Gustavo VI Adolfo, rei da Suécia, no trono desde 29 de outubro de 1950, aos 67 anos de idade.

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Gustavo Adolfo: o rei erudito

Gustavo VI Adolfo (Estocolmo, 11 de novembro de 1882 – Estocolmo, 15 de setembro de 1973), rei da Suécia, no trono desde 29 de outubro de 1950, aos 67 anos de idade, sucedendo ao seu pai no trono até sua morte. Em comemoração aos seus 90 anos, no dia 11 de novembro de 1972, com um solene repicar de sinos em todas as igrejas do país e um almoço festivo no Paço de Estocolmo, oferecido pelo Riksdag, no Parlamento sueco em Estocolmo, o rei foi homenageado com medalha em homenagem a seus trabalhos arqueológicos na Itália, onde passa todos os outonos orientando escavações. É também perito e colecionador de arte oriental.
“Absolutamente não precisamos de reis. Mas o rei que tínhamos era muito bom.” (Um deputado do Partido Social Democrata sueco.)

Talvez tenha sido este o mais adequado elogio a Gustavo VI Adolfo. Ele soube exercer seu papel supérfluo com graça e dignidade. E, num país de ventos cada vez mais democráticos e socialistas, contribuiu, com sua figura paternal, inspiradora de confiança e simpatia, para a preservação do respeito à coroa sueca.

Ou, pelo menos, conseguiu adiar a morte da monarquia. Pois a figura de Gustavo Adolfo, ao longo de seus 23 anos de reinado, colaborou para congelar o projeto de proclamação da República, inscrito na plataforma do próprio partido que há 41 anos governa a Suécia, o Social Democrata. “Eles vão ver como é cara uma eleição presidencial”, costumava dizer o velho rei. Mas com sua morte, aos 90 anos, dia 15 de setembro, reacenderam-se antigas dúvidas sobre a utilidade da instituição monárquica.

Ainda mais que, no trono de Estocolmo, agora não há mais o longilíneo e impávido Gustavo Adolfo – e sim o jovem e até agora inexpressivo Carlos Gustavo Folke Hubertus Bernardotte, de 27 anos.

EM DIA COM OS TEMPOS – Com a sucessão do avô pelo neto (o pai de Carlos Gustavo morreu em 1947, num desastre de aviação), a Suécia passou do mais idoso para o mais jovem monarca do mundo. E o novo rei, como convém a uma monarquia-semocrática-socialista, assumiu seu posto numa cerimônia simples, realizada dia 19 de setembro de 1973, na intimidade do palácio real, com a presença apenas dos membros do gabinete. Não houve coroação – uma tradição abolida na Suécia – nem festa. Carlos Gustavo limitou-se a anunciar o título com que reinará – Carlos XVI Gustavo – e o moto de seu reinado, “Pela Suécia, com os tempos”.

Em tudo, até na escolha do moto – uma das poucas tradições reais preservadas -, ele demonstrou seu desejo de colocar-se em dia com os tempos. Chegou mesmo a renunciar ao pomposo e anacrônico título de “Rei dos Suecos e dos Godos”, contentando-se em ser simplesmente “Rei da Suécia”. Mas talvez não lhe sejam suficientes, para atingir níveis de popularidade semelhantes aoss do avô, as manifestações de identificação com o povo e desprezo pela pompa.

Na verdade, o velho Gustavo Adolfo, cujo lema era “O dever acima de tudo”, tinha algo mais a oferecer. Impunha-se também pela disciplina e aplicação, reveladas até em suas atividades esportivas – atingiu padrões profissionais no golfe, no esqui, na equitação e no tiro ao alvo -, e, além disso, exibia sólidas qualidades intelectuais, com seu perfeito domínio de cinco línguas e profunda dedicação à paixão de toda sua vida, a arqueologia, responsável por numerosas e bem sucedidas expedições à Itália e à Grécia, à China e ao Egito.

(Fonte: Veja, 15 de novembro, 1972 – Edição n.° 219 – DATAS – Pág; 91)
(Fonte: Veja, 26 de setembro, 1973 – Edição n.° 264 – SUÉCIA/INTERNACIONAL – Pág; 62/64)

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