientes, retratados com castelos, alçapões e passagens secretas), pelo movimento expressionista alemão e pelos contos de Edgar Allan Poe (1809-1849), Meyrink elaborou “O Golem” de forma tão marcante que chegou, por sua vez, a influenciar outras obras, como o filme “O Gabinete do Dr. Caligári”, de 1920.
Golem é uma criatura meio homem, meio robô, que teria sido criada no começo da era cristã. Alguns rabinos, pertencentes à seita dos Chassidim, quiseram imitar Deus, fabricando um ser vivo e inteligente através da magia. Afinal, se Adão teria surgido do nada, quando Deus pronunciou algumas palavras, bastaria empregar a fórmula certa para conseguir o mesmo resultado.
Meyrink defende a ideia de que o Golem nunca foi destruído e continua a aparecer em locais inesperados. No livro, ele está em Praga, onde as ruas são lugares diabólicos, e as casas surgem inesperadamente, como se tivessem vida hostil, para ameaçar quem passasse.
O Golem nunca se mostra abertamente e a atmosfera de terror é vaga e imprecisa, embora nunca deixe de estar presente. Os personagens são criaturas sem vontade, impelidas por estranha e impalpável corrente magnética – existem também outros gólens, sem passado concreto ou possibilidade de fugir dos limites indefinidos de um gueto opressivo.
A literatura fantástica encerra em porões tenebrosos alguns escritores que só ocasionalmente saem para o céu aberto do reconhecimento. Entre esses fantasmas que de vez em quando assombram críticos e público estão H. P. Lovecraft (1890-1937), autor de “O que Sussurrava nas Trevas”; J. R. R. Tolkien (1892-1973), autor de “O Senhor dos Anéis”; Robert Howard (1909-1937), autor de “Conan”.
(Fonte: Veja, 11 de julho de 1973 – Edição 253 – LITERATURA/ Por Geraldo Galvão Ferraz – Pág: 82)