Hélio Matheus, compositor, cantor e violonista

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Compositor de ‘Camisa 10’, gravado por Elis Regina

Capa do LP de Helio Matheus, de 1975 - (Foto: Reprodução)

Capa do LP de Helio Matheus, de 1975 – (Foto: Reprodução)

 

Hélio Matheus (Rio de Janeiro, 5 de julho de 1940 – Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2017), compositor, cantor e violonista

Pelo nome do compositor, o Brasil talvez já nem se lembre da obra autoral de Helio Matheus, mas quem viveu nos anos 1970 certamente cantou alguma música deste cantor e compositor carioca e provavelmente essa música foi Camisa 10, parceria de Matheus com Luis Vagner lançada com grande sucesso popular em 1973 na voz do cantor paulista Luiz Américo.

Contudo, após ter tocado em boates no início dos anos 1960, Helio Matheus compôs outras músicas que ganharam vozes como as de Elis Regina (1945 – 1982), Vanusa e Wanderléa. Em 1970, Elis incluiu no repertório do álbum …Em pleno verão a música Comunicação, parceria de Matheus com Edson Alencar que havia sido lançada no ano anterior, em disco e em festival, pela cantora Vanusa. Em 1973, ano em que o Brasil vestiu Camisa 10, Wanderléa gravou o samba-rock Kriola e o cantor Antonio Marcos (1945 – 1992) lançou Ninguém vai chorar por mim, músicas compostas por Helio Matheus sem parceiros.
Na própria voz, Matheus lançou em 1977 a composição Boi da cara branca, em gravação editada em compacto e incluída na trilha sonora da novela O Astro (TV Globo, 1977). Protagonista dessa novela, o ator Francisco Cuoco, aliás, gravou músicas compostas e/ou adaptadas por Matheus quando fez o papel de cantor em meados da década de 1970. Helio Matheus teve músicas gravadas nos anos 1980 (pelo cantor Jair Rodrigues e pelo grupo infantil A Patotinha, entre outros nomes) e nos anos 1990 (por Sérgio Reis), mas viveu mesmo o auge artístico ao longo da década de 1970, no embalo da terceira colocação obtida por Comunicação em festival de 1969. Nessa época, o compositor se comunicou com o Brasil.

Figura importante (ainda que pouco badalada) da MPB dos anos 70, o compositor, violonista e cantor teve na música “Só tomava chá/ Quase que forçado vou tomar café/ Ligo o aparelho vejo o Rei Pelé/ Vamos então repetir o gol!”. “Comunicação”, cantada por Vanusa no Festival da Record de 1969, foi um dos maiores sucessos de Helio Matheus.

Nascido no Rio de Janeiro, em julho de 1940, Helio ganhou um violão do pai aos 12 anos. Após trabalhar em usinas de açúcar ou como balconista em lojas de discos, passou a se apresentar em boites do Rio de Janeiro (como Plaza) e São Paulo, cidade onde morava na mesma pensão que Tom Zé.

Lançou seu primeiro compacto em 1968, mas a consagração viria apenas no ano seguinte, com “Comunicação”, feita em parceria com Édson Alencar (e que, em 1970, seria gravada também por Elis Regina, no LP “Em Pleno Verão”, e Dóris Monteiro). Era o que faltava para que o compositor ganhasse a atenção de destacados cantores da época.

Em 1974, emplacou dois grandes sucessos nas paradas nacionais: o samba de breque “Camisa Dez” (“É camisa dez da seleção/ laiá, laiá, laiá…”), na voz de Luiz Américo, e a romântica “Meu segredo”, cantada por Antonio Marcos.

Da patota de Hyldon, Tim Maia e Luíz Vagner, entre outros expoentes do sambalanço e do soul brasileiro, Helio foi contratado pela RCA Victor, gravadora em que lançou seu primeiro LP, “Matheus segundo Matheus” (1975).

Com arranjos de Oberdan “Black Rio” Magalhães, Zé Rodrix e Chiquinho de Moraes, além da participação do Azymuth como banda de apoio (era um total de 128 músicos!), o antológico disco trazia pérolas do samba-rock e samba-jazz como “Marraio”, “Miss Kriola” e “Briguenta”. Paredes de metais swingantes e um baixo que batia forte como um sino de catedral davam o tom.

Helio chegou a emplacar uma música na trilha sonora da novela “O Astro” (1977). Era “Boi da cara branca”, inspirada no filho Marcelo e interpretada pelo próprio compositor que, a esta altura, passara ao elenco da Som Livre. Era a garantia de apresentações no horário nobre do Globo de Ouro, no momento de maior fama do músico.

Vieram, porém, a separação de Jane, sua primeira mulher, e outros problemas pessoais. No início da década de 80, Helio rompeu com João Araújo (fundador da Som Livre) e trocou Copacabana por São Paulo, onde foi trabalhar na Sicam, sociedade arrecadadora de direitos autorais. Ainda teve músicas gravadas por artistas como Sérgio Reis e Jair Rodrigues, mas os dias de sucesso já haviam passado.

Casou-se novamente (agora com Tania) e viu nascerem mais duas filhas (Heliana e Luciana), mas o alcoolismo o afastou da família. Nos últimos anos, Helio morou em três albergues públicos de São Paulo, onde tinha sem-tetos como companheiros. Com problemas de locomoção por causa de dois AVCs, aceitou relutante uma transferência para o Retiro dos Artistas.

Joia esquecida e fora de catálogo, o LP “Matheus segundo Matheus” hoje tem aura de cult, alcançando cotações em torno de R$ 3 mil nos sites de vendas.

Hélio Matheus morreu nesta sexta-feira no Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Ele estava internado há duas semanas em decorrência de uma pneumonia e três AVCs. Longe da mídia, o músico morava desde o mês passado no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá.

(Fonte: http://g1.globo.com/musica – MÚSICA/ POR  Mauro Ferreira – 10/02/2017)

(Fonte: Zero Hora – ANO 53 – N° 18.700 – 14  de fevereiro de 2017 – TRIBUTO/ Por Bruna Ayres – Pág: 28)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica  – CULTURA – MÚSICA/ POR JASON VOGEL – 10/02/2017)

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