Henri Ey, uma ponte entre a psiquiatria e a psicanálise
Da Psiquiatria à Psicanálise: o pioneirismo de Henri Ey (Crédito da fotografia: Cortesia © AgregA/ DIVULGAÇÃO/ REPRODUÇÃO/ DIREITOS RESERVADOS)
“O uso de neurolépticos nunca permite, portanto, deixar de lado a relação psicoterapêutica, que deve acompanhar toda terapia biológica em psiquiatria”.
-Henri Ey-
Henri Ey (Banyuls-dels-Aspres, em 10 de agosto de 1900 – 6 de novembro de 1977), professor de psiquiatria, foi a figura dominante da psiquiatria francesa por 40 anos.
Ele veio de uma geração excepcional e formou-se ao mesmo tempo que Pierre Male, Jacques Lacan e Sacha Nacht (1901-1977), que juntos lideraram a psicanálise na França.
O próprio Ey, porém, não era analista, mas tentou integrar a psicanálise à psiquiatria geral. Nisso ele foi muito influenciado por Hughlings Jackson (1835-1911).
O livro que escreveu em 1938 com Julien Rouart, que foi ampliado e republicado em 1975 como Des Idées de Jackson à un Modèle Organodynamique expressava as opiniões que dominaram sua vida.
Ele achava que a psiquiatria não poderia deixar de olhar para a articulação dos diversos níveis da vida psíquica e sua desorganização.
Muito da teoria de Henri Ey busca estabelecer uma conexão direta entre a psiquiatria e a psicanálise. Ele não era um revisionista dos conceitos de Sigmund Freud, mas os enxergava como incompletos. Seu trabalho buscava ampliar as perspectivas tanto da psicanálise quanto da psiquiatria.
Da Psiquiatria à Psicanálise: o pioneirismo de Henri Ey
O psiquiatra francês Henri Ey Banyuls-dels-Aspres dedicou sua vida ao aprimoramento da psiquiatria e ficou conhecido por tirar esta disciplina de sua organização estática. Defendia que a ordem hierárquica das funções psíquicas prevaleciam sobre a organização do cérebro. Foi a partir deste postulado que ele fundou a psiquiatria dinâmica, aproximando as teorias de Freud e Bleuler e incorporando a leitura de Hughlings Jackson para o campo da psiquiatria francesa. A perspectiva de Ey ficou conhecida como a abordagem organo-dinâmica, e formou toda uma geração de novos psiquiatras franceses.
Henri Ey foi redator chefe da revista Évolution Psychiatrique desde 1945 e, em 1961, participou da fundação da Associação Mundial de Psiquiatria, da qual foi secretário geral por muitos anos. Além disso, foi o médico chefe do Hospital Psiquiátrico de Bonneval (Eure-et-Loir) de 1933 à 1970. Ey foi também o mentor dos famosos colóquios de Bonneval, que organizava reunindo psiquiatras, psicanalistas, neurologistas e filósofos de todas as tendências.
Muito fecundo por seus escritos, Ey escreveu um Tratado de Psiquiatria juntamente com Bernard e Brisset, em 1960, que até hoje é referência em cursos de formação de psiquiatras. Dentre sua vasta obra, se destaca ainda o monumental Tratado das Alucinações, de 1973.
Os primeiros anos da biografia de Henri Ey
Henri Ey nasceu em uma pequena cidade no sul da França chamada Banyuls-dels-Aspres, em 10 de agosto de 1900. Ele passou sua infância e adolescência lá. Ele veio de uma família de viticultores e sempre teve um carinho profundo pela terra onde nasceu. Lá, ele recebeu influências das culturas francesa e espanhola.
Seu interesse pela mente humana se manifestou desde cedo. Uma das memórias mais vívidas de sua infância foi a figura de um homem que todos chamavam de “O Louco”. Isso lhe causou medo e fascínio ao mesmo tempo. Ele viu no personagem um enigma que se propôs a decifrar ao longo da vida.
Ele decidiu estudar medicina e, para isso, mudou-se para Toulouse, obtendo seu diploma médico em 1923. Foi atraído pelos cursos ministrados na Sorbonne e pela vida boêmia do Quartier Latin. Entre idas e vindas, ele também se formou em filosofia.
Prática médica e psiquiátrica
Nos 10 anos seguintes à graduação, Henri Ey atuou como estagiário nos hospitais psiquiátricos La Seine em Paris. Ele também trabalhou nos serviços de Guiraud, Marie e Capgras.
Em 1931, começou a trabalhar no famoso hospital psiquiátrico Sainte-Anne. Lá, foi discípulo do famoso Henri Claude, que era professor de doenças mentais e cerebrais e foi o primeiro a abrir as portas do hospital aos pioneiros da psicanálise na França. Ele nomeou Ey como chefe da clínica.
Lá, Ey também conheceu alguém que definiu como um amigo próximo e, ao mesmo tempo, um antagonista ferrenho: Jacques Lacan. Naquela época, o hospital Sainte-Anne era o foco de grandes debates e o berço de novas práticas clínicas e de pesquisa.
Uma nova abordagem
Henri Ey criou uma nova abordagem para as doenças mentais. Além da tradição psicanalítica, ele também incluiu as teses de Hughlings Jackson em sua perspectiva. Jackson foi uma das figuras mais proeminentes da neurologia. De todo esse mistura, nasceu a “organodinâmica”.
Ey estava convencido de que era necessário unir a psiquiatria e a neurologia. Da mesma forma, a psicanálise deveria ser integrada a esta perspectiva, a fim de obter uma abordagem mais abrangente. Com base em suas descobertas, ele se opôs à antipsiquiatria e às teses de Michel Foucault.
A associação psiquiátrica que ele fundou acabou sendo absorvida por sua contraparte americana, a World Psychiatric Association (WPA). Com isso, perdeu-se seu patrimônio intelectual, que foi substituído por uma abordagem exclusivamente farmacológica.
Henri Ey faleceu em 6 de novembro de 1977, na cidade de Banyuls-dels-Aspres.
(Crédito: https://amenteemaravilhosa.com.br – A Mente É Maravilhosa/ CULTURA/ BIOGRAFIAS/ Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas – 2 agosto, 2021)
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(Crédito: https://www.cambridge.org/core/journals – Universidade de Cambridge/ Publicado online pela Cambridge University Press/ CH. Brisset e FA Jenner – 02 de janeiro de 2018)
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(Crédito: https://redeagrega.wordpress.com/2012/11/08 – PERSONALIDADES – 8 de novembro de 2012)
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