Herb Ritts (13 de agosto de 1952 – Los Angeles, 26 de dezembro de 2002), fotógrafo de moda norte-americano que eternizou ícones da cultura de massa através de uma busca estética pelo corpo perfeito.
Trabalhou para as revistas Vanity Fair, Vogue, Rolling Stone e fez uma série de calendários célebres para a companhia Pirelli.
O californiano Ritts fotografou para Vanity Fair, Vogue, Rolling Stone e outras revistas, além de ser autor de diversos livros nos quais, invariavelmente, fez a elegia do corpo exuberante, perfeito, como Pictures, Men/Women (1989), Duo (1991), Notorious e Africa (1994).
Também ficou conhecido por seus trabalhos para capas de discos, anúncios, videoclipes – filmou para Chris Isaak e Janet Jackson – e comerciais. Teve, entre seus clientes, marcas como Donna Karan, Calvin Klein, GAP e Giorgio Armani.
Uma de suas fotos mais famosas é Stephanie, Cindy, Christy, Tatjana, Naomi (1989), na qual mostra um grupo de top models abraçadas como bichinhos de estimação no canto de uma sala, agachadas, indefesas. Fotografou Madonna com um chapeuzinho de orelhas do Mickey. Celebrou o torso do jogador de basquete Dennis Rodman em pose de estátua grega. Eternizou Jack Nicholson com sua risada demoníaca de O Curinga.
A carreira de Ritts confunde-se com a ascensão e queda da era yuppie, para a qual ajudou a erigir alguns símbolos – um deles, sintomaticamente, foi um trabalho pioneiro que fez com o ator Richard Gere, o galã de uma geração, numa garagem antiga, em 1978. O artista debruçou-se sobre o hipervisto, as figuras mais conhecidas da mídia, ícones de uma época de superexposição.
Como a esteta do nazismo Leni Riefenstahl, ideóloga do físico ariano, Ritts também tentou buscar a perfeição do corpo humano no lendário continente negro, registrando uma série de instantâneos das mulheres Maasai, do Leste da África. Poucos famosos escaparam das lentes de Ritts. Do coreógrafo Bill T. Jones ao dalai-lama do Tibete; dos olhos de pedra de Liz Taylor aos sorriso de sulcos de Mick Jagger; do diretor John Huston ao coreógrafo Merce Cunningham. Seu trabalho é um produto valorizado: na internet, um pôster da foto Torso de Paul é vendido por US$ 114.
Herb Ritts nunca teve a radicalidade de um Mapplethorpe, por exemplo, nem era esse seu objetivo. Tinha uma perspectiva mais comercial, mas deixou bons esforços de divulgação massiva de uma arte do glamour. Também se arriscou na popularização de uma sensualidade homossexual, coisa que fez com mais explicitude no livro Duo (1991), uma seqüência de estudos de um casal gay – um deles um ex-Mister Universo.
Segundo assinalou a crítica Ingrid Sischy, em texto de catálogo para uma exposição de Ritts, para fazer fotos de celebridades como o artista fazia era necessário que o sujeito fosse um diplomata, um psicólogo, alguém muito convincente. “Por causa de ter um pouco de cada uma dessas coisas, tanto quanto por todos os aspectos técnicos, Ritts pôde perpetrar esses milagres – fotografias que se tornaram ícones.”
Foi um dos escolhidos para clicar os famosos Calendários Pirelli, coisa que foi reservada a poucos, gente como Richard Avedon e Bruce Webber. O trabalho de 1999, que chamaram de “O Calendário do Milênio”, feito por Ritts, foi um dos mais badalados dos últimos tempos. A Fundação Cartier, de Paris, organizou em 1999 a primeira grande retrospectiva de sua obra na França, mostrando sua famosa Liz Taylor careca (1997), além de outras figuras famosas, como Gorbachev e Boris Becker.
Quando foi ao mundo da imagem em movimento, Ritts também se deu bem. Ele foi o diretor do videoclipe da canção Baby Did a Bad Bad Thing, de Chris Isaak, que faz parte da trilha sonora de De Olhos bem Fechados (Eyes Wide Shut), de Stanley Kubrick. Também fez clipes como Cherish, de Madonna, e Never Do without You, de Janet Jackson.
Em agosto de 2002, Ritts trabalhou com as três tops brasileiras mais conhecidas no mercado internacional, Gisele Bündchen, Adriana Lima e Isabeli Fontana. Fotografou o trio no deserto de Mojave para campanha da grife Victorias Secret.
Um de seus últimos trabalhos foi uma foto do ator Ben Affleck, o namorado de Jennifer Lopez, para uma capa da Vanity Fair.
Herb Ritts faleceu em 26 de dezembro de 2002, aos 50 anos, de pneumonia, em Los Angeles.
(Fonte: Veja, 8 de janeiro de 2003 – Ano 36 – Nº 1 – Edição 1784 – DATAS – Pág: 87)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20021228p7726 – CADERNO 2 – VARIEDADES – 28 de Dezembro de 2002)