Henry Kissinger, diplomata norte-americano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, ganhou fama nos anos 1970 por sua forte atuação como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos nos governos dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford

0
Powered by Rock Convert

Henry Kissinger, diplomata norte-americano e ganhador do Nobel da Paz

 

Henry Kissinger fotografado na Alemanha, em setembro de 2015 — (Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch)

Henry Kissinger fotografado na Alemanha, em setembro de 2015 — (Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch)

 

Especialista em geopolítica foi figura central da política externa dos Estados Unidos nos anos 1970.

O secretário de Estado Henry Kissinger em 12 de outubro de 1973 — (Foto: AP Photo, File)

 

Henry Kissinger (nasceu em Furth, Alemanha, em 27 de maio de 1923 – faleceu em 29 de novembro de 2023), diplomata norte-americano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, considerado uma das personalidades mais influentes e polêmicas na política externa dos Estados Unidos a partir da década de 1960.

Kissinger ganhou fama nos anos 1970 por sua forte atuação como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos nos governos dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford.

5 acontecimentos terríveis ligados a Henry Kissinger, um dos maiores criminosos de guerra da história

Atuando como secretário de Estado dos presidentes americanos Richard Nixon e Gerald Ford, ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1973 por negociar a retirada dos EUA do Vietnã, homenagem bastante contestada na época. No mesmo ano, atuou na intervenção diplomática que levou a um cessar-fogo no conflito árabe-israelense.

Apesar disso, Kissinger é apontado como um dos maiores criminosos de guerra do século XX — estima-se que de 3 a 4 milhões de pessoas morreram entre 1969 e 1976 por conta das suas políticas. Relembramos agora cinco acontecimentos terríveis ligados a Henry Kissinger.

1. Golpe militar no Chile

Com a missão de isolar a então União Soviética, o ex-secretário de Estado dos EUA defendeu a derrubada de governos com tendência à esquerda em diferentes países. Um deles foi o Chile, onde o golpe de Estado apoiado pela Agência Central de Inteligência (CIA) resultou na queda do presidente eleito, o socialista Salvador Allende.

Durante a ditadura que se instaurou depois disso, liderada pelo general Augusto Pinochet, mais de 3 mil pessoas foram mortas, enquanto 38 mil pessoas foram presas e torturadas.

2. Ditadura na Argentina

Kissinger também encorajou o golpe militar na Argentina. Documentos secretos revelados em 2016 mostraram que o diplomata tinha uma relação próxima com o ditador Jorge Videla, cujo governo foi marcado pela forte repressão política, perseguição a opositores, violação de direitos e censura.

Ele teria agido para evitar o fim da repressão praticada por Videla, elogiando os métodos que resultaram em milhares de pessoas mortas, sequestradas e torturadas.

3. Genocídio em Bangladesh

Outro acontecimento trágico que contou com o envolvimento do político falecido foi o genocídio ocorrido em 1971 durante a guerra de independência do Paquistão Oriental, que viria a se tornar Bangladesh. Sob a orientação de Kissinger, o governo americano deu cobertura diplomática aos assassinatos em massa cometidos pelo Paquistão Ocidental.

A ofensiva militar resultou em pelo menos 300 mil mortes, além de ter registrado de 200 mil a 400 mil estupros de mulheres em Bangladesh.

4. Invasão do Timor-Leste

Também partiu de Kissinger o sinal verde para que a Indonésia invadisse o Timor-Leste em 1975. Em um telegrama enviado ao então presidente indonésio, Suharto, o diplomata escreveu: “é importante que tudo o que você fizer seja bem-sucedido rapidamente”, comentando a operação militar.

Aliados de Washington durante a Guerra Fria, os indonésios ocuparam o Timor-Leste ilegalmente durante quase 25 anos, período em que aproximadamente 200 mil timorenses foram mortos.

5. Bombardeios em Laos e Camboja

Enquanto agia para finalizar o desastroso conflito contra o Vietnã, o governo Nixon ordenou, de maneira sigilosa, o bombardeio de áreas importantes nos países vizinhos Laos e Camboja. O objetivo da ação aconselhada por Kissinger era cortar as fontes de abastecimento da capital vietnamita, Hanói.

No ataque, que supostamente ocorreria em regiões desabitadas, áreas povoadas foram atingidas, matando centenas de milhares de cambojanos que não tinham qualquer relação com os conflitos. No total, a Guerra do Vietnã teve mais de 3 milhões de mortos, sendo 2 milhões de civis e 1,1 milhão de combatentes.

Juventude e estudos em Harvard

Heinz Alfred Kissinger nasceu em Furth, Alemanha, em 27 de maio de 1923, e se mudou para os Estados Unidos com sua família em 1938, antes da campanha nazista para exterminar os judeus europeus. Mudando seu nome para Henry, o diplomata se tornou cidadão norte-americano naturalizado em 1943 e serviu no Exército na Europa na Segunda Guerra Mundial.

Kissinger conseguiu uma bolsa de estudos para estudar na Universidade de Harvard, onde se formou e obteve um mestrado em 1952 e um doutorado em 1954. Logo em seguida, se tornou professor na instituição de ensino, onde integrou o corpo docente por 17 anos.

Durante grande parte desse tempo, Kissinger serviu como consultor para agências governamentais, inclusive em 1967, quando atuou como intermediário para o Departamento de Estado no Vietnã.

Carreira diplomática

Kissinger se impôs como a face da diplomacia mundial quando o republicano Richard Nixon chamou-o para a Casa Branca em 1969 para ser conselheiro de Segurança Nacional, e depois secretário de Estado – ambos os cargos entre 1973 e 1975.

O papel central do norte-americano nas política externas dos EUA o fez manter o cargo no governo durante o governo de Geral Ford, e Kissinger atuou como chefe da diplomacia até 1977.

Durante sua carreira diplomática, Kissinger contribuiu para os esforços que levaram à abertura diplomática da China, além de ter participado das negociações históricas sobre o controle de armas entre os EUA e a União Soviética.

Ele também contribuiu para a expansão dos laços entre Israel e os seus vizinhos árabes e para os Acordos de Paz de Paris com o Vietnã do Norte.

Figura controversa

O norte-americano era um praticante da realpolitik, um tipo de diplomacia que foca em alcançar objetivos práticos em vez de promover ideais. A abordagem é criticada por ser considerada muitas vezes coercitiva e imoral.

No caso de Kissinger, apoiadores dizem que suas ações pragmáticas serviam aos interesses dos EUA. Já os críticos viam uma abordagem maquiavélica que ia contra os ideais democráticos.

Influência na América Latina

Kissinger foi muito criticado por seu apoio às ditaduras anticomunistas, especialmente na América Latina. Na década de 1970, o norte-americano conspirou com a CIA para desestabilizar e encorajar os golpes militares no Chile e na Argentina.

Apontado como criminoso de guerra em alguns países (dentro e fora da América Latina), em seus últimos anos, as suas viagens foram limitadas pelos esforços de outras nações para prendê-lo ou questioná-lo sobre a política externa dos EUA no passado.

Apoio ao programa nuclear do Brasil

Na década de 1970, Kissinger contrariou figuras relevantes do Congresso, do Departamento de Estado e da Agência de Controle de Armas e Desarmamento dos EUA ao apoiar o programa nuclear do Brasil.

Ele argumentou que o país era um dos pilares da política norte-americana na América Latina e que apoiar o governo brasileiro era importante para manter a aliança entre as nações. Além disso, Kissinger apontou para os interesses econômicos de empresas dos EUA em explorar a indústria nuclear no Brasil.

Polêmica no Prêmio Nobel

Em 1973, Henry Kissinger e o vietnamita Le Duc Tho venceram o Prêmio Nobel da Paz. A cerimônia foi marcada por uma série de polêmicas, sendo considerada um fiasco.

A indicação do Nobel veio após Kissinger e Tho terem negociado conjuntamente um cessar-fogo no Vietnã, em 1973. O trabalho dos dois resultou na retirada das tropas americanas do país naquele ano.

No entanto, as figuras de Kissinger e de Tho, àquela época, eram controversas, já que os dois eram vistos como líderes do conflito. O norte-americano, por exemplo, era acusado de ordenar bombardeios para pressionar pelas negociações.

A indicação dos dois ao Prêmio Nobel da Paz gerou uma série de críticas. Um editorial do jornal “The New York Times” chegou a classificar a o caso como “Prêmio Nobel da Guerra”.

Toda a polêmica fez com que Tho recusasse o prêmio. Já Kissinger não quis viajar para a cerimônia, com medo de ser alvo de protestos. Além disso, dois membros do comitê responsável pelas indicações acabaram renunciando.

Kissinger apoiou ditaduras e trabalhou para transformar Brasil em aliado dos EUA na Guerra Fria

 

Henry Kissinger em foto feita em janeiro de 2012, na China — Foto: REUTERS/David Gray

Henry Kissinger em foto feita em janeiro de 2012, na China — Foto: REUTERS/David Gray

Em documento da década de 1970 enviado a Kissinger, governo norte-americano revelou que Geisel autorizou a execução de opositores enquanto era presidente do Brasil.

O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, apoiou ditaduras em países da América do Sul e trabalhou para transformar o Brasil em um aliado na Guerra Fria, durante a década de 1970.

O livro “Kissinger e o Brasil”, do professor Matias Spektor, expõe que o secretário norte-americano criou canais secretos de comunicação com o governo brasileiro.

Os canais foram responsáveis por formalizar uma política de consultas oficiais entre o governo do Brasil e dos Estados Unidos, para evitar conflitos, segundo o pesquisador.

Um memorando de 1974 elaborado pelo então diretor da CIA e enviado a Kissinger, por exemplo, revelou que o general Ernesto Geisel autorizou a execução de opositores enquanto era presidente.

O documento foi tornado público pelo governo norte-americano em 2018. O memorando cita ainda que os militares afirmaram que o Brasil não poderia ignorar a “ameaça terrorista e subversiva”, e que os métodos “extralegais deveriam continuar a ser empregados contra subversivos perigosos”.

As execuções, de acordo com o documento, deveriam ser aprovadas pelo general João Baptista Figueiredo, que acabou sucedendo Geisel na presidência.

Já em fevereiro de 1976, em um encontro entre Kissinger, Geisel e outras autoridades brasileiras, no Palácio no Planalto, o presidente brasileiro disse que processo de redemocratização não poderia ser feito de forma rápida.

Kissinger, então, respondeu: “Vocês não sofrerão pressão dos Estados Unidos”.

Influência

O norte-americano era um praticante da “realpolitik”, um tipo de diplomacia que foca em alcançar objetivos práticos em vez de promover ideais. A abordagem é criticada por ser considerada muitas vezes coercitiva e imoral.

No caso de Kissinger, apoiadores dizem que suas ações pragmáticas serviam aos interesses dos EUA. Já os críticos viam uma abordagem maquiavélica que ia contra os ideais democráticos.

No Chile, por exemplo, Kissinger e o então presidente Richard Nixon atuaram diretamente na ascenção do ditador Augusto Pinochet.

Comentários registrados em fitas magnéticas, revelados em 2013, mostram que Nixon queria a queda do então presidente Salvador Allende. Os Estados Unidos, então, auxiliaram militares chilienos para criar instabilidades no país.

Em 1973, após a queda de Allende, Kissinger disse que por mais desagradáveis que fossem os atos de Pinochet, o governo dele era melhor do que o do presidente anterior.

A ditadura de Pinochet, que acabou em 1990, deixou mais de 3 mil mortos e foi responsável pela prisão e tortura de 38 mil pessoas.

Já na Argentina, documentos revelados pelos Estados Unidos em 2002 indicam que Kissinger aprovava repressões a opositores. “Se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las rapidamente”, disse ele a um ministro do governo argentino, em 1976.

Apoio ao programa nuclear do Brasil

Na década de 1970, Kissinger contrariou figuras relevantes do Congresso, do Departamento de Estado e da Agência de Controle de Armas e Desarmamento dos EUA ao apoiar o programa nuclear do Brasil.

Ele argumentou que o país era um dos pilares da política norte-americana na América Latina e que apoiar o governo brasileiro era importante para manter a aliança entre as nações.

Além disso, Kissinger apontou para os interesses econômicos de empresas dos EUA em explorar a indústria nuclear no Brasil.

Henry Kissinger faleceu na quarta-feira (29) aos 100 anos, segundo a Kissinger Associates Inc.

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/11/29 – MUNDO/ NOTÍCIA/ Por Giuliana Viggiano, Wesley Bischoff – 29/11/2023)

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/11/30 – MUNDO/ NOTÍCIA/ Por Giuliana Viggiano, Wesley Bischoff, g1 — São Paulo – 30/11/2023)

(Créditos autorais: https://www.terra.com.br/byte/ciencia – BYTE/ CIÊNCIA/ 5 acontecimentos terríveis ligados a Henry Kissinger, um dos maiores criminosos de guerra da história/ Por: André Luiz Dias Gonçalves – Mega Curioso – 30 nov 2023)

Powered by Rock Convert
Share.