Henrique de Sousa Filho, cartunista mais conhecido como Henfil.

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Henrique de Sousa Filho (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 – Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), cartunista mais conhecido como Henfil.

Com genialidade, Henfil traçou na sua mesa de desenhos personagens que se tornaram populares no período conturbado do regime militar. Figuras como os Fradinhos, o Capitão Zeferino, a Graúna e o Bode Orelana simbolizaram a luta contra o sistema ditatorial, assim como influenciaram a vida dos brasileiros com crítica social e política.

Henfil foi simpatizante dos movimentos de Anistia e mergulhou na luta pela campanha das eleições diretas no país, tanto que criou o bordão “Diretas Já”. Artista singular, Henfil manifestou seu humor em personagens que simbolizavam a camada social baixa e forneciam uma reflexão em relação à condição problemática do Brasil.

Instigado pelo sarcasmo, Henfil driblou diversas vezes a Ditadura com tirinhas que criticavam os valores e práticas repressoras do governo, das situações precárias dos atendimentos hospitalares, da baixa economia financeira, as desigualdades sociais, como a fome, o analfabetismo, o desemprego e os privilegiados do sistema ditatorial. Críticas caracterizadas principalmente nos personagens da Graúna e do Bode Orelana.

Sua estética reformulou os padrões dos desenhos no país, tendo a prática dos traços rápidos, sem precisar acrescentar detalhes, e muito mais direto com textos que expressavam a ironia e o sarcasmo contra os métodos do governo. Membro do Pasquim, Henfil colaborou na seção “cemitérios dos mortos-vivos”, em que publicava desenhos enterrando artistas e figuras públicas dedos-duros dos colegas da área cultural para o regime militar.

Henfil foi um defensor do fim da Ditadura, o modo de governo que reprimiu diversos setores artísticos, censurando ideias que remavam contra a ideologia política vigente. Sua disposição crítica levantou diversas reflexões na população em torno da prática opressora dos militares, porém sempre demonstrando o humor ácido nos temas apontados em relação às políticas públicas.

Henfil deixou um legado genial de crítica aos costumes e o desrespeito dos governantes à sociedade brasileira. Sua importância é destacada pela luta, por meio dos desenhos e crônicas, de uma sociedade que necessitava urgente de mudança social e política. Empenhou-se contra o regime militar, apoiando militâncias sem medo de opressão, assim como sem perder o humor em retratar os problemas do país de modo a fornecer uma reflexão abrangente e nunca caindo na hipocrisia.

As obras de Henfil continuam atuais nas temáticas sociais, assim como elaboram estudos aprofundados sobre o período conturbado na batuta do governo militar. Inteligente e ágil, Henfil concretizou sua arte em desenhos com grande importância para a história nacional, enobrecendo a área e influenciando gerações que careciam de figuras artísticas para denunciar, em extraordinária linguagem artística, o desinteresse de seus governantes para as questões sociais

Em seu frequente tratamento no combate a hemofilia, Henfil contraiu o vírus da AIDS através de transfusão de sangue, falecendo em 1988, aos 43 anos. Nestes 25 anos sem o mestre cartunistas, Henfil faz falta na crítica e questionamento em relação aos diversos problemas sociais e políticos desta geração.

(Fonte: http://livreopiniao.com/2014/02/05 – Os 70 anos do cartunista Henfil – Arte/ Por Jorge Filholini – fevereiro 5, 2014)

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