Hans-Dietrich Genscher, ex-ministro alemão das Relações Exteriores, que teve um papel-chave na reunificação da Alemanha

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Hans-Dietrich Genscher, homem-chave da reunificação alemã

Hans-Dietrich Genscher, 1992. (Foto: www.hdg.de)

Hans-Dietrich Genscher, 1992. (Foto: www.hdg.de)

 

Importante figura da política que entrou para a história mundial

Hans-Dietrich Genscher (Reideburg, Alemanha, 21 de março de 1927 – Wachtberg, 31 de março de 2016), ex-ministro alemão das Relações Exteriores, que comandou durante quase 20 anos a diplomacia do país e teve um papel-chave na reunificação da Alemanha

O respeitado político alemão Hans-Dietrich Genscher, considerado ícone da reunificação do país em 1990, serviu como ministro dos Negócios Estrangeiros na Alemanha Ocidental e, depois, da nação unificada, entre 1974 to 1992. Seu papel no processo de anexação do braço socialista oriental lhe rendeu o apelido de “arquiteto da reunificação”, devido a sua capacidade diplomática e esforço em prol do diálogo entre as partes da Alemanha dividida.

Este ex-dirigente do Partido Liberal, que foi uma das figuras mais populares do país, morreu vítima de uma parada cardíaca, cercado pela família em sua casa de Wachtberg-Pech (oeste), indicou seu gabinete em um comunicado.

O porta-voz da chanceler Angela Merkel saudou um “grande europeu e um grande alemão” que “influenciou como poucos na história da Alemanha”.

Ao longo de 18 anos (1974-1992) como ministro das Relações Exteriores, Hans-Dietrich Genscher aplicou a chamada “Ostpolitik”, a política de aproximação com a Europa do leste comunista, recusando-se a abominar o inimigo soviético, e negociando quando era possível para desativar a Guerra Fria e a corrida armamentista, que tinha as duas Alemanhas na linha de frente.

Após a morte em menos de três anos de três governantes soviéticos, Genscher rapidamente viu na ascensão de Mikhail Gorbachov uma oportunidade histórica. Ele apoiou a Perestroika (reestruturação) e a Glasnost (transparência) para reformar e liberalizar uma URSS em crise, mas que no fim acelerariam a queda do bloco soviético.

Uma imagem ficou gravada na memória dos alemães: Genscher anunciando em 30 de setembro de 1989, na embaixada da Alemanha em Praga, que as autoridades tchecas haviam cedido e permitiriam a viagem para a Alemanha Ocidental de centenas de refugiados que fugiam da Alemanha Oriental.

“Viemos para afirmar a vocês hoje que a sua saída…”, começou a dizer, mas o restante da frase foi abafada pelos gritos de entusiasmo dos refugiados. A situação abria um grande buraco na Cortina de Ferro, algumas semanas antes da queda do Muro de Berlim.

O auge da carreira deste liberal, que atuou nos dois governos do social-democrata Helmut Schmidt e do conservador Helmut Kohl, aconteceu um ano mais tarde, em setembro de 1990, com o Tratado “Dois mais Quatro”, que liberava o país da tutela de americanos, soviéticos, franceses e britânicos, imposta desde o fim da Segunda guerra mundial.

“Foi o momento mais emocionante de toda minha carreira”, admitiu Genscher, que conseguiu superar os receios das quatro potências vitoriosas. Duas semanas depois, a Alemanha estava reunificada.

– Diplomacia secreta –

Considerado alguém sem carisma físico, Genscher sempre encarnou uma voz da razão, apreciada pelos alemães, e defendeu uma política de “distensão ativa” com Moscou.

Depois de deixar o governo em 1992, Hans-Dietrich Genscher permaneceu ativo por muitos anos no Bundestag (Parlamento). Conseguiu manter e utilizar os bons contatos com a Rússia.

Em 2012 e 2013, sua diplomacia secreta teve um papel crucial para convencer o presidente russo Vladimir Putin a libertar em dezembro de 2013 Mikhail Khodorkovski, ex-magnata do petróleo e opositor detido há 10 anos.

A situação foi considerada um grande êxito para a diplomacia alemã.

Hans-Dietrich Genscher faleceu em 31 de março de 2016, aos 89 anos

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – Nº 18.428 – 2 e 3 de abril de 2016 – TRIBUTO – Pág: 30)

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