Hafizullah Amin, presidente do Afeganistão durante o período da República Democrática do Afeganistão

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Hafizullah Amin (Paghman, 1° de agosto de 1929 — Cabul, 27 de dezembro de 1979), foi o segundo presidente do Afeganistão durante o período da República Democrática do Afeganistão.

O golpe efetuado e desencadeado por Babrak Karnal contra Hafizullah Amin – que por sua vez depusera Nur Mohammed Taraki (1917-1979), o iniciador da linhagem soviética – foi o absoluto desprezo da URSS em manter qualquer espécie de aparências. Numa direita, gritante intervenção militar em território estrangeiro, em nenhum momento o governo de Moscou preocupou-se em disfarçar que estava preparando, supervisionando e, em última instância, controlando as operações em Cabul, a capital.

SEM PACIÊNCIA – Quarenta e oito horas antes da queda de Amin, os serviços de inteligência ocidentais registraram um maciço transporte aéreo de tropas russas para território afegão, além de uma repentina concentração de cinco divisões da URSS (mais de 50 000 homens) ao longo de sua fronteira com o Afeganistão. Uma ponte aérea em grande escala, envolvendo quase 200 modernos aviões Antonov-22 e An-21, despejou milhares de soldados russos e material bélico em Cabul – mas, a princípio, não se pensou que um golpe militar estava em andamento. Pelo contrário, na opinião dos especialistas militares americanos, os soviéticos preparavam uma grande ofensiva militar de apoio ao governo do marxista Amin, crescentemente atacado pela oposição interna.

Seria a extrapolação da chamada “doutrina Brejnev”, pela primeira vez, para fora da Europa oriental – quando um Estado-satélite da URSS se vê convulsionado internamente, invade-se o país com tropas, como na Checoslováquia em 1968.

Na verdade, entretanto, os russos já tinham perdido sua curta paciência com Amin. Ele se mostrava ineficiente: nos apertados três meses que ocupou a Presidência, não conseguiria desembaraçar o país da teimosia insurreição civil liderada por guerrilheiros muçulmanos que desde 1978 se rebelam contra os sucesssivos governos marxistas e, por tabela, contra a crescente presença soviética no Afeganistão.

Com efeito, a URSS fez um investimento sem precedentes, caro em homens e em riscos, nesse país dilacerado por um regime opressivo e uma guerra civil, com cadeias já superlotadas de presos políticos – 12 000 segundo o último relatório da Anistia Internacional -, uma população de 200 000 pessoas refugiadas no vizinho Paquistão e um exército de 100 000 homens lutando antes de mais nada contra sua própria desintegração.

Os ingredientes básicos são semelhantes aos que outrora sugaram o prestígio e a força militar dos Estados Unidos no Vietnã – mas o controle do Afeganistão pela URSS ofereceu, além de gás natural, um assento estratégico da mais alta importância para os soviéticos à luz da crise iraniana e de seu explosivo teor de contaminação de todas as populações muçulmanas da região.

(Fonte: Veja, 11 de dezembro de 1996 – ANO 29 – N° 50 – Edição 1474 – DATAS – Pág; 122)
(Fonte: Veja, 2 de janeiro de 1980 – Edição 591 – INTERNACIONAL – Pág; 32/33)

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