Heinrich considerava lixo qualquer pintura feita após o século XVIII
Heinrich Thyssen-Bornemisza (Alemanha, 31 de outubro de 1875 – Suíça, 26 de junho de 1947), barão suíço dono da maior fortuna individual de seu país e uma das maiores da Europa.
Seu pai era um camponês alemão que começou com uma fábrica de arames e acabou conhecido como “o Rockefeller do Vale do Ruhr”, em virtude do império que montou na indústria de ferro e aço da região.
Foi um dos homens diretamente responsáveis pela industrialização da Alemanha e, com sua fortuna, patrocinou artistas como o escultor francês Auguste Rodin, no século XIX.
Heinrich ampliou ainda mais os negócios da família, juntando a eles estaleiros e bancos, e foi quem iniciou a coleção de fato. Heinrich era movido por um gosto bastante peculiar: só se interessava pelos mestres clássicos, de Canaletto a Rubens, de Ticiano a El Greco.
Herdou o gosto pela arte ao herdar a coleção Thyssen-Bornemisza, classificada pelos especialistas como a maior e mais completo acervo particular do mundo.
PRECONCEITO – A formidável coleção Thyssen-Bornemisza remonta a três gerações da família. O seu pai comprou as primeiras pinturas, além de uma série de esculturas de Rodin, de quem era amigo pessoal. Heinrich herdou o gosto pela arte e ao longo da vida amealhou uma grande coleção de mestres da pintura até o século XVIII.
Heinrich comprava os quadros para estudá-los e mantinha poucos na parede. “Certo dia, em 1928, Heinrich falou ao seu filho Hans: Se esse louco do Hitler for eleito, a Holanda não será poupada, então vamos para a Suíça”.
A família se estabeleceu em Villa Favorita, em Lugano, na Suíça e instalou ali os 200 quadros mais representativos da coleção na década de 30. O velho barão, porém, nutria um grande preconceito contra a arte moderna. “Esse não vale a pena tocar”, dizia ao filho Hans, ao se referir a uma tela de Picasso. Anos mais tarde o quadro Homem com Clarinete, da fase cubista do pintor, era uma das joias da pinacoteca de Thyssen.
Quando Heinrich morreu, em junho de 1947, o barão Hans Thyssen, então com 25 anos, não possuía o menor interesse por arte. Os 450 quadros da coleção foram divididos por quatro irmãos e Hans iniciou o novo acervo comprando as obras em poder da família.
Como não tinha intimidade com artes plásticas, seguiu a trilha de Heinrich e começou a comprar quadros antigos.
(Fonte: Veja, 2 de novembro de 1988 – ANO 21 – N° 44 – Edição 1052 – ARTE – Pág; 132/134)