Helio Jaguaribe, imortal, membro da ABL também era jurista, sociólogo e cientista político, e deixa contribuição para a interpretação do processo histórico brasileiro
Intelectual foi um dos expoentes do pensamento desenvolvimentista no século 20
“O homem é uma busca individual de sentido no âmbito de um cosmos destituído de qualquer sentido”, dizia Helio Jaguaribe de Mattos, sociólogo e cientista político, intelectual foi um dos expoentes do pensamento desenvolvimentista no século 20
Jaguaribe foi o pensador de um Brasil que acreditava no futuro
Hélio Jaguaribe Gomes de Mattos (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1923 – Copacabana, no Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2018), acadêmico, jurista, sociólogo e escritor, expoente da escola desenvolvimentista, intelectual era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Eleito em 3 de março de 2005, o intelectual sucedeu o economista Celso Furtado.
Sociólogo observou o Brasil a partir de uma ótica que mesclava a importância da identidade nacional com o desenvolvimento econômico, acadêmico, jurista, sociólogo e escritor Helio Jaguaribe, era integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Crítico do golpe militar de 1964, Jaguaribe destacou-se como cientista político e social e foi eleito em 3 de março de 2005 para ser o nono ocupante da cadeira nº 11 da ABL, sucedendo Celso Furtado.
Dono de vasta obra no campo dos estudos sociológicos e internacionais, intelectual foi um dos últimos grandes intérpretes do País. Estudou o Brasil para transformá-lo, mediante uma abordagem desenvolvimentista, com a fundação do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), nos anos 1950.
Jaguaribe assina títulos como “A Dependência Político-Econômica da América Latina”; “Brasil: Alternativas e Saídas” e “Um Estudo Crítico da História”, obra que chama-se de “divisor de águas da interpretação do processo histórico publicado em nosso país”.
Trajetória
Helio Jaguaribe de Mattos nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1923, diplomando-se em Direito, em 1946, pela PUC-Rio.
Em 1952, iniciou, com um grupo de jovens cientistas sociais, um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp), do qual foi secretário-geral e diretor da revista do Instituto, “Cadernos de nosso tempo”, de relevante influência no Brasil e na América Latina.
Em 1956, promoveu a constituição do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), uma instituição de altos estudos, do Ministério da Educação e Cultura, no campo das Ciências Sociais, do qual foi designado chefe do Departamento de Ciência Política.
Ele pediu exoneração de ambas as funções em 1959, por discordância com mudanças na orientação dos institutos. Passou, então, alguns anos colaborando, sem vínculos permanentes, com diversas instituições acadêmicas, no Brasil e no exterior.
Em 1964, depois de pública condenação do golpe militar, afastou-se do país e foi lecionar nos Estados Unidos. De 1964 a 1966, ele trabalhou na Universidade de Harvard; de 1966 a 1967, na Universidade de Stanford; e de 1968 a 1969, no MIT – Massachusetts Institute of Tecnology.
Em 1964, condenou o golpe militar e deixou o país para viver nos Estados Unidos. No período fora, lecionou nas universidades americanas Harvard (entre 64 e 65), Stanford (de 66 a 67) e MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts (até 69).
De volta ao país, ele ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes. Se tornou Decano no Instituto de Estudos Políticos e Sociais, cargo que exerceu até 2003. Foi agraciado com diversas honrarias em universidades brasileiras e estrangeiras. Em 1996, recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, e, em 1999, a Ordem do Mérito Cultural conferida pelo Ministério da Cultura.
Retornando ao Brasil em 1969, Jaguaribe ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes onde, por alguns anos, foi diretor de Assuntos Internacionais. Com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais, em 1979, foi designado decano, função que exerceu até 2003.
Naquela data, completando 80 anos, propôs sua substituição por alguém mais jovem, o professor Francisco Weffort, ex-Ministro da Cultura do Governo Fernando Henrique Cardoso, que foi escolhido para o cargo. Para Jaguaribe foi conferido o título de decano emérito e, nessa função, continuou suas pesquisas.
Por sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos latino-americanos e à análise das Relações Internacionais, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, RFA (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992) e da Universidade de Buenos Aires (em 2001).
Em 1996, foi agraciado, por sua contribuição às Ciências Sociais, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1999, o Ministério da Cultura conferiu, por sua contribuição ao desenvolvimento cultural do país, a Ordem do Mérito Cultural.
Em agosto de 2018, a cineasta e filha do sociólogo Izabel Jaguaribe lançou um documentário sobre a vida do pai. Batizado de Tudo É Irrelevante, o longa conta com narração de Fernanda Montenegro e entrevistas com especialistas e amigos de Jaguaribe para analisar os pensamentos do acadêmico.
Helio Jaguaribe morreu em 9 de setembro, aos 95 anos em sua residência, em Copacabana, no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos.
A bandeira da ABL foi hasteada a meio mastro nesta manhã em homenagem a Jaguaribe, por orientação do presidente da academia, Marco Lucchesi. “Jaguaribe foi um dos últimos grandes intérpretes de nosso País. Estudou o Brasil para transformá-lo, mediante uma abordagem desenvolvimentista, com a fundação do Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), nos anos cinquenta”.
(Fonte: https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura – NOTÍCIAS / LITERATURA / Por O Estado de S. Paulo – 10 Setembro 2018)
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/09/10 – RIO DE JANEIRO / NOTÍCIA / Por Carlos Brito, G1 Rio –